Capítulo 2

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Fizemos o caminho em silêncio. Não posso dizer que foi desconfortável, por mais que eu quisesse saber mais dele, sabe, só por precaução. Tivemos a sorte de não encontrar caminhantes em bando, só um ou outro perdido sozinho, que Jax dava conta com facilidade.

Eu as vezes olhava pra ele, talvez eu achasse que o observando eu conseguiria entender porque está me ajudando, mas assim que ele me olhava de volta, eu desviava.

A dor no meu pé tornou-se insuportável, me fazendo parar no meio da trilha. Jax virou-se me olhou confuso.

- Você está bem? - perguntou - Temos que fazer isso, nos abrigar. Vamos.

Eu aceno para ele.

- Eu não consigo fazer isso - digo praticamente prostrada - Continue, eu vou ficar aqui.

Eu não ligava em ficar aqui. Nunca a palavra esgotada fez tanto sentido pra mim. Esgotada por dentro e por fora.

Ele caminha pra mim. O braço dele veio ao meu redor, por trás da mochila, circundando minha cintura e me segurando com firmeza contra ele.

- Assim é melhor - ele fala próximo ao meu rosto, seus olhos azuis muito vivos, tão azuis que pareciam duas esferas brilhantes.

- Obrigado - digo sem jeito, meu corpo estava tenso pelo seu toque, mas eu estava agradecida por ele praticamente estar me carregando.

- Fala sério - ele diz e mesmo sem olhar eu posso ver o sorriso na voz dele - Você tá olhando o caminho inteiro pra mim como se eu fosse um psicopata.

- Eu não confio em ninguém. Não em um mundo onde um mata o outro por uma lata de ervilha - minha voz sai estranha por estar pulando num pé só. Ele ri.

- É, você tem razão - fala num tom baixo - Mas eu sou um dos caras bons que restaram.

Por que infernos ele tinha que parecer tão confiável? Ou era eu que já tinha perdido tanto, que qualquer ajuda me fez baixar a guarda? Depois de mais alguns minutos, chegamos em uma área residencial, e ele soltou minha cintura.

- Fiquei perto de mim e avise se vir alguma coisa - ele avisa com a crossbow nas mãos - Vamos o mais rápido que puder, é aquela casa ali - ele aponta para uma casa verde clara logo no começo da rua.

Fui pulando em um pé só, me apoiando na madeira. A dor no meu tornozelo era tanta que eu tinha vontade de vomitar. Havia alguns mortos vivos, mas Jax os acertava a distância, impedindo de chegar perto de nos.

A cada zumbi que eu via, eu pensava ser Jasper. Senti minha garganta se fechar com as lágrimas que começavam a se formar. Odiava me sentir assim fraca. Fui o mais rápido que puder em direção a casa, ficando longe de Jax.

Vi ele chutar um zumbi e enfiar a faca na cabeça de outro. Quando o do chão se levantou, ele o derrubou novamente, esmagando seu crânio no chão com as botas. Ele estava um pouco longe, e veio caminhando olhando para mim, quando de repente ele focou seu olhar atrás da minha cabeça e começou a correr na minha direção.

Quando me virei, só tive tempo de ver um deles com os braços esticados para me pegar. Bati nele com a madeira que estava me apoiando, o derrubando no chão. Me desequilibrei e para não cair, firmei meu pé torcido no chão.

Uma dor lancinante subiu do meu pé até o quadril. Gritei de dor e cai no chão, segurando meu tornozelo. Jax chegou e enfiou a faca no cérebro do zumbi.

- Eu falei para ficar perto! Consegue ficar de pé? - ele pergunta agachado ao meu lado, com a besta nas costas.

- Sim - menti, tentando ficar de pé me apoiando em meu pé bom. Fracassei sentei no chão de novo, olhando para todos os lugares.

Depois do Fim | Negan | LIVRO UMOnde histórias criam vida. Descubra agora