Capítulo 26

9.1K 646 415
                                    

Dirigimos por algumas horas. Conversamos o tempo todo, Bellamy era bom em não deixar o assunto morrer. Falamos sobre o que fazíamos antes de tudo isso acontecer, já que a vida agora era menos interessante de se comentar. Eu sentia falta disso. Uma conversa normal.

Bellamy entra em uma estrada, que só alguém que conhecesse o lugar perceberia que havia ali, principalmente no escuro.

- Tem um posto aqui perto. Eles sempre estão limpando o lugar de caminhantes. Eu mandei avisar que viria, para não pensarem que eu era alguém de fora e acabar levando um tiro - ele avisa quando para o carro em frente a uma cabana. Só mesmo com o fim do mundo para descobrir que essas cabanas também existem fora dos filmes.

Bellamy deixou o farol do carro iluminando a frente da casa, enquanto olhava em volta para garantir que não havia nenhum caminhante.

Era uma casa velha, tinha tábuas pregadas nas janelas pelo lado de fora, apernas com uma pequena fresta para vigiar, e a porta não estava arrebentada como a maioria das outras. Bellamy passou a mão por cima do batente da porta e pegou uma chave. Eles realmente cuidavam desse lugar.

Quando a porta se abriu, o cheiro de mofo foi como um soco no nariz. Bellamy apontou a lanterna para dentro. Onde devia ser a sala da casa, tinha uma cama com um colchão velho e um travesseiro em cima e o que parecia ser uma manta embolada. Uma poltrona rasgada e suja ficava no canto oposto a cama. Alguém deve ter passado a noite aqui recentemente.

- A gente fica aqui hoje, e amanhã sai cedo. Da umas quatro horas de carro, acho que voltamos ao Santuário amanhã à noite - ele avisa e eu jogo a mochila em cima da poltrona - A única vantagem é que não vamos precisar vigiar durante a noite.

- Vou lá desligar o farol - ele me entrega a lanterna antes de sair. Iluminei o colchão, e a ideia de deitar a cabeça no travesseiro que estava em cima fazia o chão parecer mais limpo. Quando ele volta, eu aponto a lanterna para ele e vejo sua camisa suja de sangue.

- Você se machucou?

- Só um caminhante - ele tranca a porta. Eu me sento na cama, encostando as costas na parede de madeira.

Ele acende duas velas, uma em cada canto do cômodo, e eu desligo a lanterna. Engulo em seco, observando enquanto ele tira a camisa suja e joga no chão. Ele era bonito e tinha um corpo forte, a sua postura era quase intimidadora. Ele caminha e abre sua mochila, seus músculos ondulados e tensos sob cada movimento, e ele tira outra de lá, quando olha para mim.

- O que foi? - ele para, segurando a camisa nas mãos.

- Você é forte - respondo o que meus olhos veem, agradecendo pela pouca iluminação não mostrar como devo estar vermelha de vergonha.

- Falou a garota que derrubou Arat - ele ri, passando a camisa pela cabeça a vestindo.

- Você nunca vai esquecer isso?

- Claro que não. Se você derrubou ela, consegue me derrubar também. Não posso baixar a guarda - ele diz tentando ser sério. Eu reviro os olhos, sabendo que ele está debochando de mim.

- Devia cuidar mesmo - eu concordo, tirando as botas.

- Vem - ele dá dois pulinhos com as mãos levantadas em punho, como se estivesse se preparando para lutar - Tenta me derrubar.

Eu rio, balançando a cabeça.

- Não, obrigado, um roxo na cara já é mais que o suficiente.

- Não vou revidar, só segurar você. Tenta - ele insiste, e mesmo com a pouca luz, eu vejo que ele está rindo.

- O que eu ganho com isso? - eu pergunto, apoiando o rosto nas mãos e olhando para ele - Me deixa dirigir amanhã?

Depois do Fim | Negan | LIVRO UMWhere stories live. Discover now