Depois do Fim | Negan | LIVRO UM

Capítulo 21

Acordei sentindo uma respiração quente em meu rosto. Pisco algumas vezes e assim que consegui focar, vejo Negan ao meu lado. Devo ter me virado durante a noite, porque estou de barriga para cima.

Ele está deitado de lado virado para mim, seu corpo quente contra o meu e o braço pesado sobre a minha cintura. Parte de mim está atordoada, esse não era exatamente o jeito que eu imaginava acordar. Mas isso era muito bom. Parecia certo, mas não era. Lembrei do que ele disse ontem.

Eu não durmo, eu só cochilo, me acostumei com isso.

Ele está dormindo profundamente. Seu corpo está relaxado, seu peito sobe e desce com a respiração uniforme. É impossível ele estar fingindo. Dormindo ele parecia tão sereno, tão pacifico. Será que ele era assim antes do mundo virar uma merda?

Eu podia sentir o cheiro dele, com o seu rosto tão perto do meu. Levei a mão em direção ao seu rosto, mas me contive a tempo de toca-lo. Eu não devia querer toca-lo.

Retirei com cuidado o braço de minha cintura e deslizei pra fora da cama, me sentindo... dolorida. Fiquei em pé ao lado, vendo se ele ia acordar, mas ele não se mexeu.

Vi que ele tinha tirado os travesseiros que estavam no meio da cama ontem, dormindo praticamente grudado em mim. A cama era enorme, tinha espaço de sobra atrás dele. Balancei a cabeça jogando o pensamento milhares de quilômetros longe. 

Talvez esse seja o lado da cama que ele gosta de dormir. Eu não queria criar expectativa ou achar significado para as coisas que ele fazia, porque não havia significado nenhum.

Caminho na ponta dos pés para a porta, encará-lo hoje não era uma ideia que eu abraçaria logo cedo, principalmente depois da noite de ontem.

Antes de fechar a porta do quarto, olhei de novo para ele e um sorrisinho apareceu automaticamente no meu rosto. Mas que diabos. Sai dali rapidamente, sentindo um aperto estranho no peito.

Peguei meu vestido no chão perto do sofá e fiz o melhor para desamassa-lo e vesti-lo com um pouco de dignidade.

Quando me olhei no espelho perto da porta, percebi meu estado. Estava com os cabelos embaraçados, os lábios inchados, meu corpo denunciava o pós-sexo. Era como se estivesse escrito na minha cara. Fora isso, eu estava me sentindo bem. Muito bem. Mais do que deveria.

Abri a porta e sai em direção ao corredor e prendi meu cabelo num coque, rezando para ter a mesma sorte de ontem e não encontrar ninguém no caminho. Desço os primeiros dois andares e quando passo em frente a uma porta aberta. Paro e olho para dentro, e é uma sala cheia de armas. Muitas armas.

— Que merda você está fazendo aqui, garota? — um homem loiro, de cabelos raspados tipo militar segura meu braço.

Tentei pensar em algo que servisse como argumento, mas raciocinar parecia muito difícil quando você é pego no flagra.

— Larga ela, ou o Negan vai saber que você tá machucando uma mulher — ouço uma voz familiar atrás de mim e vejo que é Bellamy.

— Cai fora, Bellamy. Ela estava parada na frente da sala de armas, como vou saber se ela não pegou alguma coisa?

— Eu pareço estar com uma arma? — eu puxo meu braço para longe dele.

— Se ela olhou qualquer coisa foi porque você não estava fazendo seu trabalho direito — Bellamy dispara antes do loiro ter a chance de falar — Das duas formas você se ferra. Agora cala a boca e sai.

O cara olhou com cara feia antes de sair, e Bellamy não desviou o olhar dele até que o homem desapareceu no corredor. Ele voltou sua atenção para mim.