Depois do Fim | Negan | LIVRO UM

Capítulo 46

Negan

Eu nunca pensei que fosse sofrer como quando perdi Lucille, nunca pensei que fosse quebrar de novo. Mas Emma me quebrou da pior maneira.

— Porra! Porra, porra, que porra! — minha voz estava cheia de tanta raiva, tanta angústia como nunca tinha sentido.

Como ela pode fazer isso comigo depois de tudo que nós tivemos? Emma me machucou da pior maneira, porque ela me deu tudo antes de arrancar.

Fiz isso por que te amo.

Não. Eu a amava. Eu cuidava dela, a protegia. Isso é o que quem ama faz. Se ela me amasse, não teria feito isso.

Agora ela estava lá, trancada, porque ela merecia. Por que me enganou. Me deixou louco ao ponto de fazer isso com ela, alguém que eu jurei nunca machucar. A parte mais assustadora era que mesmo depois disso, eu não conseguia pensar matá-la pela traição. Não imaginava minha vida sem ela.

Perdi as contas de quantas vezes a observava de longe, enquanto ela corria pra lá e pra cá pelo Santuário, nunca ficava parada.

Até a atmosfera no Santuário mudou, por causa dela, por causa do que ela fez comigo. Não que eu tivesse amolecido, mas Emma trouxe paz para mim. Eu via como as pessoas eram ao seu redor. Elas estavam sempre sorrindo, rindo, ela tinha esse efeito.

Mas agora tudo isso caiu, como um castelo de areia. Foi ela que ajudou aqueles filhos da puta. Ela quem me traiu.

Eu devia ter desconfiado dessa insistência dela com suas conversas de que todas as comunidades poderiam trabalhar juntas, mas eu não esperava que ela fosse me trair.

Emma era teimosa, mas não era uma má pessoa, ardilosa ao ponto de sorrir para mim enquanto armava pelas minhas costas. Pelo menos foi isso que eu pensei.

Eu me senti mal na noite que aquela mulher disse que foi Emma a informante. Eu a questionei e ela negou, o medo brilhando em seus olhos, me fazendo fica enojado de mim mesmo por fazê-la se sentir assim.

Ela negou e eu acreditei, quem não acreditaria? Aqueles olhos chorosos, aquele corpo pequeno tremendo de medo embaixo do meu... ela me enganou e me cegou. Nunca pensei que fosse ser manipulado, mas Emma conseguiu.

Eu confiava nela como nunca pensei que fosse capaz. Eu a amava, porra, mas não foi o suficiente para ela. Achei que ela fosse um anjo, mas ela era o diabo em um pacote bonito.

Eu nunca a enganei sobre o homem que eu sou. Nunca fingi ou menti que mudaria, mesmo achando que ela merecia alguém melhor.

— Porque você fez isso, Emma? — joguei a garrafa de bebida na parede. O chão estava cheio de objetos quebrados, o vidro quebrado rachando sob minhas botas enquanto eu caminhava pela sala — Porque, porra? Eu não te amei o bastante?

Flashback

Emma estava parada em frente a pia, lavando algumas folhas de alface. Você tem que comer saudável. Não quero ver você doente. Ela sempre dizia isso e me empurrava um monte de salada.

Eu reclamava, mas gostava. Eu me sentia cuidado. Ninguém nunca fez isso, nunca ninguém cuidou de mim como Emma. Isso era bom de um jeito diferente. Enquanto para as outras pessoas eu era o monstro, para ela eu era... normal, alguém que ela queria cuidar, assim como eu queria cuidar dela.

Eu sei que ela pode cuidar de si mesma de muitas maneiras, eu percebo isso. Eu vi ela chutar a bunda da Arat, vi a forma como ela era firme com as pessoas, mas ao mesmo tempo era doce e educada.

Mas eu também amo o quão vulnerável ela é. Eu acho que eu sou fodidamente antiquado em querer cuidar dela, dar tudo o que ela precisa.

Enquanto ela lavava o tomate, observei que ela passava o pé na batata da perna, indo e vindo. Entortei um pouco a cabeça, observando o movimento que ela fazia nas suas pernas nuas. Ela usava um short de pijama curto e uma camisa muito maior que ela. Reconheci a camisa.