Capítulo 7

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Victor

Dirigindo tranquilamente pelas ruas da cidade, fiz uma nota mental de que não tinha agradecido suficientemente minha irmã por ter conseguido o endereço do Bernardo. Ela havia ligado pra mãe dele semanas atrás, alegando ser uma ex-namorada que queria fazer uma surpresa, não deu outra. Ela conseguia me surpreender cada vez mais.

Embora a idéia fosse só dar uma volta de carro pela cidade, eu sabia que ia acabar indo incomodá-lo em sua casa. Já tinha prometido diversas vezes pra mim mesmo que iria parar com isso, mas fazia tanto tempo que eu não o via. Estacionei o carro no meio fio, e corri pra entrar junto com um morador antes que o porteiro me barrasse, estava vivendo uma vida de invasor de domicílios só por causa dele. Toquei a campainha de sua casa e ele prontamente atendeu com um pacote de salgadinhos na mão e a boca cheia. Lindo. Como da outra vez, estava só de cueca, dessa vez uma bem clarinha que quase chegava a ser transparente, o que me fez ficar totalmente alegre.

-Não é possível... Você atende a porta de cueca pra todo mundo? Ou adivinha que eu estou vindo e fica do jeitinho que eu gosto? – Perguntei rindo.

-Eu estou na minha casa, tenho o direito de ficar do jeito que eu quero.

Ele falou de boca cheia dando espaço pra eu entrar, aquilo era um bom sinal. Não teria que invadir como da outra vez que estivera ali. Fui até seu sofá e me sentei confortavelmente, parecendo estar em casa. Ele se sentou do meu lado e eu notei que estava diferente, parecia muito cansado.

-O que você tem? Parece cansado, tá com olheiras.

Falei levantando minha mão na direção de seu rosto, ele se afastou rápido como se meu toque fosse o ferir. Aquilo me magoou mais do que se ele tivesse me dito as piores palavras do mundo. Queria poder tocá-lo outra vez, poder sentir o calor da sua pele. Fingir mesmo que por alguns segundos estávamos juntos de novo.

-Saí esses dias e não consegui me recuperar ainda. Você sabe como são minhas ressacas. – Ele falou vagamente.

-Como assim você saiu? Com quem? Pra onde você foi?

-Sério? Sério que você ainda vai bancar o ciumento comigo? Você é inacreditável, Victor.

Quando ele falou meu nome eu quase soltei um gemido involuntário, me lembrei de quando ele chegava ao ápice do prazer e sussurrava meu nome em meu ouvido, me fazendo delirar também. Eu sabia que não tinha o direito de cobranças ou exigir satisfações das coisas que ele fazia, mas eu não pude evitar ficar curioso e conseqüentemente bater aquele ciúme.

-Desculpa.

Levantei minhas mãos em sinal de rendição pra que ele pudesse ver que eu estava ali em missão de paz. Não queria ficar ali sem ter o que fazer, isso só ia reforçar a idéia de que não éramos mais um casal, e também tinha medo de que ele me mandasse embora. Então liguei a televisão de sua casa e me acomodei mais no sofá sob o olhar de incredibilidade dele.

-Vamos ver o que tá passando. Tem algo que você queira assistir? – Perguntei a ele.

-Eu não posso acreditar que isso tá acontecendo.

Ele disse dando um sorriso de ironia e passando a me ignorar completamente. Eu sabia que era uma figura indesejada ali, e que se ele pudesse escolher, escolheria que eu ficasse bem longe de sua casa. As únicas razões nas quais me faziam permanecer ali, era a sua companhia. Não conseguia mais suportar ficar longe dele. Ás vezes a saudades que eu sentia dele não meu dia-a-dia me fazia perder horas e horas relembrando os nossos momentos. Simplesmente não podia dar a chance pra ele me esquecer, seria demais pra mim. Ser esquecido por quem ainda se ama seria como morrer.

Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2Where stories live. Discover now