Capítulo 8

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Bernardo

Dormi maravilhosamente bem naquela noite, como há muito tempo não dormia, pude apenas colocar minha cabeça no travesseiro sem que aquelas lembranças dolorosas viessem e me fizessem perder o sono. Eu sabia qual era o motivo disso, ou melhor, quem era o motivo. Acordei no outro dia pela manhã já procurando pelo perfume dele, eu era um viciado e não queria tratamento tão cedo. Abri os olhos e não o encontrei na cama, me levantei e fiz uma vistoria pelo quarto sem resultado nenhum, suas roupas já não estavam no chão como tinham ficado na noite passada. Um pedaço de papel em cima do criado mudo me chamou a atenção. Fui até ele com as mãos tremulas já pensando no pior, houve a confirmação que eu tanto temia:

"Tive que sair pra trabalhar e não quis te acordar tão cedo. Espero que não fique bravo por eu ter pegado uma de suas camisas, prometo que devolvo. Precisamos conversar e repetir essa noite, claro. Beijo."

Depois de uma noite, em que eu julguei ser nossa noite de reconciliação, ele tinha ido embora sem nem ao menos se despedir direito. Um bilhete escrito em uma caligrafia terrível foi tudo que ele deixara depois de ter passado a noite inteira em meus braços, certamente ele não tinha em mente a mesma coisa que eu. O que mais me deixava puto de raiva, era o fato de eu ter acreditado que agora iríamos poder tentar de novo, que ele iria largar a noiva e que fingiríamos que nada tinha acontecido. Sentei na cama e desabei, como ele pôde ter feito isso comigo? Se queria uma transa sem compromisso bastava ter me avisado antes, e não ter me deixado criar esperança na gente outra vez. Ele não tinha o direito de fazer o que fez, não depois de eu ter passado tudo que passei por causa dele. Fui tolo em acreditar nas promessas que seu olhar mesmo sem palavras me faziam, fui tolo em acreditar que ainda o conhecia depois de tanto tempo, fui tolo em ter cedido a tentação e ter ido pra cama com ele. Me sentia um lixo de pessoa.

Nós havíamos mudado muito, ele agora bancava o hétero pra sociedade, nunca iria querer entrar nessa de novo. Fiquei muito tempo assim na cama vegetando e refletindo o que tinha acontecido. Mais uma vez tinha faltado ao trabalho, já tinha virado rotina e meu pai já se acostumara, ele sabia que eu não andava bem, participou de todo o processo de distanciamento que eu tive no meu namoro, me dava conselho e me ouvia quando eu precisava reclamar da fase que estava passando. Tinha sido um paizão, e continuava sendo permitindo que eu só aparecesse no trabalho quando queria.

Nunca tinha vivido esse tipo de relação doentia antes, onde você simplesmente para de fazer tudo quando se fica solteiro e sozinho, mas ali estava eu, vivendo pela metade. Meu telefone começou a tocar e eu tive vontade de jogá-lo na parede, era um dos sinais de ataques de raiva que eu sabia que viria logo mais. Observei um numero desconhecido e resolvi atender caso fosse algo importante:

-Alô?

-Por favor, não culpe seu amigo por ter me dado seu número de telefone.

-Nathan? – Reconheci sua voz grave.

-Sim. Não queria perder o contato contigo, daí lembrei que o Lucas é seu amigo...

-Tudo bem Nathan, não se preocupe.

-O que você acha da gente almoçar juntos hoje? Posso passar pra te pegar. – Ele propôs.

-Almoço?

Droga! Não estava no clima pra sair e fingir que nada tinha acontecido, queria poder ficar em casa sem ter que ver a cara de ninguém, mas também não poderia fazer essa desfeita com Nathan, ele era tão bacana. Respirei fundo e afastei a amargura pra lá.

-Eu topo almoçar contigo. Só me fala o local.

-Eu posso passar pra te pegar.

-Nathan, eu tenho carro e não sou uma mocinha indefesa.

Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang