Bernardo
-Porra. Não, Nathan! – Gritei pra ele me ouvir mesmo lá da sala.
-Bernardo, eu vou assistir isso. Se você não quiser assistir, vá embora.
-Mas eu estou na minha casa.
Falei chegando à sala com duas cervejas geladas na mão. Era domingo e eu queria assistir ao futebol, enquanto ele insistia em colocar no canal de filmes. Há uma semana, ele insistiu até que eu pudesse dar meu endereço a ele e foi inevitável isso não acontecer. Ele tinha um jeito único de me convencer a fazer as coisas que eu até me impressionava, e, pensando que não faria nenhuma mal, acabei dando meu endereço e o chamando algumas vezes pra me fazer companhia.
-Daqui a pouco o Lucas e o Caio chegam e eles vêm com a promessa de assistirmos o futebol, então, acho melhor colocar lá. – Disse tentando ao máximo parecer autoritário.
-Como você é chato!
-Se não quiser assistir, vá embora. – Repeti o que ele tinha falado pra mim a poucos minutos.
-Não. Prefiro ficar.
A campainha tocou antes que eu pudesse respondê-lo e provavelmente lhe dar uma mal resposta, deveria ser um dos meninos e eu fui atender. Abri a porta e dei de cara com o Lucas com um fardo de cervejas na mão e a cara de poucos amigos. Se havia uma coisa que ele odiava era ficar servindo de vela pra casal feliz, ele já tinha me dito, mas o que ele não colocava na cabeça era que eu e Nathan não éramos um casal. Nem tinha rolado mais nada entre a gente.
-Só vim por que você me garantiu que ia ser de boa.
-Relaxa Lucas. O Caio também ficou de vir.
Eu disse, mas eu mesmo duvidava que ele viesse, quando o chamei, sua resposta não fora animada e pronta pra tudo como antes ele fazia. Depois que ele começou a namorar, e encontrou uma menina que o prendesse de verdade, nós pouco nos víamos. Lucas entrou me entregando as cervejas e cumprimentando o Nathan, eles já eram amigos antes e parecia que o fato de eu ter me aproximado do Nathan, só tinha feito os dois se aproximarem ainda mais, fazendo Lucas dar maior força no que ele pensara ser um namoro. Embora o que eu tivesse com o Nathan fosse apenas uma forte amizade.
Naquela tarde fizemos de tudo além de assistir o jogo, conversamos, bebemos, e o Lucas, numa atitude de irmão mais velho, ou os pais de uma garotinha, começou a fazer um verdadeiro interrogatório ao Nathan:
-Nathan, como você se define? Gay, hétero?
-Saio com homens e mulheres. Sou bi.
-Mas tem um gênero que você diria que sai mais. Tipo... Sai mais com homem, ou mais com mulher?
Lucas voltou a perguntar, fazendo Nathan parar pra pensar. Naquele momento eu só queria enfiar minha cabeça debaixo das almofadas do sofá e fingir que aquela conversa não estava existindo, não sem antes sufocar o Lucas com uma delas.
-Depende muito da minha vontade e compatibilidade com a pessoa. Hoje, atualmente e sinceramente, ando saindo mais com homens.
Lucas deu uma olhada sugestiva pra mim.
-E quando você tem um relacionamento sério com alguém? Como você faz? Vive traindo essa pessoa pra se satisfazer?
-Não, não. Tudo muda de figura quando eu tenho um relacionamento e amo aquela pessoa, acho que isso é um certo preconceito com pessoas bi. Sou extremamente fiel, porque também exijo fidelidade. Fui casado por quatro anos e durante esse tempo eu nunca traí minha mulher, é claro que o desejo continuava, mas os votos do casamento falavam mais alto.
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Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2
RomanceLIVRO 2 - Como num passe de mágica, as coisas podem começar a desandar sem que encontremos uma solução. Foi isso que aconteceu com Bernardo e Victor. Quatro anos após eles finalmente decidem se entregar a paixão e viver aquele amor que sentiam um pe...