Victor
-Bernardo, posso saber porque o Arthur tá correndo só de cueca pela casa?
-Não sei. Eu disse que era pra ele vestir o uniforme enquanto eu descia pra arrumar o lanche da escola, mas acho que ele não quis nem saber.
Bernardo gritou de volta lá da cozinha. Saí correndo atrás daquelas perninhas secas e ágeis e tive um pouco de dificuldade em alcançá-lo, ele corria em volta da mesa de centro da sala com o cachorro o acompanhando e imitava os latidos que seu companheiro fazia. Como alguém tem tanta disposição assim de manhã? Peguei-o de ponta cabeça em meu colo e escutei ele dar mais risada ainda, como se a minha possível bronca não fosse tão ruim. Talvez não fosse mesmo.
-Posso saber porque você ainda tá sem roupa, coisinha? Seu pai não mandou você se vestir?
-Não. – Ele respondeu rindo.
-Ah é? Pois agora eu tô mandando. Você tem que ir pra escola... Olha lá o Gui, todo arrumado já.
Falei apontando pro Guilherme que descia as escadas todo uniformizado e com cara de sono, ainda era cedo, ainda tínhamos algum tempinho, mas no quesito acordar e já se arrumar sem ficar enrolando, ele era melhor que os próprios pais. Acho que por estar acostumado com a rotina que já tinha no orfanato, ele se adaptou muito bem a essa nova. Uma vez ele tinha me dito que estava gostando muito da nova escola e dos novos amigos que estava fazendo, fiquei feliz, e sem contar que estava aprendendo bastante, mas também pudera, era uma das melhores e mais caras escolas da cidade.
-Gui, me ajuda? – Pedi.
-Ajudo Victor.
-Leva essa coisinha aqui pra se vestir... Depois desçam pra tomar café.
-Pode deixar. Vem aqui, Thu.
Ele pegou o Arthur pelos braços e o levou escadas acima, ainda pude ouvi-lo reclamar de não querer se trocar para o irmão mais velho, mas ele não deu muita importância. Fiquei parado e bobo observando os dois subirem as escadas novamente e acho que eu nunca me cansaria dessa reação, meus filhos! Olhá-los era tudo que eu queria fazer por toda a minha vida.
Senti meu celular vibrar no bolso e chamar minha atenção pra realidade, olhei o visor e fiquei espantando por ser ela, não imaginava que acordasse tão cedo.
-Oi linda!
Levou alguns segundos até que ela pudesse me responder.
-Não quero falar com você, Victor.
-Ué... Você me ligou pra falar que não quer falar comigo? Você já foi menos estranha Larissa.
-Tô confusa, mas poxa, faz quanto tempo que você não aparece aqui? – Ela desabafou.
-Oh amor, você sabe que eu estou numa correria sem tamanho lá na empresa e aqui em casa. Nós temos que fazer os meninos se adaptarem, você sabe, né... Mas pelo que eu saiba, você também pode vir aqui me ver.
-Eu tenho os gêmeos, seu ridículo. Pra sair de casa você sabe que é um trabalho enorme. Eu sei que você agora só quer saber dos seus filhos e marido, mas pensa, faz mais de dois meses que você não vem me visitar. Só ligações não são o bastante pra mim. – Ela estava ficando boa em fazer drama, mas mesmo assim eu cedi.
-Você tem razão, faz muito tempo mesmo. Olha, eu vou aí hoje pra você me perdoar, prometo.
-Só vou te perdoar se você trouxer as delícias dos seus filhos, saudades deles.
-Tá. Assim que eu sair do trabalho e pegá-los na escola eu passo aí.
-Bom, acho bom... agora tenho que desligar, acredita que eu ainda não dormi!? Eles passaram a noite inteira me enlouquecendo, mas não abro mão disso. São as coisas mais importantes da minha vida, agora você me entende, né... Tchau viado!
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Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2
RomanceLIVRO 2 - Como num passe de mágica, as coisas podem começar a desandar sem que encontremos uma solução. Foi isso que aconteceu com Bernardo e Victor. Quatro anos após eles finalmente decidem se entregar a paixão e viver aquele amor que sentiam um pe...