Capítulo 36 - PARTE I

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Bernardo

-Bernardo, o caminhão com a carga do Espírito Santo quebrou no meio da estrada, eu preciso que você autorize outro a continuar a viagem, e um mecânico pra ver o que aconteceu.

Victor entrou na minha sala falando super sério e profissional, enquanto eu só conseguia pensar no quanto ele tava gostoso naquela roupa social justa ao seu corpo. Qualquer dia ainda vou morrer de tesão acumulado, pensei. Nunca era o bastante pra me saciar dele.

-Você não pode fazer isso? - Estranhei, pois o cargo que ele mantinha, tinha total autoridade pra fazer aquilo que ele tava pedindo.

-Até tentei, mas eles insistem que não podem fazer nada sem você ou seu pai mandar.

-Isso tá errado.

-Eu sei, mas quem respeita o cara que, ao ver deles, só entrou aqui porque transa com o filho do chefe?

Ele deu de ombros, simbolizando que não dava a mínima para os boatos que estavam rolando, mas comigo não seria assim.

-Vou resolver isso... - Falei pegando o telefone disposto a acabar com aquela palhaçada.

-Deixa pra lá, só vão rir por aí por eu ter ido reclamar com o maridinho. Resolve o problema dos caminhões, por favor... Ah, e manda um que esteja livre por pelo menos cinco dias, a viagem é longa e não podemos correr o risco de coincidir.

Sorri em ver como ele sempre se atinha a detalhes que muitos nem perceberiam, definitivamente ele não estava ali só por causa da nossa relação, e sim por méritos. Dei os telefonemas necessários pra resolver o problema da empresa e depois disso ele pareceu relaxar um pouco, mas fiz um lembrete a mim mesmo de que teria que ter uma conversa com o setor rebelde. Depois de feito, o puxei para mim, mesmo sob os protestos dele de que poderia chegar alguém, e ficamos ali juntos.

-Tô pensando em ligar pra Helena e marcar mais uma das visitas aos meninos, o que você acha? - Ele perguntou.

-Eu acho ótimo, já estou com saudades. Fica cada vez mais difícil ter que vir embora sem eles, não vejo á hora de tudo se acertar e ter eles bem juntinho da gente.

Depois da nossa primeira, e decisiva, visita ao orfanato, tivemos uma grande e essencial conversa sobre tudo o que tinha acontecido lá. Não podíamos mais negar que os dois tinham mexido de uma maneira muito estranha com a gente. Depois que a emoção havia passado, eu realmente parei pra pensar em todas as conseqüências e praticamente congelei, não foi tão fácil assim chegar a uma conclusão, mas não tinha mais jeito, conseqüência nenhuma iria me fazer ficar sem ver aqueles doces olhos outra vez. Eu queria tê-los ali comigo, e como nem tudo tem explicação, apenas começamos a correr atrás de tudo o que precisava há umas três semanas.

Sabíamos que ainda tinha um longo caminho pela frente até finalmente sermos pais, mas estávamos bem confiantes. As visitas com a psicóloga iam começar dali uns dias e eu confesso que estava bem nervoso. Helena estava sendo um verdadeiro anjo nas nossas vidas, nos permitia pelo menos uma vez por semana encontrarmos os meninos e ficarmos o máximo de tempo possível com eles. No começo tivemos que ter muita delicadeza pra nos aproximar, arredios e assustados, sempre demoravam pra se soltar e conversar com a gente. Mas logo depois do terceiro encontro, eles já vinham todos felizes em ver que a gente estava ali outra vez. Eu era chamado de tio Beinado pelo Arthur.

Ninguém, absolutamente ninguém da família, além de mim e do Victor, sabia o que íamos fazer. Decidimos que assim era melhor pra evitar comentários ou até mesmo caso algo não desse certo. Mas eu não gostava de pensar nessa hipótese, queria acreditar que tudo ocorreria da melhor forma. E sem contar que eu estava louco pra exercer a função de pai, quem diria, né? Mas foi só olhá-los que todos os meus medos, perguntas, cautelas e inseguranças se dissiparam.

Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2Where stories live. Discover now