Capítulo 9

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Victor

Deitado no sofá eu tentava manter minha mente no projeto que estava desenvolvendo e que tinha levado pra casa a fim de ocupar meu tempo vago, mas não estava dando certo. Já tinha se passado uma semana desde aquela noite de lembranças que tive com o Bernardo, mesmo assim eu não conseguia fechar os olhos sem me perguntar o que tinha feito de errado. Na minha cabeça, estávamos dando o ponta pé inicial para o que seria uma reconciliação, mas daí ele ficou bravo por um pedaço de papel que deixei a ele. Tinha estragado tudo de novo, e o pior, por uma bobagem.

-Até quando você vai ficar olhando pra esses papéis aí? – Karina me perguntou.

-Karina, você sabe que esses papéis são importantes tanto pra mim, quanto pro seu pai. Deveria dar valor, afinal, são eles que irão te dar o direito de comprar mais sapatos novos.

-Grosso!

Ela falou se levantando e indo pro quarto toda emburrada. Perfeito. Mais uma pessoa brava comigo, estava começando a achar que o problema era eu. Fiquei mais um tempo ali, mas percebi que o melhor seria enfrentar a fera logo de uma vez. Resignado, fechei minhas anotações e fui pro quarto atrás dela, me parecia estar dormindo e se o tivesse eu não iria acordá-la. Deitei tentando não fazer muitos movimentos, mas ela se virou pra mim com os olhos mareados. Deus, eu não tinha o direito de fazer isso com ela, mesmo que minha vida estivesse uma droga, ela era minha noiva e eu deveria pelo menos tratá-la bem.

-Desculpa, eu ando meio nervoso com que anda acontecendo e acabo descontando em quem não merece. – Disse tentando ser o mais amável possível.

-Eu te amo tanto, só que ás vezes eu acho que esse amor não é o suficiente pra te fazer ficar aqui comigo. Você sempre tá no mundo das luas, eu não sei mais o que fazer pra chamar sua atenção.

Ela desabafou. Sabia muito bem o que ela estava falando. O amor não ser o suficiente pra fazer a pessoa ficar, cada vez mais ir se afastando e não ter nada que possa fazer para que as coisas voltem a ser como eram antes.

-Mais uma vez, desculpa. São muitas coisas pra eu supervisionar, muitas coisas pra pensar e quando penso que ainda faltam muitas coisas que ainda estou deixando de lado, eu fico maluco.

-Você ainda pensa no nosso casamento? – Ela me pôs outra vez contra a parede.

-Penso, muito.

Não era uma mentira, eu pensava muito no casamento que pairava sob minha cabeça, mas provavelmente não do jeito que ela estava pensando. Eu estava num beco sem saída e um traficante se aproximando de mim com uma arma, não tinha pra onde correr, só teria que aceitar meu destino. O destino que eu mesmo me meti nele.

-Você não se esqueceu do jantar amanhã na casa dos meus pais, né?

Ela me perguntou e era claro que eu tinha me esquecido!

-Não, claro que não.

- Sabe o que eu estava pensando? Nós vamos nos casar e eu ainda não conheço seus pais. Você não acha que está na hora de vocês pararem com essa briga? Tudo bem que você saiu de casa pra sempre sem dar satisfação, mas eles têm que ver como você tá bem agora, e que você só saiu de lá porque queria um futuro melhor.

Essa era toda a história que ela conhecia, logo quando nos conhecemos, foi essa a versão que eu contei e minha irmã quando veio pra cá só havia confirmado. Pra todos os efeitos eu era um rebelde que aos dezoito anos tinha saído de casa sob os protestos dos meus pais para tentar um futuro melhor, desde então, os anos se passaram e eles nunca mais tiveram contato comigo. Não que eu tivesse vergonha do meu passado, longe disso, mas tinha achado melhor daquela forma.

Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2Where stories live. Discover now