Capítulo 20

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Victor

Acordei pela manhã como de costume, embora não tivesse mais aquela obrigação e dei de cara com os primeiros raios de sol vindos da janela. Mais um dia! Ao olhar pro lado, sorri ao perceber que daria tempo de presenciar um dos rituais que eu mais gostava pela manhã: Ficar olhando o Bernardo dormindo até que ele finalmente acordasse. Ele chamava isso de coisa de psicopata, mas eu não me importava. Diferente da forma com que foi dormir, agora ele dormia largadamente, com as cobertas presas nas pernas e seus cabelos tão bagunçados quanto se podia imaginar. Pra mim não havia cena mais linda que aquela.

Uma semana havia se passado desde que nós estávamos tentando outra vez e eu tinha praticamente me mudado pro seu apartamento, finalmente havíamos conseguido achar um momento em comum e darmos continuidade ao que tínhamos antes. Mas estranhamente as coisas não estavam tão legais como eu pensei que ficariam. Ele estava diferente, tinha se fechado no seu mundinho e por mais que eu tentasse ou procurasse saber o motivo, tudo era em vão. Até seu semblante enquanto dormia demonstrava que algo estava errado, era como se ele vivesse aflito ou culpado por algo. Mas o que? Esse era o questionamento que eu fazia, o que estava tanto o afligindo a ponto dele não ser mais o meu Bernardo de antes? E por mais que eu perguntasse ou tentasse saber o que estava acontecendo, ele desconversava e preferia não se abrir comigo. Era isso que mais me deixava chateado, saber que existia alguma coisa ali, mas que ele preferia guardar pra si mesmo a me contar e tentarmos resolver juntos.

Meu celular em cima do criado mudo começou a vibrar, causando um barulho alto em contato com a madeira, e me tirou dessas minhas questões internas. Ao olhar o visor, eu já tive uma idéia de que a conversa que teria não seria tão boa, mas mesmo assim decidi atender:

-Fala Karina.

-Victor, meu amor, a gente precisa conversar. - Ela falou do outro lado da linha.

-Karina, a gente não tem nada pra conversar. Entenda que acabou, por favor.

-Nenhum noivado acaba desse jeito, Victor. Eu te amo,a gente era tão felizes juntos. Nós nos amamos.

Visto que a conversa seria longa, chata e cheia de discussões, eu me levantei e fui pra sala, não queria acordar o Bernardo logo cedo. Ninguém merece acordar e ainda ouvir seu atual namorado conversando com a ex, isso poderia fazê-lo se fechar ainda mais.

-Olha... Escuta, Victor, vamos aproveitar esse sábado e vamos passar o dia todo juntos. Eu sei que você ainda me ama. Lembra que no começo da nossa relação você me confessou que eu te fazia bem? Então, vamos tentar resgatar isso?

Sim, eu tinha dito aquilo a ela, e de certa forma era verdade. Fiquei muito deprimido naquela época em que o Bernardo foi embora e nós nos separamos, por diversas vezes me pegava perdido e não tinha vontade de fazer nada. Embora o que eu sentisse por ela fosse somente carinho, eu tive que reconhecer que sua companhia, naquela época, amenizava os sentimentos ruins.

-Ká, os tempos mudaram. Você foi sim muito importante pra mim, mas agora as coisas mudaram. Nós já não somos mais os mesmos, eu sinto que você pode encontrar alguém melhor que eu. Eu não sou o que você procura. Me entenda.

-Quem é ela? Você não ia me dispensar assim se não tivesse outra pessoa. Pelo amor de Deus Victor, nós estávamos noivos! Você não pode fazer isso comigo.

-Olha Ká, eu de verdade espero que você encontre alguém que possa te amar do jeito que você merece. Você é uma garota incrível e merece ser feliz, mas essa felicidade eu não posso te dar. Talvez algum dia você entenda os meus motivos. Nós dois íamos ser infelizes se deixássemos isso ir pra frente. Espero que depois que toda essa raiva que você esta sentindo por mim passar, a gente possa sentar, conversar e pelo menos tentarmos ser amigos. Eu sempre vou estar aqui pra isso, mas não mais que isso.

Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora