Capítulo 37

5K 495 144
                                    

Victor

-Antes de vocês saírem daqui pra uma nova vida, eu queria trocar umas palavrinhas com vocês.

Helena falou nos chamado pra sua sala numa tarde ensolarada. Já até podia imaginar o que ela queria e isso me deixava um pouco desconfortável. Enfim tinha saído à papelada que dava a guarda provisória do Guilherme e do Arthur a nós. A ligação veio pela hora do almoço e a partir daquele momento eu já não consegui comer mais nada. Estávamos ali naquele orfanato pela última vez, entramos apenas como um casal e íamos sair como uma família. Não podíamos estar mais felizes, mas eu ainda tinha aquela sensação de não ter feito a coisa certa.

Depois que nós demos a permissão para meu sogro se envolver, as coisas começaram a andar com uma rapidez impressionante, fiquei assustado com o que o dinheiro é capaz de fazer e de certa forma decepcionado em como as pessoas se deixam manipular desse jeito. Claro que não foi "peguem os meninos e vão embora" não, claro que não. Ainda tivemos que fazer todas as consultas com a psicóloga, inúmeros acompanhamentos, visitas na nossa casa, mas tudo foi em um prazo curto de algumas semanas.

-Eu não quero nem saber o que vocês fizeram pra conseguir a guarda tão rápido assim, a maioria leva em média até um ano e eu sei que aí tem coisa. Mas sei também que vocês estavam bem intencionados quando tomaram a atitude que tomaram, então, por isso, vou fingir que nem vi. O que eu quero pedir a vocês é que as façam esquecer essa fase que viveram aqui e antes daqui, sejam pais de verdade, dêem amor, carinho e acima de tudo um futuro. Eu sei que vocês podem fazer isso, ou melhor, eu sei que depois de tudo o que aconteceu depois que vocês viram esses rostinhos, eu sei que vocês querem fazer isso. – Helena discursou meio emocionada.

-Obrigado Helena. Pode ter a certeza que iremos fazer isso, nossa, eu não tenho como te falar o quão apaixonados por esses meninos nós somos. Até pensei que precisaria de mais tempo, convivência e paciência pra isso, mas não, eu já sinto uma coisa muito forte aqui. E tenho certeza que o Victor também sente, não é amor!?

-Não há nada que eu não faria por eles, pode ficar tranquila, Helena... – Assegurei. – Vem cá, eles já sabem?

-Como todas as crianças aqui, eles sabem que a horas deles chegou e alguém tá vindo os buscar, mas não contei que era vocês. – Helena me respondeu.

Minha perna tremeu, um misto de alegria, medo e dúvida tomou conta de mim. E se eles não gostassem que fôssemos nós? Tipo, eles até que gostavam muito da gente, mas até que ponto gostariam de nos ter como pais? Tudo bem que mais da metade do preconceito existente provinha somente de adultos, mas ainda sim me bateu insegurança. Segundo a Helena, eles deveriam estar no pátio no lugar costumeiro que sempre estavam, no mesmo lugar onde os vimos pela primeira vez, pois a notícia tinha os abalado um pouco e consequentemente eles se afastaram de todos. Dito e feito, encontrei o Arthur deitado com a cabeça no colo do Guilherme e o próprio fazendo carinho em seus cabelos despenteado, o vínculo que tinham era impressionante.

-Oi meninos.

-Oi meus amores...

Assim que ouviu a voz do Bê, o Arthur correu pros braços dele e o abraçou como sempre fazia, tirei o Gui do chão e fiz com que ele se sentasse em meu colo.

-Tudo bem com vocês? – Perguntei.

-Tudo. – O Gui respondeu, mas não parecia nada bem. – Vão vir buscar a gente.

-É, eu fiquei sabendo... Isso é bom né?

-Sei lá, mais ou menos.

Sua voz era triste e ele mexia nos dedos enquanto me falava aquilo cabisbaixo.

Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2Where stories live. Discover now