Capítulo 29

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Bernardo

Como os meses tinham passado! Três meses! Não sei porque estávamos tão preocupados com a demora em nos casarmos. Já estávamos na véspera do nosso casamento e parecia que tudo tinha passado num piscar de olhos, talvez seja porque depois daquele momento em que fizemos o acordo com a Lari, ela não tinha nos deixado em paz. Ela disse que tomaria conta de tudo, e tomou, mas algumas questões ainda precisavam do nosso "Ok". Os convites, bem luxuosos e de excelente gosto, já tinham sido feitos e entregues a partir da nossa lista de convidados mais íntimos, e que gostaríamos que estivessem presentes. Em geral, alguns amigos da época da faculdade, meus pais, uma tia que parecia não se incomodar com minha orientação, os filhos dela, e a avozinha do Victor que também não se importou se o neto era gay ou não. Os pais dele também foram convidados, mas ele mesmo me confessou que não esperava que nenhum deles aparecesse.

-Que horas vamos buscar os ternos? – Perguntei pra Larissa que desde ás seis da manhã já tinha se instalado em casa, alias, ela estava passando mais tempo lá do que em qualquer outro lugar.

-Ás três. Achei melhor buscar hoje do que deixar pra amanhã e dar alguma merda. – Ela estava em pânico com essa idéia. – E as outras coisas que não dependem de mim? Estão em ordem? Cadê as alianças? Já sabem o que vão dizer um pro outro na frente a juíza? Ela pediu pra que escrevessem em um papel.

-As alianças estão guardadas, muito bem guardadas por sinal. E eu sei de cabeça o que eu vou falar.

O Victor falou vindo da cozinha com um pacote de bolachas na mão, se sentou do meu lado e sorriu, estava com o vão entre os dentes pretos devido às bolachas já comidas. Era com essa criatura que eu iria me casar!? Tem como trocar? Demonstrava a imagem de tranquilidade, enquanto eu estava uma pilha de nervos, como ele conseguia?

-Porque eu não posso ver as alianças? – Perguntei, pois a gente tinha combinado de comprar juntos.

-Porque não. Não tem nada demais, eu sei, mas eu quero que você as veja só no dia. No caso, só amanhã.

-Saaai, sua boca tá cheia de bolacha. – Falei me desvinculando quando ele vinha me beijar.

-Voltando aos planos... – A Lari chamou nossa atenção. – Victor, nós vamos buscar seu terno e de lá já vamos pro seu apartamento, então, se tiver algo daqui que você precise, já pega agora. Bê, o Lucas vai pegar o seu terno e trazer, não se preocupe...

-Peraí... Porque ir pro meu AP? Eu moro aqui. – Ele perguntou.

-Amorzinho da Lari, eu tô levando todas as tradições a risca, e uma delas diz que os futuros noivos não podem dormir a noite que antecede o casamento juntos... Logo, você irá dormir no seu AP fazendo companhia pra sua doce irmãzinha. Pensa que perfeito, você irão se ver somente na hora do casamento.

Ela discursou com quem explica algo pela sexta vez a alguém que não está disposto a aprender.

-Tudo bem pra você? – Ele me perguntou.

-Adianta discutir?

-Não. – Foi ela que respondeu triunfante.

Poxa! Logo hoje que eu achava que iria rolar uma foda sensacional pré-casamento, mas pelo visto não. Nesses três meses já tínhamos até nos acostumados, tudo tinha que sair "a modo Larissa", não ia ser agora no finzinho que ela mudaria. Mas uma coisa eu tinha que reconhecer, pelos esboços e fotografias que ela nos mostrou, tudo ia ficar perfeito. Ela daria uma ótima organizadora de eventos. Minha mãe também participou um pouco de toda essa loucura, em uma das vezes que as duas se encontraram na nossa casa, a Larissa conseguiu a convencer de participar. No fim, acabou as duas enlouquecidas falando de flores, arranjos de mesas e coisas que eu nem sabia o que era. A promessa de me aceitar e aceitar o Victor estava sendo levada muito a sério.

Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2Where stories live. Discover now