Capítulo 25 - PARTE I

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Bernardo

Recebi aquela foto e meu mundo desabou. Ver os dois com sorrisos um pro outro foi como se eu tivesse levado outra facada, só que dessa vez era no coração, um lugar mais doloroso e difícil de curar. Meu celular havia apitado e indicava que seria uma mensagem do Nathan, até pensei ignorar, mas a curiosidade sobre o que ele tinha a me falar era maior. Não veio uma palavra, mas eu duvidava que todas as palavras do mundo fossem capazes de expressar aquela cena. Victor estava em uma lanchonete, que eu conhecia muito bem, com aquela que ele havia sido noivo. Será que eles realmente tinham terminado? Essa era a minha pergunta. Diante das circunstâncias apresentadas, eu poderia jurar que não. Ali naquela fotografia eles ainda eram um casal feliz e cheios de carinho pra trocar.

Estava no trabalho, mas me parecia estar no topo de um precipício, que a cada vez que eu olhava aquela maldita foto, me puxava para mais perto de cair. Como ele pode fazer isso comigo? Saí apressado da empresa, pois precisava ficar sozinho e colocar pra fora tudo o que estava sentindo. Frustração. Magoa. Raiva dele. Raiva de mim mesmo por ser tão idiota. Decepção e dor.

Andei sem rumo até que minhas pernas e o ferimento em meu abdômen começarem a doer. Sabia que não poderia mais continuar, mas mesmo assim minha vontade de voltar era mínima. Não queria ter que ir pra casa e encará-lo e ter que aturar mais de suas mentiras. Meus pés doíam e eu já nem sabia mais onde estava, tive por um segundo que levantar minha cabeça e olhar em volta pra me situar ao ambiente. Parei num bar próximo dali e pedi uma água pra ajudar a desfazer o bolo que se formava em minha garganta. Era nítido a qualquer um que me visse que eu não estava bem, por isso, então, decidi voltar pra casa. Não estava muito longe, eu conseguiria ir embora se tentasse e fizesse um esforço.

Caminhei alheio a tudo a minha volta até que finalmente consegui enxergar a fachada do meu prédio. Já estava escurecendo, mas duvidava que o céu estivesse tão negro quanto minha alma. Entrei em casa, e ele como que adivinhando que eu estava pra chegar, já me esperava de pé perto da porta.

-O que você tá fazendo aqui? Achei que estaria decidindo os últimos preparativos do casamento com a noivinha. Vocês me pareciam tão felizes na foto. – Falei quase sem forças pra nada, tudo em meu corpo doía.

-Antes que a gente comece a brigar, toma o remédio. Sei que você deve estar morrendo de dor. Nada é mais importante que isso.

Ele então me entregou o frasco que continha os remédios e um copo com água. Peguei das mãos dele e tomei o necessário pra curar a dor física, a outra dor continuaria por algum tempo. Ele levou meu copo até a cozinha e quando voltou foi se explicando:

-Não tem nada a ver isso que você está pensando, eu...

-Ah... as mesmas mentiras que todo mundo conta. Achei que você fosse mais criativo! – Falei sarcástico.

-Bê, eu não estava fazendo nada...

-Victor, me poupe das suas mentiras. – Eu interrompi. - Você estava lá com ela, isso você não pode negar, porque eu vi. Enquanto eu estou aqui ainda me recuperando de uma facada, você estava lá se divertindo tomando café com a noiva. Meu Deus, eu quase morri, e você continua me enganando... aliás, deveria estar até torcendo pra que isso acontecesse. Assim se livraria do otário aqui.

-Do que você está falando? CALA A BOCA. Pelo amor de Deus, cala a sua boca. Porque você não sabe nem metade do que eu passei enquanto estava naquele maldito hospital. Era eu quem ficou lá, então, CALA A PORRA DA SUA BOCA. Estava sim naquela lanchonete com minha ex, ela me ligou implorando pra conversar, e eu achei melhor ir de uma vez por todas e esclarecer tudo, que não tem mais volta. – Ele explodiu.

-E você falou tudo isso alisando os cabelos dela? Conta outra história Victor.

-Ela, pela milésima vez, tentou fazer com que nós voltássemos, e eu contei tudo a ela. Eu contei de nós dois.

Quando o Amor Prevalece - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora