Capítulo 7

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Alto, poderoso e lindo como sempre, Samos Sti­lakos estava de pé, próximo da janela, olhando para fora. Ao som da porta se fechando, ele se virou. Os olhares se encontraram independentemente de tem­po e espaço, e ela sentiu uma tontura, como se não houvesse ar na sala.

Samos Stilakos andou, gesticulando em direção a uma cadeira, e ela percebeu que havia prendido a respiração.

Ele sentou na cadeira em frente. Murmurou algu­mas palavras de cumprimento e a observou por um longo minuto com olhos calmos e impenetráveis.

Depois de uma eternidade, ele disse suavemen­te:

— Você tem um queixo interessante, Eleanor. Ela corou.

— É mesmo? — disse ela, lutando para não se in­comodar com o estranho comentário que não cabia em uma entrevista de emprego. — Não reparei.

O que ele queria dizer? Seria uma crítica ou um elogio? Um queixo podia ser interessante?

Ele abriu o currículo dela e se dedicou à tarefa de interrogá-la. Ela conseguiu responder às perguntas com calma e simpatia, e mal percebeu as mãos que folheavam seu arquivo pessoal.

Apenas uma vez ela percebeu o desejo que podia sentir por ele se permitisse se envolver. Foi duran­te as perguntas dele sobre seu papel no comitê de eventos sociais.

— Preciso que minha secretária seja flexível e que não tenha medo de mostrar iniciativa. E você deve saber, caso seja escolhida, que não terá tempo para organizar as festas dos funcionários. Mas no futuro não haverá tantas para distraí-la.

Ela assentiu. Os severos cortes nas diversões e nos pequenos luxos do dia-a-dia eram motivo de rancor entre os funcionários.

Naquele momento, Samos Stilakos mudou ligei­ramente de posição. Ela viu a perna da calça subir e exibir uma meia preta. Acima da meia, a imagi­nação dela viu uma perna musculosa e seguiu em frente para remontar a imagem tentadora da masculinidade que ela lembrava com clareza.

Sem aviso algum, um calor tomou conta de seu corpo. As axilas e as palmas das mãos ficaram úmi­das, e ela sentiu as orelhas e outras partes mais sen­síveis ficarem quentes.

— Está com calor, Eleanor? — A voz educada interrompeu o ardor das lembranças. — Quer um pouco d'água?

Ela corou ainda mais.

— Não, obrigada.

— Por favor — disse ele, inclinando-se para a frente com um brilho nos olhos —, fique à vontade para tirar o paletó.

Ela resistiu à proposta e conseguiu seguir com a entrevista sem tirar nenhuma peça de roupa e evitar qualquer menção ao baile de máscaras.

Não sabia bem por quê, mas um dia depois con­seguiu o emprego.

Estava em uma corda bamba, mas não do modo como Beth previra. Apesar de Sam ser cortês e pro­fissional o tempo todo, havia uma tensão entre eles. Quando discutiam projetos e ele pousava os olhos negros em seu rosto, ela imaginava se estavam fa­lando sobre outro assunto. Às vezes ela percebia os olhos dele observando-a quando não estava pres­tando atenção.

À noite ela não parava de pensar nele, e analisava tudo o que se passara ao longo do dia.

E às vezes, quando estava quase adormecendo, naquele momento em que tinha menos controle, ela permitia que sua mente vagasse entre fantasias românticas, como uma em que ele adquirira o ban­co apenas porque se apaixonara por ela naquela noite.

No trabalho ele raramente sorria, mas quando acontecia, todo o seu interior se revirava. A voz grave e sedutora dele atrapalhava sua concentração, e ela precisava lutar para esconder isso com um sor­riso neutro.

Sonhos de Uma NoiteWhere stories live. Discover now