Capítulo 29

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— Bem, você está tão zangado com ela.

O coração de Ellie estava disparado como o de um maratonista, mas ela se forçou a continuar com suavidade.

— Talvez por ser muito doloroso vê-la se casar com outro.

— Estou muito feliz em vê-la se casar com outro. Só não queria que fosse aquele canalha.

— Oh. Ótimo.

Ele não foi muito convincente. Ela percebeu seu excesso de cuidados, mas respirou fundo de novo e o olhou de frente.

— Mas você se casou com ela, Sam. Deve tê-la amado em algum momento.

Ele a encarou com olhar especulativo, depois a pegou pelo braço e a conduziu em direção à mesa.

— Não estou zangado com Natalie, e sim comi­go. Não é a hora nem o lugar de falar sobre isso. Quanto mais cedo terminarmos de comer, mais cedo poderemos escapar.

Ele puxou a cadeira para que ela se sentasse. Era difícil pensar em comida quando o impacto da insignificância dela na vida de Sam acabara de ficar evidente. Era estranho que, com exceção de Irene, ela parecia ser a única pessoa na vida de Sam que jamais considerara que ele talvez ainda amasse a ex-mulher. Lembrou a primeira vez que vira Nata­lie no escritório e das coisas que a loura gritara.

Os sinais sempre estiveram presentes. Como pôde não tê-los visto?

Felizmente, o prato dela fora retirado e ela pro­vou uma sopa de legumes que Sam trouxe do bufê. Quando o ambiente ficou calmo, a esposa de um bilionário com roupa exagerada se inclinou sobre a mesa deles e disse:

— Com licença, Eleanor... — Ellie, por favor.

A mulher sorriu e apontou para o vestido de Ellie.

— Posso perguntar se seu vestido é de Dinnigan?

— É.

— Não é Flirty Noir, por acaso? Ela assentiu e a mulher suspirou.

— Invejo você demais.

Mesmo nas profundezas do desespero, ainda ha­via alguns prazeres permitidos a uma mulher. Sam provavelmente esquecera os comentários maldosos que fizera sobre o vestido. Ainda assim, ela não re­sistiu a dar uma olhada para ver se ele ouvira. Incri­velmente, os olhos dele encontraram os dela com a sintonia da compreensão divertida.

Sorrindo, ele baixou o copo.

— Com licença — disse ele para os amigos. — Preciso dançar com minha noiva.

Ouvi-lo usar este título magoava, mas ela não protestou. Permitiu que ele a levasse para a pista de dança e a tomasse nos braços. As coxas dele se encostaram às dela, ela sentiu seu aroma familiar e se entregou à tortura de ser abraçada pelo homem que amava.

Como se acrescentando à amarga felicidade dela. a banda diminuiu o ritmo e tocou uma canção romântica. Sam a levou a um terraço circular a céu aberto.

— Enfim sós — Sam disse com um suspiro. Ele colocou a mão sob os cabelos dela e acariciou-lhe as costas, puxando-a contra si. — Sabe a tortura que isso é para mim? Tem alguma idéia do inferno que estou passando esta noite?

Dores lancinantes atingiram seu coração. Ela fe­chou os olhos.

— Acho que sim.

— Imagine, Eleanor... Imagine descobrir que era possível ter sido feliz com a pessoa a quem você pertence, que devia pertencer a você, mas como um tolo você arruinou todas as oportunidades.

Sonhos de Uma NoiteWhere stories live. Discover now