Capítulo 11

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As vendedoras se afastaram para dar espaço a ele. Sam levou as mãos aos cabelos dela, e Ellie sentiu uma energia sensual quando ele soltou os grampos. O pescoço, a nuca e a coluna formigaram quando os dedos fortes entraram nos cabelos dela. Depois de alguns momentos em que sua pulsação esteve bastante acelerada, ele se afastou para deixar o volume ruivo livre.

As mãos dele a seguraram pelos ombros e ele a virou para o espelho com fogo nos olhos.

— Olhe para você. Está simplesmente perfeita. Os olhos dela brilhavam no espelho com uma

intensidade azul. O olhar dele se prendeu ao dela com o mesmo desejo que ela vira no hotel. Ela sentiu algo fora da realidade, como se não estivesse em uma loja com seu chefe, mas com seu amante em um momento íntimo, à beira de uma explosão de paixão.

Mas ele não era seu amante. Nem agora e nem nunca. As imagens que ela guardava na memória eram apenas lembranças.

Controlando uma compulsão natural de se virar e abraçá-lo, ela baixou os olhos.

— É melhor eu tirar. — Ela se virou em direção ao provador.

— Não. Fique com ele. — O toque dele ficou mais intenso até que a soltou. — É ideal para o lu­gar aonde vamos agora.

Ele se afastou repentinamente. Ela voltou para o provador e respirou fundo. Uma vendedora veio retirar as etiquetas do vestido e levar as peças que ela não tinha certeza se levaria.

Ellie pegou uma escova na bolsa e alinhou os ca­belos com o coração em disparada. Não sabia como ia encará-lo quando saísse. Algo acontecera entre eles, algo irrevogável. Conseguiriam fingir que nada acontecera?

Ela o ouviu falar com a vendedora.

— Levaremos todos. E acrescente sapatos que combinem.

Apesar de mal ter se recuperado, o orgulho dela estava de volta. — Não! Espere. Ela saiu do provador e correu para entrar entre Sam e a vendedora assustada.

— Eu comprarei este conjunto e estes sapatos. — Ellie tirou o cartão de crédito da bolsa e empur­rou o de Sam para o lado no balcão. — Só preciso disso, e eu quero pagar. Mas obrigada mesmo assim por sua generosa oferta.

Ele deve ter percebido a resolução no rosto dela, pois se afastou e permitiu que ela concluísse a tran­sação sem discussões. A vendedora embrulhou as roupas e sapato de trabalho dela e os colocou em uma sacola.

Ela andou até o carro ainda atormentada. Espera­ra uma briga maior sobre o pagamento. Ainda esta­va balançada pelo preço, mas apreciava ter vencido uma discussão com um autocrata que tinha uma equipe enorme de funcionários tremendo sob seu comando.

Mas havia um detalhe. Aquele momento na loja. Ele mal falara uma palavra desde então, e, ape­sar de parecer tão seguro quanto de costume, Ellie tinha a nítida sensação de que ele estava tão cons­ciente do momento quanto ela. Era difícil olhar nos olhos dele, mas quando ela o fez eles brilharam de satisfação e algo mais. Algo semelhante ao desejo que vira refletido no espelho.

O percurso de carro foi surpreendentemente cur­to. Ela pensara que iam para a ponte, mas ele parou o Porsche na entrada de um hotel. Ela virou o pes­coço, tentando ler o nome.

As portas foram abertas por homens uniformiza­dos.

— Bem-vindo ao hotel Crown Regis, senhor Stilakos.

***

Sam a levou até o saguão de mármore. Todos o cumprimentaram pelo nome.

— Espere aqui um momento — disse ele, levan­do-a até um sofá de veludo.

Sonhos de Uma NoiteWhere stories live. Discover now