Capítulo 25

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Como os ricos viviam...

Não foi necessário chamar um táxi. Irene com­binou que pegaria Ellie no caminho do aeroporto e chegou na hora marcada. Um chofer uniformizado saiu para ajudá-la com a mala.

Ficou claro por que Irene falara vagamente sobre reservas. A família Stilakos não fazia reservas. Ti­nham um jato particular.

Ela poderia ter apreciado mais a viagem se não estivesse se sentindo uma impostora. Irene quisera sua companhia pela ligação com o filho, mas esta aliança fora rompida. Deveria explicar, ou será que Irene sabia?

Não demorou para o assunto surgir. Estavam dei­xando os limites de Sydney.

— Como Sam ficará sem você? — Irene pergun­tou. Um brilho de satisfação iluminava os olhos dela cada vez que pousavam em Ellie. — Será bom para ele sentir sua falta.

Ellie sentiu a face corar. Uma fisgada ameaçou se espalhar pelo peito.

— Na verdade, não trabalho mais para Sam. Te­nho outro emprego agora. — As palavras pareciam suspeitas até mesmo para ela, que não se surpreen­deu quando Irene arqueou as sobrancelhas. — Senti 152

que era o momento de expandir meus horizontes Já era hora de estabelecer novos objetivos e trilhar meu caminho. Gosto do meu trabalho, Irene.

Irene parecia duvidar, e Ellie ficou irritada. 0 que precisaria falar para convencê-la?

— É claro que eu gostava do emprego no banco. Fiquei lá muito tempo. Mas não há nada como a emoção de descobrir que se é capaz e poder tes­tar as habilidades até o limite. Isso sim é adrenalina. — O ceticismo nos olhos cinzentos aumentou. — Agora faço parte de uma equipe de assessoria empresarial.

— É mesmo? — Ellie quase podia ver a mente dela formulando suas próprias conclusões.

O almoço foi servido por uma comissária, mas Ellie não conseguiu comer. Pessoas que arruinavam a própria vida não precisam de alimento, nutrem a si mesmos com seus próprios arrependimentos. Nem conseguira rir do cartão-postal que recebera da Terra do Fogo. "Estou voltando para nossa casa, querida. Lamento a demora. Com amor, Mark."

Com amor. Irônico. Era uma palavra que ele evi­tara no passado. A loura em Melbourne devia tê-lo ensinado algumas coisas.

Enquanto o avião sobrevoava o aeroporto antes de pousar, a vista trazia a promessa de férias e pra­zer.

Engraçado como a idéia de prazer podia ser tão deprimente.

Um casal idoso com expressão ansiosa esperava no desembarque. Quando ela e Irene saíram, hou­ve um momento de hesitação das duas partes, mas depois o casal e Irene se abraçaram chorando. Na confusão de perguntas, protestos e abraços, todos falavam tão rápido que ninguém conseguia enten­der nada.

Depois que terminaram, Irene apresentou Ellie a seu irmão Jack e à esposa, Rosemary, e explicou que eram os pais do noivo.

— Esta é Ellie, uma amiga de Sam.

Jack e Rosemary ergueram as sobrancelhas e examinaram Ellie cora desconfiança. Ela franziu a testa para Irene, que respondeu com um sorriso ino­cente. Havia um toque de orgulho naquele sorriso?

A tripulação apareceu com a bagagem e a entre­gou a um chofer. Logo eles entraram em outra limusine.

— Como estão os preparativos? — Irene pergun­tou.

O casal se entreolhou e Jack revirou os olhos. Rosemary inclinou a cabeça. Mal mexendo os lá­bios, ela disse:

— Houve problemas. Acho que você pode adi­vinhar.

Sonhos de Uma NoiteWhere stories live. Discover now