Capítulo 13

12.4K 1K 14
                                    

Sam a acomodou na sala de estar e desapareceu por uma porta. Ela não entendia como alguém pu­desse morar em um lugar tão limpo e pouco mobiliado. Ele morava lá há 3 anos. Ou seja, desde a separação.

Não parecia o lar de um homem que pretendia ter crianças em sua vida.

Ela foi até o terraço. Havia uma piscina de hidromassagem com luzes no fundo. Um homem que cuidava das plantas a cumprimentou., pegou suas ferramentas e foi embora.

Se um homem possuía tudo isso, um Porsche Carrera e até um banco, o que sobrava para que pu­desse lutar para adquirir?

Como ela fora parar lá? Não se permitiria sucum­bir a outra noite com ele. Tentou se lembrar da trai­ção de Mark, mas achou difícil pensar nele ali.

— Ainda é cedo demais para nossa cena na va­randa. É melhor entrar.

A voz debochada a assustou. Ela se virou e sentiu falta de ar. Sam estava parado na porta do terraço. Ele usava uma camisa preta aberta no pescoço que aumentava o magnetismo dos olhos escuros, caía elegantemente no torso poderoso e evidenciava os músculos do peito.

Parecia relaxado e pronto para brincar. Não o Sam do escritório. O outro.

Ele se aproximou. O cabelo ainda estava molha­do e ele estava perfumado. Era seu chefe, ela disse para si mesma quando uma mistura erótica de aro­mas subiu-lhe à cabeça.

Nada ia acontecer.

Ele esticou o braço para tocar nos cabelos dela, desestabilizando-a ainda mais.

— Mal posso esperar para vê-la no encontro de gerentes assim. Talvez precise que você faça a apre­sentação para que eu possa apreciá-la de todos os ângulos.

— Não posso ficar vestida com esta roupa o tem­po todo. Já a usei hoje durante o dia e agora à noi­te... Parece que você não quer que eu a tire nunca.

Ele riu e desceu o braço até a cintura dela.

— Nada poderia estar mais longe da verdade. Entre e vamos conversar sobre isso.

No interior da sala branca, velas tinham sido acesas, e aperitivos e champanhe foram coloca­dos sobre uma mesa. Se não era uma cena de se­dução, ela precisava reavaliar urgentemente seus conceitos.

Sam abriu a garrafa com uma eficiência bem na­tural.

— Falei para minha empregada o quanto você comeu hoje, e ela ficou preocupada.

— O quê? Tem uma mulher aqui? — As pala­vras dela invocaram visões de uma empregada à Ia Hollywood com um avental, saltos altos e nada mais, e assim que terminou de pronunciá-las, ela ficou vermelha. — Oh! Desculpe, Sam! De verdade! Não devia ter dito isso.

Ele a observou com olhar divertido e passou uma taça para ela.

— Tem uma mulher. Não exatamente aqui, mas perto. Ela mora alguns andares abaixo com o mari­do, Martin. Você deve tê-lo visto lá fora. Ele tam­bém trabalha como motorista para mim,

— Oh. É claro. — Ela deu uma risada tola. Sen­tou no sofá branco e quase perdeu o equilíbrio quan­do afundou nas almofadas macias. Viu o sorriso de Sam. Parecia que jamais estivera no apartamento de um bilionário sofisticado determinado a conseguir o que queria.

Ela riu do breve desconforto com autoconfiança, mas estava com o estômago embrulhado. Um gran­de risco surgia. Sua carreira, seu plano de vida, seu coração tolo...

Com uma aparência sexy e despreocupada, Sam se reclinou na mesa, servindo-se de uma azeitona.

— Lamento que ache esta sala desconfortável. Se quiser podemos ir para outro lugar. — Ele in­clinou a cabeça em direção à porta, para o resto do apartamento.

O que ficava lá? O quarto principal?

— Não acho. É bonito aqui. Por que pensa que me sinto desconfortável?

— Estou observando sua linguagem corporal. Acho que estou começando a decifrar.

Uma sensação de alerta a percorreu, mas ela en­carou o desafio, esticando as pernas e reclinando as costas.

— Você não tem chance. Sou famosa por meu talento de atriz.

—Você é boa, admito. "Sim, Sr. Stilakos. Não, Sr. Stilakos." Como se jamais tivéssemos sido amantes.

O coração dela saltou e ela baixou o olhar.

— E você? Também é muito bom. — Ela fez uma expressão amarga e falou com voz mais grave: — Tão austero e honrado.

As sobrancelhas dele se curvaram divertidas.

— Gosta de trabalhar?

— Claro. Adoro.

— E gosta do banco? Ela assentiu.

— Está lá há muito tempo. Já pensou em explo­rar outros caminhos?

— Não. Sempre gostei dos cargos que ocupei lá. Ele andou em sua direção.

— Você é muito talentosa. Sempre sorri e é agra­dável. A bela e eficiente senhorita O'Dea. Mas o que esconde? Quem foi o cara que ensinou você a não baixar a guarda? — O tom dele era casual, mas a pergunta não. — Em que pensa quando a luz se apaga, Eleanor?

— Em nada. Você me faz trabalhar tanto que caio imediatamente no sono logo que apago a luz. — Ela aceitou uma torrada com caviar e se forçou a uma mordida. Mas foi muito difícil consumi-la. Ele es­tava próximo demais. Não era essa a estratégia de sedução que ela esperava.

A perna dele estava próxima o bastante para roçar na dela e acender fogos de artifício. Uma parte dela queria que acontecesse, mas outra só queria fugir. Seria justo um chefe explorar o coração da secretária?

Ela precisava de um descanso. Levantou do sofá e percorreu a sala, fingindo interesse ao observar as obras de arte. Ela parou em frente a uma tela branca. ,. — O que acha? — disse ele, ficando de pé ao lado dela. — Inspirador? Edificante?

Ela inclinou a cabeça para o lado como se a per­cepção da presença dele não estivesse pulsando em suas veias.

— Tem um visual limpo.

Não é vazio e sem vida, como este aparta­mento?

— Não gosta daqui? — Ela observou os detalhes luxuosos que só eram acessíveis aos muito ricos e se arriscou a olhar para ele.

Ele voltou seu olhar para o chão.

— Acho que gosto mais daqui hoje do que ja­mais gostei. — Não houve sorriso acompanhando as palavras.

Com habilidade de mestre, ele a tomou nos bra­ços. O desejo nos olhos dele ardia como uma cha­ma. Agiria com indiferença desta vez, ela pensou desesperada.

Mas ele a beijou, e o corpo dela se agitou com a lembrança.

Não houve como ficar indiferente. Ao primeiro toque dos lábios dele, o desejo subiu-lhe pelo san­gue. Assim como na primeira vez, ele saboreou os lábios dela com uma delicadeza tão encantadora que os joelhos dela ficaram vacilantes. Os seios dela incharam de excitação quando ele passou os dentes pelo lábio inferior, num movimento sexy e lento.

Ele a puxou contra si com força e colocou a lín­gua entre os lábios dela, explorando-lhe a boca com uma provocação que ela não conseguiu resistir.

Tremores indefesos a percorreram quando os de­dos dele acariciaram suas costas e a puxaram contra seu corpo vibrante. Ela se agarrou a ele com uma estrutura que parecia derreter e com uma doce ur­gência entre as coxas.

Ellie massageou os ombros dele e cedeu ao vo­luptuoso prazer do corpo grande e forte em contato com suas curvas macias. O gosto e o cheiro dele deflagraram lembranças poderosas e incendiaram seus desejos mais secretos.

Ele pareceu retirar todo o ar dos pulmões dela. A vontade de tê-lo lutava contra a necessidade de oxigênio. Mas ele estava em controle total. No momento mais intenso as mãos dele subiram pe­los braços até os ombros e ele interrompeu o beijo, afastando-se dela.

Ela se balançou nos saltos, tonta pela falta de ar, e ele colocou a mão no ombro dela.

— Cuidado. — A voz calma e grave soou rouca, e os olhos dele pareciam em chamas. — E esse o gosto que lembro.

Sonhos de Uma NoiteWhere stories live. Discover now