Capítulo 20

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Mesmo Magoada,  ela manteve o con­trole.

— Outras pessoas gostam dela.

Outras pessoas. Está falando de Fletcher. E o resto do fã-clube que não tirava os olhos de você. Eles não precisam ficar tão próximos assim.

Ela sentiu um calor subir à cabeça.

— É isso que você quer, não é? Mais proximidade.

Ele a puxou contra a mesa. Ela sentiu a intensi­dade quando ele cobriu sua boca contra a dele e a abraçou. Beijou-o com a mesma intensidade que ele e desabotoou-lhe a camisa e o cinto, incentivando-o a abaixar o zíper do vestido e a abrir o sutiã.

Ela ficou na borda da mesa com os joelhos afasta­dos, e ele puxou o vestido para expor os seios dela. Tremendo de desejo, ela ficou à beira do êxtase, com os mamilos doloridos e uma febre entre as coxas.

Sob a camisa aberta, o peito largo dele era insu­portavelmente sedutor. Impaciente, ela se reclinou para frente e lambeu o mamilo.

Um choque percorreu o corpo de Sam. As mãos dele apertaram os ombros dela e depois, com um es­forço descomunal, ele se afastou. Ela perdeu o equilí­brio e caiu ligeiramente para trás. Ele ficou de costas para ela com as mãos crispadas e os ombros tensos.

— Vista-se. — As palavras pareciam arrancadas dele. O desprezo a feriu com intensidade.

Uma onda de vergonha a dominou. Ela rearrumou as roupas com as mãos trêmulas. Como seu corpo a traíra daquele jeito? Como podia ter se mostrado tão pronta para se render?

Sam lutou para ter força de apagá-la de sua men­te e esperou o desejo ceder. Lutou para não sentir o cheiro dela, para não pensar nos seios macios ar­dendo pelo toque masculino e nem nas coxas deli­ciosamente em contato com a renda preta.

Como ele, Samos Stilakos, chegara a este ponto? Quando uma mulher o levara a agir de modo tão desprezível?

Ele ouviu a porta fechar e se sentiu tomado por uma sensação de alívio.

Trêmula, desorientada, Ellie ficou do lado de fora com as mãos no rosto e o corpo e a mente numa tur­bulência dolorosa. Logo o desespero chegaria. Que homem a tratara com tanto desprezo?

Ficou do lado de fora até que parasse de tremer e o sangue deixasse de pulsar nas têmporas. Então, forçou-se a encará-lo.

Ele estava pegando um copo d'água, e seus movimentos eram estáveis como se nada tivesse acontecido. Andou até a mesa e olhou para ela. Por um instante, ela pensou ver incerteza no olhar sombrio.

Ela levantou o queixo, não querendo que ele vis­se o quanto se sentia vulnerável.

— Isso não pode continuar. Não posso aceitar.

— Não precisa se preocupar. — A voz dela esta­va carregada de emoção. — Neste momento, peço demissão.

Ele ficou parado com uma expressão insondável, depois se sentou.

— Talvez seja a melhor solução.

Ele pegou um lápis e o girou entre os dedos. O lápis quebrou.

— Pode esvaziar sua mesa.

Do lado de fora, ela cobriu o rosto com as mãos e sucumbiu a um ataque nervoso. As pernas cede­ram e ela caiu na cadeira. Abriu e fechou a gaveta algumas vezes e depois pegou uma caixa vazia. Co­locou algumas coisas inúteis lá dentro, jogou tudo na mesa e recomeçou.

Depois de alguns minutos, Sam saiu. Ele deu al­guns passos e a seguir parou como se tivesse lem­brado de algo.

— Seu contrato exige aviso prévio de um mês. Ela manteve o olhar baixo.

— Vou embora agora.

— Se fizer isso, vai perder seus direitos.

— Pense no lucro que vai representar para o seu banco.

Ele ficou em silêncio por um momento e depois disse com voz seca e firme:

— Ainda terá que voltar para pegar a carta de referência.

Ela manteve a cabeça baixa.

— Não preciso de sua carta de referência, obri­gada. Tenho referências maravilhosas de meus an­tigos chefes.

Ele parou em frente à mesa dela, depois entrou no escritório e fechou a porta.

Após colocar o máximo possível de seus perten­ces na caixa, ela ficou de pé. A porta foi aberta e Sam saiu.

— Eleanor. — Com frieza e orgulho, ela encarou o adversário.

— Se você... se encontrasse em uma situação di­fícil... como uma gravidez inesperada, o que faria?

Os olhos dele estavam sérios, como se estivesse mesmo preocupado. Ela ficou confusa. Por que ele precisava lembrá-la de como era antes de odiá-la? Várias respostas ousadas vieram à mente dela e não saíram de lá. Ela ainda era uma mulher e tinha co­ração.

Com dignidade ela disse:

— Eu encararia como uma situação buscando uma solução prática, e a resolveria.

— Como? Ou será que posso adivinhar? — Ele começou a se virar. — Não, não diga.

— Não parece óbvio? — Ela colocou a bolsa no ombro e seguiu em direção à porta. — Eu encontraria um emprego em uma empresa que se preocupa com os funcionários e tem creche no local de trabalho.

Ele a seguiu, pegou-a pelo braço e a puxou para encará-la.

— Entenda uma coisa, querida — ele falou por entre os dentes. — Nenhum filho meu será enfiado em uma creche.

Querida. Aquilo a atingiu em cheio. Ela deu um sorriso cruel.

— Apenas se você souber da existência desse filho.

***

Sonhos de Uma NoiteWhere stories live. Discover now