Capítulo 10

12.9K 1K 14
                                    

— Acho que já andou neste carro, não é?

A pergunta balançou Ellie no momento em que ela ia entrar no Porsche. E claro que andara nele. Ele a levara até Circular Quay e a beijara enquan­to os primeiros raios de sol iluminavam o porto de Sydney. Fora o ponto alto da vida dela.

— Refresque minha memória. O que prefere? Capota levantada ou abaixada?

Sorrindo, ela apontou para os cabelos.

— O que acha?

Ele se sentou ao lado dela. As mãos chegaram ao câmbio e ela instintivamente moveu os joelhos, apesar de saber que ele não os tocaria. Não desta vez.

Mas a ocasião lembrava muito a anterior, quan­do ele a levara até o terminal de barcas na luz do alvorecer. Naquela ocasião, as ruas da cidade e o próprio ar pareceram embriagantes.

Não era surpresa Schanelle e as outras não tira­rem os olhos dele.

— Há algo errado? — ele perguntou, virando o rosto de repente.

— Não — disse ela, corando. — Só estava pen­sando em Schanelle.

— Ah. Que coincidência.

Estaria ficando louca? O que dera nela para lem­brá-lo da pobre Schanelle? Mas ele mudou de pista de repente, fez um contorno e parou.

Ela olhou para fora confusa, e viu que estavam em frente a uma elegante boutique.

— Oh, a loja.

Ele olhou para ela, divertido.

— Conhece esta loja, é claro.

— De fora — ela admitiu com um sorriso, su­pondo que estavam lá para que ele escolhesse um presente de casamento para a ex-mulher. — Vou esperar no carro.

— Não vai não — ele afirmou. Sam saiu do carro e contornou para abrir a porta para ela.

Ela ficou de pé em frente à loja. Como ele acha­va que poderia contar com sua ajuda? Secretárias não tinham o hábito de fazer compras em lugares assim.

— Venha. — Ele a pegou pelo braço.

Uma vendedora percebeu a aproximação dele de boca aberta. Ellie desejou que uma mosca entrasse lá, até se lembrar da primeira vez que o vira e per­doá-la.

— Precisamos de peças para um casamento que durará um fim de semana — Sam disse para a ven­dedora, não parecendo se incomodar pelo quanto ela o olhava. — Vestidos, ternos, sapatos. Biquínis. Tamanho... — Ele olhou para Ellie. — Suponho que seja 40. Certo, Eleanor?

Ellie afastou os olhos de uma prateleira cheia de sapatos fabulosos com saltos cravados de pedras preciosas.

— O quê? Eu não preciso de nada.

— Precisa sim. Não posso jogá-la nesta condição sem providenciar o mínimo necessário. Já passei por esse tipo de situação e aprendi o que se espera de uma mulher. Você precisa de vestidos, sapatos, bolsas...

Ellie quase cambaleou. Ela o encarou, depois olhou para todas as belas roupas nos cabides. Era uma generosidade em uma proporção que ela jamais recebera, mas sabia que não podia aceitar. Era uma mulher livre e independente, e Sam era o seu chefe.

Ela se virou para evitar o olhar da vendedora e murmurou:

— Tenho roupas que posso usar.

Ela sentiu o olho experiente da vendedora ava­liando a qualidade de seu terninho e tentou parecer despreocupada.

Sonhos de Uma NoiteWhere stories live. Discover now