Capítulo 28

10.7K 890 16
                                    

Todos os convidados prenderam a respiração. Incrivelmente, Natalie se recompôs, pegou a mão do noivo e foi até eles com a dignidade de uma rai­nha.

Ellie tinha que admitir. Nathalie era uma perfeita atriz. A performance permitiu que todos os cumpri­mentos ocorressem tranqüilamente. Sam apertou a mão do primo civilizadamente, ainda de forma um tanto tensa.

As famílias pareceram aliviadas. As pessoas co­meçaram a se dirigir ao salão. Irene murmurou algumas palavras para o filho e foi se juntar aos mais velhos, enquanto Sam conduziu Ellie para uma mesa onde alguns de seus amigos do clube de vela estavam instalados com as esposas e namoradas.

Serviram champanhe, mas Ellie achou melhor se manter sóbria. A multidão seguiu para o bufê, e ela e Sam acompanharam.

Natalie surgiu atrás de Ellie e sussurrou:

— Você mentiu.

— Não menti. Está enganada.

— Tome cuidado — a loura avisou.

— O que foi isso? — Sam perguntou quando Na­talie se afastou.

— Oh — Ellie corou, pesando em como tocar no assunto. Respirou fundo e foi em frente. — Ela estava perguntando sobre aquele rumor maldoso. Você sabe, aquela impressão que sua tia teve. Não sei de onde Rosemary tirou a idéia. Fiquei tão sem graça, Sam.

— Ficou? — Ele observou o rosto dela com um olhar meditativo.

Ela teve uma terrível suspeita de que Sam achava que ela fizera de propósito para semear a idéia na cabeça dele.

— Fiquei — disse ela com insistência, imploran­do com os olhos para que ele entendesse que desta vez ela estava falando a mais pura verdade. — Es­pero que não ache que eu tive algo a ver com isso. Não tenho idéia de onde isso saiu, e agora todos...

— A idéia é tão desagradável para você? Gosta­ria que eu fizesse um anúncio em voz alta?

Ela o olhou confusa.

—Não. Não é desagradável para mim. Pensei que fosse para você.

Ele suspirou e olhou com irritação para os con­vidados.

— Não está cansada? Podemos ir?

Eles mal haviam começado a comer.

Agora? — Ela olhou para ele com increduli­dade. Se saíssem agora, a última noite deles estaria acabada. — Não podemos sair ainda.

Ele estava tão desesperado para escapar? Ela es­tava animada por ter a companhia dele. Olhou para o prato, depois pediu licença e foi ao banheiro.

Natalie estava lá, tragando um cigarro. Pela den­sidade da fumaça, não era o primeiro. O cheiro fez Ellie ficar enjoada e ela voltou para o corredor, abanando-se com a mão.

A porta se abriu e Natalie apareceu. Para uma mulher prestes a se casar com o amor da vida dela, parecia tensa, com olhos tempestuosos.

— Não sei como o trouxe aqui — disse ela para Ellie —„mas obrigada.

— Não fui eu. Não sei o que o inspirou a vir. Natalie parecia cética.

— Pare com isso, Ellie. — Ela olhou em volta e chegou mais perto. — Veja se consegue fazê-lo falar com Michael. Por favor. — Para surpresa de Ellie, ela caiu aos prantos.

— Oh, meu Deus — Ellie colocou o braço nos ombros de Natalie e a levou de volta ao banheiro. — Aqui. — Ela entregou-lhe alguns lenços de pa­pel e bateu nas costas dela até que se acalmasse.

Sonhos de Uma NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora