Capítulo 9

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Os olhos dele se acenderam de satisfação.

- Ótimo. Falei com ela, e ela acha que ficará à vontade. Agora coma sua salada. Precisaremos fazer algumas compras. E temos que discutir a viagem.

Ellie levantou as sobrancelhas.

- Não mencionei? Os pais de Natalie moram em Gold Coast. O casamento será no Palazzo Versace. Você ficará hospedada lá.

Ellie ficou impressionada. O Palazzo Versace era um dos resorts mais luxuosos do país. Ela tentou re­lembrar o que sabia sobre o lugar. Os comerciais de televisão davam a impressão de um palácio brilhoso flutuando num lago à luz da lua. Podia imaginar Natalie lá, mas Ellie O'Dea?

- Ótimo - disse ela insegura.

- Talvez seja bom levar um biquíni. Não pre­cisará sofrer o tempo todo. Deve haver algo que se possa fazer para preencher o tempo enquanto minha mãe se reúne com a família. Tem a praia, barcos à vela, essas coisas. - Ele fez um gesto casual com a mão e parou, contemplando-a.

- Não gosto muito de praia. Preciso evitar sol em excesso.

O olhar dele desceu até o pescoço dela.

-Ah, sim. Posso perceber. Você é muito branca, não é? Nunca vai à praia?

Ellie corou. Essa conversa lembrava outra que tiveram em outro local. Seria coincidência que muitas das coisas que ele dissera hoje a remeteram àquela noite?

- Bem cedo ou no fim da tarde. Gosto de nadar. Às vezes eu vou à piscina da academia.

- Pelo que me lembro, há uma linda piscina no resort.

- Não sei se me imagino nesse tipo de lugar.

- Eu consigo imaginar. - Um brilho iluminou os olhos escuros. - Imagino muito bem. - Ele olhou para ela em silêncio por um tempo que pare­ceu eterno enquanto as dúvidas pairavam na mente de Ellie. - E há sempre a noite.

Ela olhou para ele espantada.

- A noite? Não me sentiria segura em uma praia à noite.

Ele levantou as sobrancelhas e deu uma risada baixa e sexy.

- Não? E se estivesse com alguém? O coração dela deu um salto.

- Quem? Está falando... de alguém que eu pu­desse conhecer no casamento?

Os olhos dele esfriaram e o garfo ficou parado no ar.

- Eu não quis dizer isso. Tente se lembrar de uma coisa, Eleanor. Você irá para acompanhar mi­nha mãe, e não para ter um final de semana sensual. - Ele deve ter visto o horror dela porque acres­centou com a voz grave, cheia de charme: - Mas sei que você não é do tipo que abandona suas res­ponsabilidades por um envolvimento com um es­tranho. - Ele sorriu para ela e voltou a atenção para o prato enquanto a cabeça dela vibrava com pensamentos indignados. Ele não estava acima de um envolvimento com uma estranha. Então por que tocar no assunto? Será que estava dando algum tipo de sinal?

Ela olhou para a salada. De repente, a incerte­za era intensa. Que tipo de covarde patética ela era para permitir que esse jogo continuasse?

Se ele quisesse demiti-la, que fosse.

- Sam... - Ela respirou fundo e, numa onda de coragem, se inclinou para frente. - Está por acaso se referindo à noite do baile de máscaras?

Do outro lado da mesa, as mãos de Sam ficaram imóveis. Os olhos dele brilhavam com uma intensi­dade inquietante.

Ele falou tão baixo que ela precisou se esforçar para ouvi-lo.

- Não estou me referindo a isso. Se quer falar sobre isso, terá que me libertar da promessa, não é, Eleanor?

O alívio tomou conta dela. Apesar de parecer impossível, ela sentiu as bochechas ficarem ainda mais coradas.

- Oh. E claro. Eu... Não faz sentido... Não estou tentando...

- Ótimo. Detestaria pensar que chegamos tão longe para nada.

Seus nervos saltaram de choque. "Chegamos tão longe..." Como assim?

Sam Stilakos soltara os talheres. O olhar se deter nas mãos dele, ela percebeu que não estavam muito firmes.

O garçom trouxe água e causou uma distração muito bem-vinda. Depois que o rapaz se fora, Sam se recostou na cadeira e falou:

- Quem é o namorado? Qual é o nome dele? Tim?

- Oh. Deve estar falando de Mark.

O olhar dele era velado, e ela se preparou para responder com uma inexpressividade calculada.

- Mark foi para a Antártida.

- Antártida! De férias ou... Ela mexeu na salada.

- Em uma expedição.

- Ah. E quando você o espera de volta? Ela deu de ombros.

- Daqui a algum tempo. - Ela não queria dizer há quanto tempo ele se fora. E que desde então ele estava em Melbourne com uma loura cuja sensibi­lidade para moda era combinar coturnos com saia jeans.

Samos Stilakos continuou a avaliar o rosto dela discretamente.

- Antártida. É muito longe daqui.

***

Sonhos de Uma NoiteWhere stories live. Discover now