Capítulo 6

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Mas...

A promessa. Tudo conduzia mais uma vez para aquela maldita promessa. Enquanto estivesse preso pelo ridículo vínculo verbal, não via como agir de outra forma. Com a natureza passional encoberta sob a pele da recatada profissional, ela estava tão longe dele quanto uma princesa medieval em uma torre de marfim.

A voz da mãe chegou a ele.

— Não sei por que não procura uma boa garota, Sam. E uma pena que seja tão seletivo.

Ele se mexeu para alcançar a agenda sobre a mesa.

— É mesmo — ele concordou, abrindo a página daquele dia.

— Se tivesse uma bela garota para levar com você, calaria a todos. Adoraria arrancar o sorriso metido dos rostos deles. Se eu tivesse uma filha para me acompanhar... Uma garota sensível em quem pudes­se confiar... Não há alguém aqui que possa convi­dar? Acho que terei que ir sozinha, e espero não cair morta em um lugar estranho. — Ela ficou de pé.

Sam ficou de pé também e a abraçou.

— Não se preocupe. Tenho certeza de que há hospitais em Queensland.

A ansiedade dela tinha fundamento. Natalie sa­bia se comportar como uma bruxa, e o casamento seria estressante. Não era uma situação confortável para a saúde de Irene. Nada o faria ir, mas se ela re­almente comparecer, ele teria que encontrar meios de protegê-la. Talvez pudesse mandar alguém para acompanhá-la.

Teria que ser alguém calmo e sensível. Com ha­bilidades sociais excepcionais. De preferência que gostasse de festas.

Uma inspiração surgiu, e era tão brilhante, tão genial e diabólica, que ele quase não acreditou. Al­guém que precisaria de roupas apropriadas para tal ocasião.

Repentinamente energizado, ele deu um beijo na bochecha da mãe.

— Deixe comigo — ele disse com uma emoção renovada nas veias. — Acharei alguém para ir com você.

***

Ellie estava arrasada. Um mês no emprego e era o fim. Nem duraria tanto quanto Sasha, a primeira secretária de Sam como presidente.

Depois de Sasha, houve uma surpreendente su­cessão de secretárias. Mas do mesmo modo que as­sumiram o cargo, elas desapareciam.

Ellie não queria chamar atenção para si e se can­didatar, mas acabara tendo um encontro fatídico com Sam.

Acontecera depois da despedida de Prue, do RH. Ellie se esforçara para fazer daquela festa uma das melhores. Mais tarde, quando orientava o trabalho do bufê, uma diminuição no nível de barulho indi­cou a presença do chefe.

Seu amante da meia-noite.

Ele avaliou a atividade interrompida e andou até ela.

Seu coração quase parou. Será que a reconhe­cera?

Mais uma vez ele a prendera em seu olhar escuro e hipnotizante.

— Ellie O'Dea, não é?

Ouvir seu nome naquele timbre grave de voz a reconduziu para o quarto de hotel. A chama que ar­dera no sangue dela estava de volta à vida.

— Sim. Sou Eleanor. — Ela automaticamente esticou a mão. Assim que ele a apertou, sentiu uma descarga de eletricidade subir por seu braço.

Os olhos negros e profundos estavam tranqüilos e inquisidores, como o de qualquer chefe frente a uma possível funcionária.

— É ambiciosa, Eleanor?

Eleanor. Por que indicara que ele deveria chamá-la assim? Ninguém a chamava de Eleanor desde que tinha 5 anos.

Sonhos de Uma NoiteUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum