PNF - Capítulo 10

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Hey! Eu postei o capítulo 9 na semana passada como de costume, mas como o Wattpad estava em crise, muita gente não recebeu notificação. Verifiquem se vcs leram mesmo o 9 antes de ler esse aqui pra não ter a impressão que tem algo faltando kkk!
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[Rodrigo Aguilar - São Paulo, 1998]

Os dias que se seguiram foram um inferno.

E eu digo isso quase no sentido literal da palavra mesmo, sabe quando você acha que tudo esta indo, mas do nada acontece algo que muda completamente o curso das coisas e até fazem com que elas desandem? Pois é. Mas o que aconteceu não foi bem do nada, eu meio que já esperava isso.

Os Sobral processaram meus pais, que em resposta também entraram com uma ação na justiça contra a família deles, e foi aí que a verdadeira briga começou. Eu diria que aquela confusão no evento foi só o ponta pé inicial pra algo que eles já estavam querendo fazer e não tinham motivos suficientes.

Aquela velha história sobre as terras antigas voltou à tona, desenterrando uma série de coisas que aconteceram no passado e reivindicações no presente. As mortes foram lembradas, mesmo que isso já tenha sido há bastante tempo e como consequência, vieram também as acusações por calunia e mais processo. Três dias atrás, chegaram até noticiar nos jornais impressos sobre essa "guerra" das famílias e especulavam sobre a veracidade dos fatos, deixando tudo ainda mais caótico. Secretamente, eu torcia pra que alguém realmente descobrisse algo de útil e importante que fizesse essa briga acabar. Mas, como toda mídia, só existiu fofoca, especulações e mais nada.

E Miguel e eu ficamos no meio disso tudo.

Não que quiséssemos, mas não tinha muito que se fazer. Víamos e ouvíamos a tudo, às vezes compartilhando um com o outro, mas, como prometemos, sem deixarmos isso nos envolver de fato. E estava funcionando, já que nosso namoro fluía maravilhosamente bem, obrigado. Alias, única coisa boa dessa briga toda – se é que eu poderia falar assim – é que no meio de tudo isso, com os nossos pais mais preocupados em atingir uns aos outros, sobrou tempo para que eu e o Miguel nos víssemos mais sem ninguém pra interferir.

Como era o caso de agora, que depois de passarmos o domingo todo no parque com nossos amigos – leia-se Raquel e João Victor – eu fui acompanhar ele até a sua casa e, quando descobrimos que seus pais tinham saído pro teatro, eu entrei com ele pra ficarmos mais um pouco juntos.

—Tô te falando, era enorme Mig!

Ele gargalhava abertamente sobre o fato de eu não ter dormido durante uma semana no meu quarto por causa de um rato que vi lá. Minha cabeça estava apoiada na sua perna e ele, acho que sem nem se dar conta, mexia nos meus cabelos, me causando sono.

—Você tem sérios problemas com bichinhos nojentos.

Continuou rindo, me levando a risada também em poucos segundos. Com ele tudo fluía fácil.

—Pois é. Isso explica meus problemas contigo. – Comentei ainda rindo e recebi um tapa na cabeça por isso. – Ei, não me bate.

—Você acabou de me chamar de bichinho nojento. – Fingiu braveza, que por sinal, era a coisa mais totosa do mundo.

—O mais nojentinho de todos. E marrento. – Talvez essas sejam as minhas últimas palavras na terra.

—Sai do meu quarto. Agora.

Emburrou de vez, olhando pra mim de cima e parando totalmente de mexer no meu cabelo pra cruzar os braços. Sorri satisfeito, me levantando e sentando ao seu lado com as costas na parede.

Por Nossos FilhosOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz