PNF - Capítulo 43 - PARTE II

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[Rodrigo Aguilar Sobral – Coral Springs/FL]

Certo tá legal, respira, relaxa, solta todo o ar que você prendeu pelo momento inesperado e tenta não surtar... eu não surtar? Ri inconscientemente porque o que eu mais fazia nessa vida era surtar por bobagem... imagina como que eu estava agora?

Nós nos encontrávamos de frente um pro outro, ainda no mesmo lugar que ele tinha nos levado, só que agora um pouquinho mais pra cima, ficando assim na parte mais alta do local, e sorriamos um para o outro. Minutos antes nós estávamos nos preparando, algo que consistia em ele pegar seu celular, fazer umas coisas bem loucas com ele e ajustar na câmera – sim, porque ele era fotógrafo e se bobear fotografava até pessoas no banheiro, então ele não poderia perder um momento como esse – e eu que insisti até que colocássemos uma florzinha nos bolsos da frente de nossas camisas. Seria o casamento mais informal que eu tinha visto – e eu ainda seria o noivo – com camisas polos e calças e shorts jeans nada convencionais para isso, mas também seria o casamento mais importante e significado, com uma história de conflitos e superações por trás.

—Tem certeza?

—Tenho... Você não? – Ele não iria dar pra trás, né? Eu já tinha criado toda uma expectativa, poxa, eu quando crio expectativas sou pior que festa de fim de ano e parente chato fazendo piada sem graça junto.

—Não, eu tenho... eu só queria saber se você tinha.

Revirei os olhos com sua resposta, pois, o que eu mais queria era me casar com ele naquele momento... ah, e uma airfryer, a fritadeira sem óleo da Polishop também.

—Tá nervoso?

—Um pouco... é a primeira vez que eu me caso. – Riu pegando na minha mão e apartando meus dedos com força, ainda de frente pra mim. – E você?

—Eu já me casei três vezes.

Meu psicólogo diz que eu uso o sarcasmo pra evitar assuntos sérios, deve ser verdade, mas Deus me livre de ter que falar pra ele que eu estava nervoso sim porque um dos meus maiores sonhos na adolescência, e que nunca se realizou e que por isso eu fui tão frustrado em outros relacionamentos, estava prestes a se realizar.

—Tô perguntando se você esta nervoso. – Negou com a cabeça, desistindo de falar comigo. – Tá legal, como que... isso vai acontecer?

Se referiu a nós dois que ainda estávamos parados no mesmo lugar esperando sei lá o que... talvez que um padre aterrissasse de balões ali no meio do nada pra realizar a cerimonia. Por quê não?

Problema é que eu tinha lido só até a página doze, nunca havia chegado até essa parte, então não sabia muito que fazer. Tipo aqueles vendedores de cartão que insistem, insistem pra você fazer um, aí quando você finalmente aceita, eles até se assustam porque nunca chegaram a essa parte.

Mas eu tratei de improvisar...

—Bem... é. – Me ajeitei e limpei a garganta, pegando mais firmemente na sua mão. – Bem, eu acredito que se nós dois estamos juntos aqui hoje, foi porque alguma divindade divina permitiu e nos ajudou nessa caminhada, eu acredito nisso, sabe... Deus? Eu não sei e não vou dar um nome. Mas, o que eu quero dizer é que fomos guiados até aqui. Todos os contratempos, todas as coisas ruins, todas as coincidências e surpresas nos trouxeram de volta um pro outro. Alguém olhava pela gente e sabia que era exatamente esse caminho que deveríamos percorrer. Quando eu te disse que nós não precisávamos de nenhum comprovante em papel para isso, é porque não precisamos mesmo, essa vai ser uma cerimonia de valor simbólico, representativo e que vai pra sempre simbolizar a pureza daquele nosso amor adolescente. Porque, a única coisa que era pra ser escrita, já foi Mig... há anos atrás... quando nem imaginávamos! Hoje, esse céu, esse sol e principalmente o destino se tornam testemunhas do que estamos fazendo, de que estamos finalmente nos unindo e que dessa vez vai ser pra sempre. – Terminei sorrindo de orelha a orelha, embora meus olhos estivessem transbordando emoções que eu jamais imaginei sentir, junto com lágrimas grossas que eu já tinha desistido de secar. Eram lágrimas de felicidade, dessa vez eram, o mais completo e significativo estágio de felicidade que alguém poderia alcançar. – Então... eu quero saber se você aceita ser meu companheiro de crime, meu amigo, meu ajudante de cozinha, porque sim, eu vou te colocar pra lavar louça algumas vezes... meu marido a partir de agora?

Por Nossos FilhosWhere stories live. Discover now