PNF - Capítulo 34 - PARTE II

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Oioi! Essa é a segunda parte do capítulo que eu postei ontem, se você veio direto a esse, vai precisar voltar pra entender.

***

[Rodrigo]

—Você deveria fazer uma exposição de todas elas.

Falei chegando perto de onde ele estava, chamando sua atenção e o fazendo se dispersar da câmera que não desgrudou de suas mãos nem por um segundo. Lhe entreguei uma xícara de café quente que eu tinha acabado de preparar e ele sorriu aceitando.

—Não fala bobagem.

—Estou falando sério.

Afirmei novamente, porque, até onde eu vi da sua atividade, e olhando as prévias pelas pequenas telas digitais das câmeras, eu tinha achado tudo incrível.

Fazia algum tempo que ele estava focado na parte de trás do sítio, onde encontrou a vegetação mais densa, algumas flores que eram corajosas o suficiente para florescerem, visto que não tinham muito cuidado, e algumas palmeiras plantadas quando eu ainda era novo, que foram imediatamente viradas do avesso por ele. Sem falar do cenário com um todo, nada passava despercebido do seu olhar minimalista e diria que até artístico. Mas eu só via uma criança ali, cada vez que via seus olhos brilharem por uma nova foto, eu sorria e sentia que estava cada vez mais próximo do Miguel, aquele de verdade.

Desde que chegamos ali o tempo pareceu passar rápido demais. Ele já tinha comido, reclamado que a comida havia ficado fria pela demora, reclamado por eu ter reclamado que ele reclama demais e por fim, assim que vimos os primeiros raios de luz, saímos da casa e não entramos mais. Queria que o tempo pudesse passar mais devagar, eu realmente não queria ter que ir embora.

Sentei ao seu lado em uma das grandes pedras e tomei um pouco do café na minha xicara, o sono começava a bater, mas em hipótese alguma eu deixaria que isso estragasse o momento. Os pássaros já cantavam não muito longe dali, com a neblina indo embora aos poucos e o sol começando a surgir de verdade, notei que até o cheiro da manhã era diferente do tão poluído da cidade. Isso era bom demais, parecia um sonho.

Será que é muito cedo para chama-lo para morar ali comigo e adotarmos duas galinhas de nome Diana e Olivia?

—Eu nunca mais passei uma noite acordado pra uma coisa tão gratificante assim desde que a Clara era bebê e queria ficar brincando ao invés de dormir. – Ele estava feliz, era quase palpável sua felicidade enquanto me contava.

—E isso era bom?

Perguntei estranhando, porque, veja bem, eu odiava quando levantava a noite pra trocar a fralda do Yuri e aquele banguelo não dormia mais, pois eu morria de sono.

—Pra mim era. – Deu de ombros, soltando a câmera que estava presa em seu pescoço pela alça e tomando um gole do café. – Até seu café é bom.

Talvez eu pegue ele pelo estomago, afinal. Sorri com aquilo, me acomodando um pouco mais na pedra e bebendo do meu café num silencio confortável.

—Você tá bem? Não tá com sono? Trabalhou boa parte da noite...

—Estou bem, geralmente tenho o costume de dormir mais durante o dia.

Respondi rapidamente antes que ele começasse a se preocupar de um jeito errado, olhando pra ele e tentando garantir que o que falei era verdade. Ele então anemizou a expressão, concordando e relaxando, sorrimos um pro outro e ficamos assim por algum tempo. Tempo bastante pra começar a ficar estranho, mas não estranho de um jeito ruim, nos encarávamos como se não quiséssemos nada além de estar ai, reconhecer o outro e guardar o momento.

Por Nossos FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora