PNF - Capítulo 25

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[Rodrigo Aguilar]

Tá tudo bem, mas tá esquisito.

Logicamente que, depois de ficar só olhando aquela cena de longe por vários e vários minutos, observando como os dois riam como se nada tivesse acontecido, como se o tempo não tivesse passado e como se a porra dos meus sentimentos não estivessem sendo magoados, eu resolvi ir lá. Ia sim, ué.

Me assegurei de que a cozinha iria ficar em boas mãos, afinal, todos ali era bons profissionais, e tirei o guardanapo dos ombros, me ajeitando pra atravessar o salão. Os dois continuavam rindo – mais que porra, tão contando piada? – e eu fui obrigado a parar meu trajeto até lá por um momento porque vi algo aparecer no meio de todos aqueles sorrisos. As covinhas. As malditas covinhas que ele tinha e eu era fascinado na adolescência. Gritei internamente. Quanto tempo eu não as via? Agora parecia ainda mais sexy, pois uma barba as tampava superficialmente, porra, me fode. Ou deixa eu te foder.

Amém revezamento.

Saí do transe, acabando de vez por atravessar o salão do restaurante e chegando na mesa onde eles estavam. Bonito! Que bonito, que cena mais linda.

—Rô. – Raquel disse assim que notou minha presença. – Olha só quem aceitou meu convite pra jantar... Senta aqui com a gente.

Ela convidou e em outra ocasião eu teria recusado, mas ao ver a cara que ele fez, eu já puxei a cadeira e assim o fiz. Certas coisas nunca mudam, né mesmo!?

—Estávamos relembrando algumas coisas, você tem tempo né? A cozinha não vai pegar fogo nem nada disso.

—A cozinha só costuma pegar fogo quando você está nela. – Respondi no mesmo tom, olhando desafiadoramente pra ela e a deixando sem resposta. Touché.

—Espera... então vocês dois que são donos daqui?

Miguel falou pela primeira vez, questionando meio que o obvio e olhando da Raquel pra mim intercaladamente, esperando que um de nós respondesse. Mas, embora isso, ele ainda não tinha olhado diretamente pra mim e me dirigido qualquer palavra, então, eu encarei a toalha impecavelmente branca da mesa, deixando para que a Raquel respondesse primeiro, pois eu não me sentia incluso na conversa ainda.

—Sim, é nosso. Costumamos falar que é meio que o nosso filho, né Rô.

—Sem direito a pagar pensão se nos separarmos.

Respondi meio sem graça pelo clima, eu nem sabia mais o que estava falando, e pra falar a verdade, já estava arrependido de ter ido até ali. Eu realmente deveria voltar e, quando já me preparava pra isso, escutei sua risada soar baixa e sem jeito pelo que eu tinha dito. Encarei-o ele mantinha uma expressão neutra, mas com um sorriso ainda que contido nos lábios e não parecia de alguma forma o ser ceifador de corações que eu vi e conversei da ultima vez. Ele também me olhou depois de um tempo, deixando o sorriso morrer um pouco, porem não expressando raiva ou nada do tipo ao manter contato com os olhos.

Olhos nos olhos.

Sorri a ele, me lembrando de todas as vezes que já tinha feito isso e desejei por um segundo que o tempo voltasse atrás. Não que eu não estivesse satisfeito com a vida que tinha, eu estava, e muito, mas eu queria poder reviver de novo, nem que por um segundo, a adolescência, especialmente a época que havia bem menos problemas e o meu namoradinho não era pai da namorada do meu filho. O sorriso dele também voltou e na minha cabeça eu fantasiei que ele estivesse pensando o mesmo, qual é, eu posso fazer isso.

Cara, ele era tão cremoso.

—Rô, olha só que legal. – Raquel chamou nossa atenção e só então eu percebi que tinha me desligado do mundo. – O Mig estava me dizendo que é fotografo, estava pensando aqui e isso me deu ideias, nós precisávamos mesmo de umas fotos novas pra atualizar o site, né? Hoje em dia isso é muito importante, qualquer um pode nos achar, se interessar e gerar movimento pro restaurante.

Por Nossos FilhosWhere stories live. Discover now