Capítulo 4

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Fogo, fumaça e escuridão é tudo que posso ouvir, o som da batida do meu coração abafa os gritos e choros que em minutos dominaram as ruas e casas por onde eu passava.

Corro mais do que posso aguentar mas obrigo meus pés a continuar correndo sem parar, sem enxergar estou as cegas, sem um rumo certo ainda penso apenas em uma coisa, um alguém "Noah" preciso encontrá-lo logo, vejo uma mulher atravessar a rua correndo com uma criança nos braços, ela tenta manter ele calmo mas não consegue se manter calma, continuo correndo, não ligo se é uma atitude egoísta preciso encontrar o Noah, entro na casa dele sem bater começo a procura-lo em todos os três cômodos sem sucesso, ele não está em casa, pela primeira vez da noite meu corpo é tomado pelo puro desespero, corro pra fora da casa as lágrimas voltam a cair estou sem chão dessa vez não corro apenas ando, minha visão embaçada pelas lágrimas e cinzas, vejo um grupo de homens com espadas e machados atravessar a rua e entrar em uma casa, escuto os gritos que saem da mesma, fico parada por instantes como em um grande "Piratas... por aqui?" , escuto  uma explosão que faz eu sair do meu transe, volto a correr quando vejo os homens sair, paro bruscamente ao ver outro grupo de homens sair de dentro de outra casa um deles me olha de cima a baixo e sorri, viro e corro o máximo que consigo virando em várias esquinas vejo as ruas aos poucos ficaram mais largas posso ver as ondas, então alguém me puxa por um braço, instintivamente acerto um soco no rosto sem nem ver a quem pertence, ele me solta e posso ver o uniforme oficial.

- Me desculpe.... achei que fosse um... me desculpe.

Ele se recompõe e olha pra mim, engulo em seco ao ver Henri.

- Muito bom...

Ele diz sorrindo enquanto segura o queixo, então seus olhos param sobre a trouxa de roupas e livros que esta na minha mão, dou uma última olhada pra ele pela primeira vez notando seu rosto uma leve luz passa por seu rosto, posso ver seus olhos azuis e as mechas de cabelo castanho, molhado pelo suor, dou um passo pra trás.

- Me desculpe... Não posso casar com você... Eu não te conheço.

Dou mais um passo pra trás, e tropeço, deixo um dos meus livros cair, corro pra longe dele indo pra praia os gritos vão ficando cada vez mais distantes sinto a areia entrar mas minhas sapatilhas.

- Noah!!

O chamo o mais alto que posso, corro na margem, e entre as pedras o chamando, a água molha meus pés e a barra do meu vestido.

- Noah?!!

Chamo mais uma vez.

- Não deveria estar sozinha a uma hora dessas senhorita...

  Um frio percorre minha espinha e eu me viro rápido vendo a imagem de um homem alto com um longo casaco preto e um chapéu, olho pra trás mais uma vez vendo o mar atrás de mim, olho pra ele de novo vendo uma espada em sua mão
.
- Já estava de saida...

  Corro o mais rápido que posso pra longe dele sinto algo bater nas minhas costas e caio de lado em uma pedra, um gemido de dor escapa pela minha boca vejo ele se aproximar de mim.

- Querofalarcomocapitão.

  Ele me olha, não posso ver bem seu rosto já que ainda está escuro, mas tenho a impressão que ele não pretende me deixar ir embora.

- O que disse senhorita?

Percebo um tom de divertimento em sua voz.

- Eu disse... Me leve ao seu capitão.

  Digo tentando disfarçar o medo em minha voz, escuto uma risada e o olho, todo medo logo se transforma em raiva, eu levanto e o encaro.

- Me leve ao seu capitão.

  Ele segura meu braço, tento me soltar sem sucesso.

- Claro se quer ir pra nosso navio.. eu te levo com prazer senhorita... por um certo preço é claro.

  Guspo na cara dele conseguindo me soltar e volto a correr, sinto alguém me empurrar caio na água e sinto alguém me levantar, minha visão está embaçada, vejo um punho vir em minha direção e tudo fica escuro.

  Um gemido escapa quando tento me levantar, tento levar a mão e cabeça mas não consigo, percebo que minhas mãos estão amarradas, olho em volta e não vejo nada apenas escuridão, então olho pra frente vendo o mesmo homem.

- Pra onde está me levando?

Posso sentir as ondas batendo no bote, meu corpo estremece de medo quando um vento sopra meus cabelos.

- Pra onde você queria ir.

Ele fala e solta uma risada.

- Você só sabe rir?

  Pergunto sem pensar muito e logo me arrependo, ele permanece em silêncio, mas mesmo no escuro posso ver que ele está se divertindo enquanto olha pra mim, mordo um lábio pensativa e coloco as mãos amarradas na frente de seu rosto.

- Tem medo de uma menina?

Ele continua em silêncio, eu bufo decepcionada e reviro os olhos e olho mais uma vez em volta, consigo ver luzes e um grande navio.

- Esse é o navio?!?

Ele continua em silêncio e eu o olho, começo a tentar desamarrar as cordas.

- Eu conheço esse navio... ouvi histórias sobre o...

- Você não sabe para de falar?

Ele me interrompe e eu fico em silêncio o resto do trajeto, o medo ainda percorre meu corpo, penso em pular mas dificilmente conseguiria voltar pra praia então só o que me resta é esperar, tentar pensar em algo e torcer para que o capitão seja mais razoável.

Sete MaresWhere stories live. Discover now