Capítulo 10

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(Capitão)

Tomo o último gole de rum que sobrou e jogo a garrafa contra a parede, risadas ecoam pelo convés e eu as acompanho satisfeito antes de entrar em minha sala para tirar a ratinha de la, "ou não", penso melhor, talvez a deixe mais confortável em minha cama por uma noite, sorrio comigo mesmo, não se negocia com piratas e ela saberá disso assim que eu tiver o que preciso dela.

- Como está indo com meus papéis ratinha?

Pergunto fechando a porta, mas não recebo uma resposta o quarto está silencioso, até de mais, tudo o que escuto é o mar.

- Ratinha? Falei com você.

Digo já ficando irritado, quem ela pensa que é?

Mas então me viro para onde ela deveria estar e encontro sua cadeira vazia e a garota caída no chão, ainda segurando a pena entre os dedos, né abaixo ao seu lado.

- Maldição!

Coloco a mão em sua testa afastando uma mecha de cabelo molhado pelo suor, ela queima de febre, seu corpo está trêmulo de frio, xingo baixo antes de juntar seu pequeno corpo em meus braços e a levar até minha cama, cubro seu corpo até a cintura com um velho cobertor, caminho até o outro lado da sala e pego uma tigela e a encho com a água de um jarro, pego a cadeira que ela antes usava e um velho lenço.

Me sento ao lado da cama e umedeço o lenço e coloco sobre sua testa.

- Não morre ainda, seria incoveniente morrer agora ratinha.

Falo com certa raiva, ela destruiu minha única chance em meses não pode morrer antes de me devolver, depois sim, ficarei feliz em providenciar eu mesmo uma morte lenta.

Seco seu rosto, me levanto e solto a tigela de água na mesinha antes de pegar os papéis onde ela escreveu e volto a me sentar já analisando linha por linha, está faltando partes mas está claro que são rotas de um navio, e todos os lugares onde ele para, onde abastece, mas os desenhos não entendo o que podem significar, um mapa? Um aviso? Uma indicação?
Deixo os papéis onde estavam e volto a observar a garota deitada em minha cama, "o que mais vai tirar de mim?", Tiro minha espada e começo amolar a lâmina com uma pequena pedra enquanto penso, meus olhos se desviam vez após vez para a garota que tem a beleza de uma sereia e que tão ardilosa quanto uma, queimar os papéis pelos mares seria a mesma coisa que eu faria acho que foi isso que me impediu de a atravessar com minha espada naquele momento, ela sabia que ia morrer de qualquer jeito mas preferiu tentar viver o máximo, percebo que estou sorrindo, guardo a espada e jogo a pedra longe me levantando.

- Pelos mares.

Caminho por alguns minutos na sala, isso não muda nada, ela logo vai morrer, eu vou ter o que quero e vai acabar... Esse inferno vai acabar, então tiro as botas e deito ao seu lado, próximo ao seu corpo trêmulo, "precisa se aquecer logo, não morre antes de me ajudar a conseguir o que quero", afasto qualquer pensamento de minha mente, tenho a impressão de que quando minha cabeça encosta no travesseiro já estou dormindo.

Sete MaresWhere stories live. Discover now