Capítulo 43

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  O sol arde sobre nossas cabeças, nas ultimas semanas tivemos pouca sorte, nada de valioso fora saqueado além de algumas cargas vindas da china repletas de caras porcelanas, o capitão se rendera evitando que qualquer  sangue fosse derramado, decisão sabia mas nem todos se agradaram com isso.

  Meus dias são tomados de pequenos afazeres e longas garrafas de rum, não há muito para um mestre de armas fazer quando todas estão em ordem e não há quem ensinar, as vezes pratico com Jaime, outras com Eduardo, mas nunca com o Capitão, ele tem evitado cruzar nossos caminhos e eu não contrario sua decisão, muitas decisões foram tomadas em terra e com certeza ambos temos dúvidas se foram as certas, contudo depois de saber seu passado, o que lhe aconteceu, o respeito ainda mais como capitão.

  Dou um longo suspiro apertando um dos muitos nós do mastro principal, o vento sopra em uma agrádavel brisa salgada e constante, empurrando as velas cada vez mais perto de nosso destino, sinto um frio percorrer minha espinha ao lembrar qual é.

  Sento escorada no mesmo mastro em que passei muitas noites amarrada e tiro uma pequena garrafa presa perto de minha adaga na perna direita, levo elas aos labios tomando varios goles que passam queimando em minha garganta, suspiro e olho para o céu com a aba do chapéu fazendo uma breve sombra sobre meus olhos.

(Dois meses atrás)

 (Rachel Jones)

  "Meu coração bate forte em meu peito, olho para o Capitão parado em minha frente, ele está de costas mas posso ver a espada em sua mão, pingando vermelho.

 - Ninguém toca na minha tripulação!

 Ele limpa o sangue no casaco e guarda a espada antes de se virar para mim, ele olha em meus olhos.

 - Deixe o rato apodrecer onde é seu lugar.

 Ele me segura pelos ombros e me arrasta para fora do beco, poucos minutos antes não entendia nada do que estava ocorrendo, ele me levara para o beco onde esse homem nos aguardava, algo fora entregado as mão do capitão e quando meu nome fora tocado, o preço, eu tinha sido a moeda de troca, ele me vendera tal como meu pai havia feito, me trocara por um pedaço de papel, lembro do desespero que meu corpo foi tomado e então o homem caiu.

 - Ia me trocar, ia me vender para aquele.. aquele...

 Empurro o capitão para longe de mim, lagrimas brotam em meus olhos.

- Sim eu ia e se ele não tivesse sido tolo o suficiente para me entregar o combinado antes de recebe-la eu o teria feito!

 Sem pensar escuto minha mão estralar em seu rosto, como pude cojitar que ele era diferente do monstro que me criou, são monstros tal como Noah sempre falara.

- Nunca.. Mais.. Faça.. Isso!

 Vejo um brilo em seus olhos tal como nos conhecemos, um brilho assustador que me faz recuar.

- Ele não  a machucou, não o deixei tocar em você, você precisa aprender a confiar na tripulacão a quem pertence, principalmente em seu capitão! 

 Deixo as lagrimas escorrerem por meu rosto, viro minhas costas e corro para longe dele"

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