Capitulo 8

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As ondas acariciam meus dedos, o vento sopra meus cabelos, olho mais uma vez para o navio que estamos à nos aproximar, minha mente está confusa meu sequestrador ou salvador e possivelmente meu futuro assassino continua em silêncio mas sinto seus olhos sobre mim pronto pra tudo que eu pudesse tentar e por certo eu tentaria, olho de canto para ele e suspiro voltando minha atenção para a água respiro fundo mais uma vez e deixo o peso de meu corpo pender para o lado fazendo o barco balançar e pulo para o mar, sinto meu corpo começar afundar na água volto a superfície, o vestido molhado começa a ficar pesado mas forço meus braços a nadarem mais rápido, escuto o barulho de algo cair na água, não ouso olhar para trás, sinto o gosto salgado do mar e meus músculos queimarem pelo esforço, um grito escapa pela minha garganta quando sinto algo segurar minha perna, começo a tentar chutar mesmo sem o enxergar, meu corpo é puxado pra trás e minha cabeça empurrada para baixo, me debato e ele segura meu cabelo forçando todo meu corpo embaixo d'água, cravo minhas unhas em seu braço, inutilmente luto em busca de ar e aos poucos vou perdendo as forças "Sinto muito Noah... Sinto muito mãe não consigo...", Desisto de lutar sinto meu pulmão arder, então a pressão sobre mim cessa e sinto meu corpo ser puxado para cima, o ar invade meus pulmões trazendo de volta a sensação de vida, meus olhos pesam mas os forço a ficar abertos, um braço envolve minha cintura e começa a me puxar, sinto seu corpo contra o meu enquanto ele me segura com um braço e nada em direção ao navio, tusso mais algumas vezes, meus olhos ardem a adrenalina vai passando com o tempo e o cansaço vai aos poucos tomando meu corpo, sou arremessada para frente e me deparo com o grande casco do navio, estou de frente as escadas que apenas um dia atrás tinham me devolvido minha liberdade.

- Suba!

A voz dele é grave e ele parece irritado "até a voz parece arrogante e orgulhosa", seguro a escada com uma mão e olho por cima do ombro vendo parte de seu rosto logo atrás de mim, as mechas de cabelo molhadas e caídas em seu rosto, ele não fala nada então volto a olhar para a escada, suspiro e começo a subir degrau por degrau as vezes escorregando no vestido, olho para baixo vendo a água que bate contra o casco.

- Nem pense nisso... Não terá a mesma sorte que antes.

Ele fala como uma ameaça mas ao invés de me sentir ameaçada olho em seus olhos por vários segundos, "eu não vou mais me intimidar... Não vou desistir e nunca, nunca vou implorar a você pirata" cerro os dentes mas fico em silêncio e volto a subir, quando consigo chegar ao convés tropeço quase caindo, escuto os passos dele logo atrás de mim, me viro ficando de frente para ele, ele parece com raiva mas sua postura impõe respeito, logo escuto alguns murmúrios e alguns gritos de vitoria mas não olho em volta e sim encaro os olhos do capitão que são frios como o gelo, sinto como se seu olhar pudesse ler qualquer pensamento meu é pudesse ver cada um de meus segredos, então de repente recebo um soco no rosto, meu corpo bate contra o chão de lado, um gemido escapa pela minha boca recebo um, dois, três chutes na barriga, mordi o lábio a cada chute numa tentativa de não gritar, qualquer sussurro que antes havia foi substituído por gritos de incentivo, mas então no quarto chute ele para e se abaixa do meu lado.

- Se tentar fugir de novo... Desobedecer minhas ordens ou irritar o que vai te acontecer vai ser bem pior que isso.

Observo ele se levantar mas continuo no chão com as mãos sobre a barriga.

- Temos um curso capitão?

Facho os olhos tentando amenizar a dor.

- Norte... Por enquanto siga para o norte.

Sinto mãos segurarem meus braços e me levantar, abro os olhos vendo o capitão a minha frente ele me puxa até um mastro, um garoto que não deve ter mais de doze anos corre em direção ao capitão lhe entregando uma corda, fico encarando o garoto, tão jovem já um pirata e nem percebo que meus pulsos estão sendo amarrados atrás do meu corpo, tento deixar espaço entre os punhos para conseguir me livrar mas ele percebe e aperta mais a corda e em seguida passa a corda em volta de minha cintura me deixando presa ao mastro resmungo irritada mas ele parece não ligar e começa a se afastar, deslizo até o chão sentando, olho em volta lutando contra a dor e as lágrimas que insistem em querer cair, olho em volta vendo vários homens mas nenhuma mulher, alguns me observam e me analisam, puxo as cordas tentando soltar inutilmente, não posso ficar aqui com eles.

- Ninguém além de mim toca nela...
Ele fala subindo as escadas, "além de mim?" Continuo tentando me soltar, vejo o lugar que por toda minha vida chamei de lar aos poucos desaparecer no horizonte , o sol dar lugar a lua e o calor ao frio, desisto de lutar contra as cordas quando não consigo mais faze-lo, meu corpo não para de tremer o vestido molhado faz com que o frio seja insuportável, fecho os olhos com força e cerro os dentes para parar de bater uns nos outros, puxo as pernas contra o corpo tentando me manter mais aquecida, com certeza não foi uma boa ideia pular no mar, se não tivesse pulado não estaria encharcada e ia estar mais aquecida, aperto mais os olhos tentando pensar em outras coisas, me concentrando em boas lembranças.

Sete MaresWhere stories live. Discover now