Capítulo 32

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  (Rachel)

  Abro os olhos lentamente, estou viva! O quarto parece girar por alguns segundos, escuto longe o que parece ser vozes, muitas vozes, sento rápido na cama o que faz um gemido de dor escapar, levanto com cuidado e, com as mãos trêmulas, levanto a saia do cvestido até acima da cintura, sinto uma lágrima escorrer, estou coberta de hematomas roxos e amarelados, baixo a saia não querendo olhar pra mim mesma, fraca, mais uma vez fraca, caminho cambaleante até a porta e abro apenas uma fresta.

  - Talvez os senhores tenham esquecido quem é seu capitão... E por que sou!

  Tudo fica quieto por alguns instantes.

  - Se alguém ousa me desafiar de um passo a frente!

  Abro um pouco mais vendo as costas do capitão logo a frente, ele puxa a espada, como que desafiando alguém a o enfrentar.

  - Ninguém?

 Ele se vira para mim, ele me viu, claro que me viu, me assusto a caio para trás.

 - Baixem um bote!

 Ele grita então escuto a porta ser aberta, ele para a minha frente, levanto tentando ao máximo conter a dor e não a demonstrar.
 
-

Como está?

  Forço um sorriso, afinal ele me salvou mais uma vez, sei que devo minha vida a esse homem, céus eu devo minha vida a um pirata.

- Melhor obrigada.

  Ele continua me olhando sério e então abre passagem para mim.

  - Venha!

  Passo por ele indo para fora sem questionar sua ordem, os homens estão espalhados pelo convés, paro meus olhos no imediato que está amarrado ao mastro, o que aconteceu aqui? Olho para o capitão esperando que ele explique mas ele nem olha para mim, estão baixando um bote, por que estão baixando um bote?

  - Levem ele para o bote, deem uma garrafa de água e dois pães!

  O que estão fazendo? Vejo Felippe e outro homem mais velho arrastarem o imediato para o bote, este está inconsciente, Jaime aparece correndo e carregando uma pequena trouxa, os pães e água, deduzo eu.

  - Baixem o bote!

  Todos os homens olham para o bote, eles parecem assustados como ratos encurralados.

  - Agora escutem seus vermes... Qualquer homem que ousar desobedecer outra ordem de seu capitão terá o mesmo destino que esse homem...

  Ele olha de relance para mim, desvio meu olhar para o chão, sei que o que ele falou também servirá para mim.

  - A senhorita Rachel de hoje em diante não será mais uma prisioneira... Ela irá fazer parte dessa tripulação, então qualquer homem que tocar nela sem seu consentimento  terá o mesmo destino desse homem.

  Silêncio, completo silêncio, nem o mar parece disposto a desafiar o capitão.

  - Se.senhor ela é uma mulher!

  Uma voz trêmula corta o silêncio, vejo os olhos do capitão queimarem ele olha para o homem que falou.

  - Sim, eu já percebi!

  - Todos sabem que trás má sorte uma mulher no mar!

  Um homem mais velho ganha coragem para falar.

  - Eu não perguntei a vocês, eu sou o capitão eu tomo as decisões senhor Smith, não volte a me questionar!

  Posso sentir o medo dos homens, meu próprio medo, agora eu faço parte da tripulação, sou uma pirata como eles, sou igual a eles? Como a Capitão consegue controlar tantos homens apenas com palavras? Ninguém foi capaz de o desafiar, de desafiar sua palavra... Olho de relance para o bote antes dele sumir, escuto o barulho dele cair na água.

  - Senhores... Içar velas.

  Ele fala e se vira para mim, então simplesmente sai me deixando lá sozinha.

  Olho para o o convés, os homens estão me olhando, eles não parecem raivosos como antes, apenas curiosos e até mesmo amedrontados.

  Me viro vendo Jaime correndo em minha direção, ele parece feliz, como se nem tivessem deixado um homem a deriva no mar, sinto um conflito dentro de mim, isso é errado, mas parece tão certo.

  - Você é uma de nós agora senhorita Rachel!

  Vejo que em suas mãos ele está me trazendo a fina espada que o capitão me deu assim como minha adaga.

  - Não largue elas nunca senhorita.

  Ele me oferece e eu as pego, não vou largar, prendo a espada em minha cintura.

  - Obrigada Jaime!

  Ele apenas sorri de um jeito meigo e sai correndo.

  É isso, eu sou uma mulher livre, meu peito parece transbordar, céus eu sou uma pirata, sou livre pra viajar, posso conhecer o mundo... Percebo que estou sorrindo, não posso conter, olho para o céu, o vento sopra meus cabelos, o sol parece sorrir também,  suspiro, e volto a olhar para o convés, poucos homens ainda me encaram como se eu fosse louca, talvez eu seja.

  - No que está pensando?

  Me viro levando um leve susto, não vi ele chegar.

  - Oi Felippe...

  Ele parece um pouco preocupado, ele para ao meu lado.

  - Você quer ser pirata?

   Olho para ele sem responder, não sei bem o que é ser pirata.

  - Quero ser livre... Não quero ficar nas sombras de um marido que não amo, quero conhecer o mundo, quero ser forte...

  Ele sorri fraco.

  - Então vai gostar de ser como nós garotinha.

  Sorrio para ele, garotinha ele deve ter minha idade.

  - O imediato não vai mais te incomodar... Ninguém lamentará sua morte.

  O olho, não sei como me sentir a respeito do ocorrido, só sei que meu corpo dói e a dor faz com que meus sentimentos fiquem em conflito, ou talvez eu pense como ele, talvez eu ache que tenha sido certo e que ele teve o que mereceu, não isso é errado.

  - Bom... Bem vinda a tripulação.

  Ele se vira para ir embora.

  - E o que eu devo fazer?
 

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