Capitulo 48

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  As badaladas ecoam pelas ruas desertas, as pessoas com certeza esperam ansiosas por minha execução na praça garantindo um lugar onde possam ver, me sinto enjoada imaginando a cena. Mas com as pessoas em apenas um lugar a cidade fica vazia e a casa do governador quase desprotegida já que os guardas esperam um ataque durante a execução.

  Toda tripulação está aqui, espalhada pelas ruas mas com o mesmo alvo apesar de acreditarem apenas ser o saque de suas vidas, roubando da casa do governador eu sei da verdade, observo o homem a minha frente, com as costas retas e os olhos fixos no seu objetivo depois de anos encontrado. Nosso objetivo é atacar as três entradas principais para a casa do governador ao mesmo tempo, mesmo contra sua ordem eu insisto em ficar ao lado do capitão até o fim.

 Os portões estão abertos e a grande casa está a poucos metros, andamos silenciosamente pelo pátio até a porta, a casa está silenciosa e respiro aliviada com a possibilidade de talvez ele não estar mais lá, não ha mais guardas no patio devem ter ido para praça junto com o governador, com certeza será um bom saque para satisfazer os caprichos, mas não para satisfazer a sede de vingança de nosso capitão. Posso ouvir sua respiração pesada a minha frente quando a porta se abre sem dificuldade.

- Que sorte devem estar todos na praça mas não vão demorar a notar a falta do prato principal.

 Escuto um dos homens atras falar e fecho os olhos ao ser comparada a um prato, o capitão entra a nossa frente.

- Peguem tudo que conseguirem carregar rápido e vamos!

 A voz dele ecoa pela casa vazia e quando os homens passam por nós ele se vira para mim.

- É hora de você pagar sua divida então.

 Sinto meu coração falhar uma batida antes de fazer que sim com a cabeça erguendo a cabeça e olhando em seus olhos.

- Eu vou voltar e ir atrás dele, sabe que não posso deixar ele escapar e quero que fique aqui e que fique segura, fique perto de Felippe e Eduardo eles vão te manter segura!

 Sinto meu rosto esquentar de raiva e empurro seu peito com o maximo de força que consigo, como ele ousa? Como pode me mandar ficar longe depois de eu escolher ficar ao seu lado? O empurro mais uma vez e ele me olha sério.

- Não vou ficar parada e deixar você ir la e acabar morrendo, não vou fazer isso!

 Sinto lágrimas encherem meus olhos enquanto as palavras saem de minha boca, sinto minha garganta se apertar é suicidio tentar atacar o governador em plena luz do dia e em um lugar com tantas pessoas.

 Ele abre a boca varias vezes para falar mas nada sai dela, vejo Eduardo se aproximar chamando a atenção do capitão.

- Prenda a senhorita Jones e a mantenha longe e segura Imediato!

 Não posso acredita no que estou ouvindo, tento avançar para o capitão mas Eduardo segura meu braço e me puxa para perto de si me debato contra ele me soltando, o Capitão está chegando a porta mas antes que eu fale alguma coisa ela é bruscamente aberta, meu corpo congela por alguns segundos ao ver as dezenas de soldados entrar pelas portas , olho em volta, nos segundos que se passam ficamos completamente cercados, o tempo parece ter parado de correr, sinto ser empurrada para trás de Eduardo.

 Olho de relance toda tripulação está aqui, o Capitão está ao lado de Eduardo à minha frente, aperto o cabo de minha espada até minhas mãos ficarem dormentes.

 - Como todo rato... só precisa de uma boa isca pra cair na ratoeira!

 Um arrepio corre minha espinha ao ouvir a voz e encaro fixamente o capitão ao ver sua posiçao mudar, ele está aqui e o capitão está pela primeira vez em anos olhando para o homem que matou sua familia, olho de relance para os homens atrás de mim.

 E assim o começo do fim se inicia, uma bala disparada contra um jovem soldado que cai morto logo criando uma poça com seu sangue, o que acontece a seguir são apenas borrões em minha vista, puxo minha espada e derrubo qualquer um que fique entre mim e o capitão, homens caem ao meu lado em quantos outros permanecem, lutam, vivem, matam ou morrem. O capitão parece estar cada vez mais distante e meu coraçao dói de imaginar o que pode acontecer, o rosto de Felippe, Eduardo e Jaime passam por minha mente, Jaime está seguro a bordo mas e quanto aos outros? E quanto ao capitão? Corro tirando todos de meu caminho usando toda e qualquer arma.

 De costas posso ver o Governador, uma espada está saindo por suas costas e atrás dele posso ver parte do rosto do Capitão, ele cambaleia para trás e um grito corta minha garganta ao ver que meu capitão também está a sangrar, seu abdomem está coberto de sangue e ele cai de joelhos mas não antes do governador cair morto aos seus pés, corro até ele impedindo que sua cabeça caia no chão a repouso com cuidado e me ajoelho ao seu lado tentanto estancar o sangramento, há sangue espalhado por seu corpo e em seus labios, minha visão fica embaçada com as lágrimas.

- Aguenta... por favor... você não pode me deixar, não... não...

 Não consigo falar mais nada, esqueço de tudo ao redor, esconto meu rosto em seu peito me debruçando sobre ele, soluços escapam por minha garganta, consigo escutar ele engasgar no próprio sangue, soluços escapam sem controle algum, meu coração dói como se estivesse morrendo junto com ele.

- Você está chorando por mim? Não ch.chore você vai ser uma ó.ótima capitã sem mim.... Vai conquistar todos os sete mares e reinar so.sobre eles... tenho certeza.

 Vejo vários vultos se aproximar de nós, mas não olho em volta, não consigo não enquanto a unica pessoa qua já cuidou de mim está morrendo em minha frente, engasgo com meu choro e sinto seus dedos enrrolar uma mecha de meu cabelo o deixando ainda mais vermelho.

- Eu faço Rachel Jon.nes a nova ca.capitã do Imperador... se alguém a machucar......

 Ele não termina de falar engasgando em seu sangue, passo a mão por seu cabelo tirando algumas mechas de seu rosto.

- Por favor não faz isso... Alguém ajuda ele por favor....

 O som de um canhão ecoa de longe antes de mais soldaos entrarem na casa mas para surpresa de todos eles não atacam, sinto meu corpo ser puxado para longe e grito tentando me manter junto ao capitão mesmo vendo que em seus olhos não ha mais vida, me encolho contra o corpo do homm que me ergue em seus braços sem ver quem é, fecho meus olhos sentindo a dor de algo dentro de mim morrer e ao mesmo tempo uma grande dor nascer.

 Há o som de canhões ecoando pela cidade  e o grito dos cidadões, eu os odeio, odeio todos eles, dou leve socos no peito de quem me carrega.

- Desculpe Rachel... eu não consegui chegar a tempo quando soube... eu sinto muito, sinto muito, sinto muito já era tarde de mais.

 Olho para cima encontrando os olhos azuis e Henri, não consigo falar nada apenas voltar a chorar desesperadamente ao vê-lo.

- Eu vou cuidar de você, desculpe não ter entendido antes, eu sinto muito mesmo, mas não vou te deixar, eu prometo vou cuidar de você...

Tento controlar meus soluços enquanto escuto suas palavras de consolo.

- Imperatriz...

É tudo que consigo falar antes de me afundar em lágrimas.

Em pouco tempo consigo sentir meu corpo ser solto com cuidado sobre uma cama macia, conheço o cheiro do lugar e puxo as pernas contra meu peito.

- Eu fico com ela!

Escuto uma voz infantil ao meu lado mas não tenho coragem de olhar em seus olhos, não depois de não ter salvo nosso capitão, o que se passa a seguir são borrões, as vezes um grito ou outro e derrepente tudo fica silencioso com apenas o balanço do mar e meus soluços quebrando o silêncio vez após vez.


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