L1|| XVII. Águas Rasas

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De volta a Adaris, retiro minhas roupas e as escondo sob uma das grandes pedras que rodeiam meu cativeiro

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De volta a Adaris, retiro minhas roupas e as escondo sob uma das grandes pedras que rodeiam meu cativeiro. Meus olhos rápidamente se ajustam à escuridão, meus passos seguem hesitantes o já conhecido caminho de minha prisão.

Posso sênti-lo se aproximar.

Aprendendo sobre quem sou não vem apenas do que Cali me conta. Aos poucos descubro também como meu corpo funciona. Uma de minhas habilidades é o que chamo de absorver a presença de quem conheço. Minha teoria é de que quanto mais significativa minha conexão com a pessoa, mais posso pressentir sua presença. Não preciso vê-la para saber que está perto. 

Não acontece com todos que conheço, mas é o que acontece com Garou. Sua pré-presença tem um efeito estranho em mim do qual tenho dificuldades em decifrar o que significa. 

Minha carne sempre dilata-se para recebê-lo, num convite que não escrevi.

Não suporto mais o frio após ter descoberto o que é o calor. Mas numa tentativa de acalmar meu traidor corpo, mergulho em minha pequena lagoa gélida. O negro e sedoso líquido me engole por inteiro, e o único som que se pode ouvir são os de meus braços e pernas ao mover-me contra a coesão das águas.

Garou está aqui. 

Não o vejo, mas sinto seu olhar projetar sua luxúria sobre mim. Dentro do lago paro onde estou, flutuando delicadamente.

Ele murmura algo que não ouço direito. Algo numa língua antiga da qual não fui exposta ainda. Posso aprender certas línguas em pouco tempo por causa de suas regras e praticidade, mas já reparei que línguas anciãs me apresentam um desafio maior. 

Mas mesmo sem entendê-lo ás vezes, sempre sei o que ele quer de mim.

Mantendo apenas minha cabeça fora da água, viro-me de frente a ele.

É aqui que me perco.

Não sinto nada por Garou além da raiva que me consome em brasa toda vez que perguntas sobre o por quê me mantém prisioneira surgem em minha cabeça. Mas o que ninguém sabe ou precisa saber, é o quanto sou viciada em seu toque.

E isso me enoja.

O fito na esperança de que meu olhar transmita o que meu corpo infelizmente sente. Não sei se isso é inteligente, mas o melhor que posso fazer é usar essa vontade que tenho dele a meu favor. 

Enquanto eu o quiser, ele não desconfiará de nada do que faço com Cali.

Há algo de novo nele, de diferente. Desde a primeira vez em que o vi, Garou mudou e ainda muda. A cada vez que entra em minha presença parece maior, mais forte, mais assustador. Seu corpo parece passar por uma estranha evolução, suas medidas já estão além do normal de outros elfos, me fazendo questionar se ele é mesmo um deles. 

No centro de seu largo peitoral seu mediastino está quase visível, veias largas cintilantemente brilham como lava, algo que nunca percebi antes.

Sua feição muda. Deve ter visto algo diferente em minha expressão. Droga. Meu rosto me trai, dedura meus pensamentos. Tento controlar minha face, limpar minha mente. Parecer o mais vazia possível.

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