L1|| XXIX. Língua No Pescoço

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Após tomar o remédio receitado, não deu nem meia hora eu caí no sono

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Após tomar o remédio receitado, não deu nem meia hora eu caí no sono. E durmo até que bem se não fossem os pingos que caem sobre minha face, me acordando.

— Uh? — Balbucio, voltando a realidade.

Quando outro pingo cai, toco meu rosto. Seja lá o que pingou é mais espesso que água. Não está chovendo, por quê diabos está pingando no meu quarto? Será algum vazamento?

Maravilha. Meu senhorio vai adorar isso.

Sentando, ligo a luz do meu abajour e analiso o pingo enquanto outro me cai no topo da cabeça. Olho para cima e o que vejo... me faz congelar.

— Hssssssssssssssss.

Mas que merda é essa? Uma criatura verde que parece uma mistura de jacaré com macaco está pendurada em meu teto rosnando para mim, sua língua bifurcada para fora e seus olhos extremamente coléricos.

Outro pingo cai agora em minha testa e percebo com certo nojo e medo que é baba vindo de sua língua.

— Meu Deus! — É tudo o que consigo dizer antes que a língua do bicho me alcança.

Num movimento causado por instinto me jogo no chão, desviando-me dela.

QUE RAIOS É ISSO?
Estou sonhando?
Alucinando, efeito colateral do remédio?
Não dá para pensar muito, o bicho pula em cima de mim e com seu peso me prende no chão.

Nunca nenhum de meus sonhos se passam em meu quarto, são sempre em algum lugar fantasioso, esquisito, desconhecido por mim. Ao acordar, eu abro os olhos e a certeza de ver meu conhecido apartamento me faz sentir segura. Mas agora? Minha sensação de segurança acabou. O pesadelo agora toma vida na minha realidade e não há beliscão que me faça acordar! 

O bicho tem olhos verdes como a sua pele, sua íris muda de forma conforme aproxima seu rosto do meu.

— O que você fez com ele? — O bicho diz de repente. Me surpreendo com o fato de que sabe falar e que o sabe fazer sem mexer a língua, que começa a se enrolar em volta de meu pescoço. — Você o matou!! — Sua voz ecoa em minha mente.

— Eu não sei do que está falando! — Com muita dificuldade terminei a frase, sua língua dando mais uma volta ao redor de minha garganta, me asfixiando. Me esforço para me livrar dele mas o bicho é bem mais forte e prende meu braços no chão com suas escamosas mãos.

Não consigo respirar, nem me mover. Não sei de quem a criatura fala, mas ela não parece interessada em conversar, apenas em me acusar. Está aqui para me matar e está conseguindo. 

Eu já não sinto minhas pernas e meus braços também começam a formigar, seu peso estancando vitais artérias em meu corpo, impendindo sangue de chegar própriamente a meus membros. A criatura rosna e baba em minha face, seus olhos ávidos por vingança. Minha cabeça dói e logo perco a força e a vontade de lutar pois é impossível mover-me.

ADARISOnde as histórias ganham vida. Descobre agora