L1|| XLII. Não Há Como

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— Descanse

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— Descanse. Tudo vai ficar bem. Você e Alexis estão bem e é só isso que eu preciso. 

É a última coisa que digo a Igor antes de deixá-lo descansando. Contei a ele algumas coisas e escondi muitas outras, apenas para ajudá-lo a descansar e se recuperar em paz.

Quero ficar com ele, quero me certificar de que ficará bem. Mas preciso voltar para Adaris em breve, principalmente saber se Alexis conseguiu fugir sem problemas e se está segura. 

Preciso encontrá-la para saber o que ela quer me dizer.

E também para dizer-lhe que acho que desisto. Que para mim já chega. Que não consigo mais continuar. Que tudo que achei que ganharia ao começar essa jornada, eu perdi. 

E que Adaris me perdoe mas não sou forte o suficiente para continuar. 

Meus erros, um por um, despedaçam meus sonhos. Fui inocente, causei mais perigos e problemas que soluções e vitórias. Nada, absolutamente nada do que fiz valeu de algo ou deu certo. Só coloquei em perigo todos a minha volta para nada. 

Estamos há meses humanos procurando Mabel e não encontramos absolutamente nada!

E não, não achei que poderia resolver tudo rapidamente. Tempo nunca foi um aliado ou um adversário. Apenas não achei que esse limbo maldito onde todos nós nos machucamos sem ganhar nada em troca fosse a solução final!

Corro para o banheiro de Igor. Sinto um mal-estar forte que vai da cabeça até os pés. E assim como vi Verena fazer ao beber o veneno humano na festa de seu vizinho, também me livro do veneno magico que me domina aos poucos. Vomito um líquido espesso e preto, que deixa um péssimo gosto metálico que arde até o céu da minha boca e as narinas. Me inclino sobre a privada, sentindo os espasmos de meu corpo inteiro lutando para se livrar daquilo que me aflige, circulando por minha veias como um antídoto para minha paz e existência.

Tentando não fazer nenhum barulho para não acordar Igor, tento conter as tosses e engasgos. É fisicamente dolorido expelir esse líquido. Escorada na parede, observo minhas mãos e braços. O negrume agora não é só de minhas veias, mas boa parte de minha pele. E sobe sem dó nem avisos por meus braços, um lembrete de meu descuido e fraqueza.

Irada, me ergo. Meu coração bate violentamente em meu peito quando vejo meu reflexo em frente ao espelho. Meus lábios sujos e escuros, rosto ressecado e pálido.

Sabe o que é olhar no espelho e não se reconhecer?

Como vim parar aqui? Como continuarei?
Meu coração está partido. Minha voz se aquieta. Minha feridas abertas, meus castigos ativos.

Procuro em meus bolsos um vidrinho de elixir e sem encontrá-lo, me lembro que usei a última dose que fiz na Amazona de Lorde Vór. Esquecendo que a Sombra não pode vir até o mundo humano, tento invocá-la em vão. Preciso de mais magia negra, ou de qualquer porcaria que me livre desse buraco que me engole. 

ADARISOnde as histórias ganham vida. Descobre agora