L1|| XXIII. Acerte o Tempo No Escuro

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Um soco contra a pedra

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Um soco contra a pedra.

O tempo passa, e eu me irrito com o fato de que agora que sei o que é o tempo, e que também não posso controlá-lo.

Outro soco contra a pedra.

Não vejo nada além da negra escuridão que me sufoca, rodeando-me em absoluto. Meu algoz, silêncioso companheiro. Um carrasco maldito. Me assiste, me ignora, me completa, me devora. Um infinito universo que me faz sentir pequena e fraca.

Mais um soco contra a pedra.

Ouço-a partir em pedaços assim como as outras. Essa era a maior de todas, pensei que ofereceria mais resistência contra minha força. Sem muito para fazer, tudo o que me resta é treinar. Sou uma guerreira, uma amazona criada para combate por Guendri. 

É hora de aceitar que é isso o que sou. 

Meus planos para viver entre humanos precisariam ficar para depois.

Não quero mais fugir de mim mesma. Estou cansada de sentir como se não pertencesse á lugar algum pois pertenço. Apenas não queria aceitar isso.

Quero participar do Torneio de Valkírias, um tipo de combate amistoso da guarda regencial de Adaris para o entretenimento de Garou. O plano que formulei para isso é fácil: já que Cali conhe o castelo de Garou, vai lá e arranja uma armadura Valkíria para que me cubra de cima abaixo e fique irreconhecível, apenas mais uma delas.

Não posso afirmar com certeza, mas creio que esse festival não acontecia quando Guendri estava aqui. Não me parece de seu feitio, apesar de eu saber nada sobre ele. Só sei que tinha as Valkírias como sua proteção pessoal e de Adaris. Um tipo de fada sem magia, mas com forças gladiadoras que protegiam nosso mundo.

Como surgiu tal prática?
Que tipo de reinado meu pai tinha antes de me criar?
Como era Adaris?
Que rei fora?

É só isso o que sei: perguntas e mais perguntas. E por agora, me é o suficiente como resposta entender que Valkírias são verdadeiras traídoras, já que seguem Garou ao invés de negar servir o falso Rei ou ir á procura de Guendri ou suas filhas.

Sem vitais informações, tento construir a história de meu povo com o pouquíssimo que sei sobre ele. 

Por que Valkírias se submetem a Garou? Em algum momento se rebelaram ainda com Guendri aqui? Ou eram as guerreiras preferidas de Guendri até o instante em que ele nos criou?

Não sei quantas são mas imagino que muitas. Cali me diz que são extremente similares em suas armaduras metálicas e espadas-lanças. Estão por todo canto de Adaris, mantendo a ordem que Garou impôs e impedindo portais de serem abertos.

Malditas sejam por isso. O braço que reinforça a tirania injustamente imposta é tão corrupta quanto quem a coordena.

Para isso treino. Vencer-las-ei em seu próprio joguinho traidor. Não sei porquê, mas sinto que Valkírias são parte do que aconteceu comigo. Venho alimentando essa idéia e o ócio que me persegue ultimamente só reinforça minha obssessão com ela.

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