L1|| XXVI. O Doutor

10.5K 409 521
                                    

Estou quase caindo no sono quando a voz da enfermeira me acorda

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Estou quase caindo no sono quando a voz da enfermeira me acorda.

— Verena Moralles?

Eu olho para mulher de uniforme branco e recebo seu sorriso. Ela espera em frente a porta da sala do consultório do Doutor Gregório. Deixando a pequena sala de espera, digo um quase mudo "obrigada" a enfermeira que fecha a porta atrás de mim.

É a primeira vez em muito tempo que venho a uma consulta. Consulta esta que marquei após o estranho pedido do doutor a minha frente, que se senta com as mãos atrás de sua cabeça, vestindo uma camiseta do Rush, barba por fazer, sem jaleco branco mas com cara de quem está de saco cheio.

— Vai se sentar ou...? — O doutor indaga.

Não gosto de estar aqui. O ultimo médico que vi me disse que minha avó estava doente e que seu prognóstico não era dos melhores. Desde então, não fiquei muito afim de encontrar outro doutor tão cedo.

Por fim, sento.

Ele me estuda em silêncio enquanto eu olho em volta de seu consultório. Estou admirada. Diversos tipos de premiações, alguns diplomas e artigos de jornais e revistas enquadrados e pendurados na parede atrás dele. Já na mesa, bonecos de filmes como Star Wars e Hellraiser descansam decorativamente sobre ela, assim como uma porrada de papéis bagunçados e canetas.

Olho a seu lado e vejo sua bengala contra a parede.

O Dr. começa a olhar minha ficha.

— Vejamos... Verena Moralles, vinte e dois anos, sexo feminino... — Ele olha para mim como se estivesse perguntando. Faço que sim com a cabeça. — Hoje em dia, é melhor perguntar. — Ele explica, e continua. — Um metro e setenta e cinco de altura, cinquenta e três kilos, nenhuma alergia significante, nem histórico de doenças respiratórias ou outras. — Ele continua olhando o questionário que respondi junto a enfermeira, onde ela tirou meu peso e altura, testou minha visão e pediu para eu esperar minha vez. — Histórico familiar?

Dou de ombros. Ele franze o cenho, confuso.

— Minha avó foi diagnosticada com demência. Faleceu alguns anos depois, aos setenta e cinco. 

— Eu sei, você escreveu isso aqui. Quero saber de relativos diretos. Seus pais ou irmãos.

— Não sei se tenho irmãos e não sei nada sobre meus pais.

Sem cerimônias, ele risca um grande X no papel onde tais opções apareciam.

— Não tem filhos... há a possibilidade de estar grávida ou já esteve grávida alguma vez?

— Não e não.

— Ah, aqui... marcou que não tem vida sexual ativa. — Ele olha para mim em minha amassada camisa jeans, calça preta e all star que já foi mais branco, me medindo da cabeça aos pés. — Faz sentido.

ADARISOnde as histórias ganham vida. Descobre agora