L2|| XI. No Momento Exato

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SEIS ANOS ATRÁS (continuação)

"Magia que altere as leis físicas de outros mundos estão proibidas". — imito a voz séria dele em minha cabeça sempre que faço coisas como a que acabei de fazer.

Guendri nos proibe de usar nossa magia em outros mundos. Bem, isso só quando ele não ordena exatamente o contrário. 

Essa é a regra em mundos dos quais a paz local depende de uma certa lógica não-sobrenatural para funcionarem, como no mundo humano. Dependendo da magia, pode-se criar desordem através dela, burlando assim a estrutura de tudo.

Como a magia não é algo natural daqui, para exercer a sua, cada fada precisa de uma espécie de condutor. Escolhemos um algo e concentramos nele nossa magia. Objetos de metal são os melhores para isso. A minha é uma maravilhosa pulseira dourada que Dona Martinha me deu. Banhei o objeto em meu sangue tempo suficiente para fundí-lo com minha magia de fada. Mas só a de fada. 

Com a outra, infelizmente isso não funciona.

As meninas me agradecem com apertados abraços por ter convencido a hostess a deixá-las entrar. Desejo a Jaqueline um 'feliz aniversário' e digo que me juntarei á elas em breve. Após elas seguirem a dentro, paro onde estou e absorvo a pitoresca imagem a minha frente.

Casa Libertine. Uma maravilhosa, colorida e reluzente esbórnia terreste de globos incandescentes que rodopiam no teto, iluminando todos os lindos corpos revestidos em carne crua e pompa na pista de dança. Música altíssima que te treme o tórax. Um banquete a quem quer se perder. Ou se encontrar.  

Alexis interrompe meus pensamentos ao colocar o braço sobre meus ombros, se posicionando a meu lado. 

— Você é a pior. — sorri aquele não-sorriso a lá Alexis. — Quebra regras pelos motivos mais imbecis que já vi.

— É aniversario dela! — me defendo, cinica. — Parece besta pra nós mas pra eles isso significa muito. Humanos são maravilhosos, mas infelizmente, morrem fácil. Por isso contam em nú em números quando isso pode acontecer. Se não acontece, precisam celebrar quando passam esses números. — nem eu entendo muito bem mas tento explicar.

— Isso é bizarro. — Alexis concorda. — E eu vou fingir que você não fez tudo isso só porque queria entrar aqui de qualquer jeito. 

— Não é pra isso que dizem nesse mundo que existimos? Para ajudarmos pessoas? Darmos aquele vestido a Cinderela e ajudá-la a conquistar o príncipe? — quando vi esse filme, confesso que dei risada. Imagino que há fadas que façam isso, apenas não as conheço. — Não estou machucando ninguém nem nenhuma regra física deste mundo. As roupas delas não mudaram. Foi só um rápido truque de ilusão. — argumento. — Se me julgarem, não aceitarei punições sem evidências. 

Alexis tira o braço de meus ombros, e dá dois passos a minha frente. 

— Não se mete em mais confusão, okay? Quero sair de pelo menos um mundo sem estar coberta de sangue.

Prometo a ela me comportar e nos despedimos. A noite está maravilhosa. O lugar cheio de pessoas bonitas e exóticas a meus olhos, boa música e muito, mas muuuuuuuito veneno humano.

Eu trouxe o dinheiro humano que Martinha me deu como pagamento pelo último serviço prestado, mas usá-lo é desnecessário, já que homens humanos se oferecem para pagar um copo novo e cheio de veneno toda vez que veêm garotas sozinha.

O mesmo acontece com Alexis, que no momento faz a segunda coisa que mais ama depois da primeira, que é lutar: dançar. E dança com dois caras ao mesmo tempo, se movendo serpentinamente por entre eles.

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