Capítulo 3

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Tony levou-me até minha sala, onde passaria minhas tardes a partir de então. Era realmente maravilhosa! Bem espaçosa, com material tecnológico incrível, uma grande mesa bem organizada e uma cadeira macia. O que mais eu poderia querer? Havia trocado a venda e o avental com cheiro de cebola e balas de goma por uma sala enorme com cheiro de ar fresco.

— Se precisar de algo ou tiver alguma dúvida, anote e entregue para a Srta. Potts.

— Quem é Srta. Potts?

— Minha assistente. – Disse Tony, saindo e fechando a porta.

Andei pelo local, analisando cada detalhe. Após alguns instantes de pura apreciação, sentei-me confortavelmente em minha cadeira e suspirei. Era perfeito. Eu havia dado início a uma nova etapa em minha vida, e nada poderia estragar isso.

— Ahn... Com licença? – Ouvi falarem da porta.

Olhei em direção à porta, estagnada. Seria possível alguém vir me chamar em menos de 5 minutos de ter entrado na sala?

Por via das dúvidas, levantei-me e fui até a porta. Quando abri, não pude deixar de demonstrar surpresa. O garoto aranha estava ali. Sim, o atrapalhado que havia se atrasado, trombado em mim e sido zoado por Thor. Acho que dava para entender porque os outros pegavam tanto no pé dele. Ele era uma piada.

— Pois não? – Perguntei, confusa.

— Oi. Eu... Eu vim pedir desculpa por ter trombado em você hoje. – Disse ele, totalmente sem jeito.

— Tá. Tudo bem.

— E vim dar as boas-vindas... Sei como é difícil ser o novato por aqui, principalmente quando se é mais novo que o restante.

— Acho que vou sobreviver, mas obrigada.

Ele assentiu com a cabeça num meio sorriso e ficou parado, olhando para o chão.

— Então... Mais alguma coisa? – Perguntei.

— Ahn... Não. Não, eu... É só isso mesmo.

— Ok...

Fui fechar a porta, quando o garoto a segurou com a mão e exclamou:

— Espera!

Olhei para ele, sem entender o que exatamente estava acontecendo ali.

— Eu só ia dizer que se você precisar de alguma coisa, pode me chamar.

— Puxa, como você é gentil, garoto aranha. – Falei, irônica.

— Homem Aranha. E é o mínimo que posso fazer, ahn... Como devo te chamar?

— Helena.

— Helena. – Ele repetiu, como que memorizando cada sílaba.

— Mais alguma coisa?

— Acho que dessa vez é só.

— Certo. Até mais, garoto aranha.

— É Homem Aranha!

— Foi o que eu disse.

Fechei a porta e suspirei. Sério? A situação chegava a ser cômica, e eu não conseguiria levar o garoto a sério desse jeito.

Deixando de lado os acontecimentos estranhos do dia, sentei em minha cadeira novamente e liguei o computador. Fiz um cadastro rápido no banco de dados e peguei acesso livre a todas as informações que, uau, estavam bem desorganizadas. Arrumei tudo, separando por setor e usando o tipo de documentação como subdivisão. Só isso levou o dia todo, e havia ainda muito trabalho pela frente.

Ao final do dia, desliguei tudo, arrumei minhas coisas e tranquei minha sala. Despedi-me de Tony, que estava concentrado em uma discussão com o engravatado que havia me levado, sussurrando seriamente. Ele acenou para mim sem muita atenção, e eu saí.

Peguei um ônibus e voltei para minha casa, sentindo-me realizada. Meu interesse por tecnologia havia, enfim, servido para alguma coisa, e meu antigo emprego na venda, junto aos ensinamentos de Ed, haviam me dado grande noção de administração. Tudo parecia se encaixar harmonicamente, pela primeira vez na minha vida.

Chegando em casa, encontrei minha mãe em sua cama, lendo um livro tranquilamente. Quando me viu, abriu um sorriso largo e perguntou, fechando o livro:

— E então? Como foi?

Contei para ela sobre meu primeiro dia, omitindo detalhes como o esbarrão que levei, o patético pedido de desculpas ou o principal segredo do qual agora fazia parte. Percebi que minha mãe estava um pouco pálida e fraca, então tentei animá-la e me ofereci para preparar o jantar.

Após jantarmos e conversarmos um pouco, fui para meu quarto me deitar, pois estava bem cansada. Não demorei a dormir.

I (don't) Need a Hero!Where stories live. Discover now