Capítulo 58

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Tony subiu as escadas sem pressa, e eu o segui. Passamos por um corredor e paramos em frente a uma porta. Ele olhou para mim e, com um leve sorriso nos lábios, abriu a porta.

Não consegui esconder minha surpresa ao ver aquilo. Era um quarto lindo. Espaçoso, com uma janela enorme, cama de casal, um nicho para guardar livros e uma mesa para desenhar.

— Tem um closet e um banheiro atrás daquela porta. – Disse ele, entrando e apontando para uma outra porta do outro lado do quarto.

— Isso... Isso é pra mim? – Perguntei, pasma.

— É sim. Pepper me aconselhou a não colocar nada rosa, então tentei deixar com a sua cara. Espero que tenha gostado, porque deu um trabalhão fazer isso.

Não pude deixar de sorrir ouvindo isso. Tony havia feito aquilo para mim? Era difícil de acreditar.

— É perfeito. Obrigada! – Falei, abraçando-o.

Ele pareceu surpreso com minha reação, como se não esperasse algo tão caloroso vindo de mim, mas logo me abraçou também. Foi nosso primeiro momento pai e filha, ainda que os dois estivessem totalmente desacostumados com isso.

— Anda, vai descansar. O dia amanhã vai ser longo. – Disse ele.

— Pode me acordar amanhã pra aula? Eu usava o despertador do meu celular, mas perdi minha bolsa na confusão de hoje.

— Você passou por tudo o que passou e tá preocupada com a aula? Você consegue ser mais nerd que sua mãe.

Arqueei as sobrancelhas, surpresa.

— Amanhã você vai estar ocupada fazendo outras coisas.

— Tá bem... Acho que faltar um dia a mais não vai me fazer mal.

— Boa noite. Vejo você amanhã.

— Boa noite, Sr. Stark. Obrigada por tudo.

— Olha, não precisa me chamar assim o tempo todo, tá legal? Sou seu chefe só na empresa.

— Como devo te chamar então?

— Como quiser. Algo mais informal.

— Tá bem. Boa noite, Tony.

Ele sorriu e saiu do quarto, fechando a porta.

Olhei em volta. Um quarto enorme todo pra mim. Feito pra mim. Pelo Tony Stark, que é meu pai. Quanto mais eu pensava nisso, mais bizarro parecia.

Sobre minha cama estava a mala que Happy havia trazido. Pelo menos algumas peças eu ainda tinha. Peguei roupas limpas e decidi estrear meu novo banheiro tomando um banho antes de dormir.

Tomei um banho (apreciando o banheiro) e voltei para o quarto, ainda tentando me acostumar com a ideia de que tudo aquilo era meu. Deitei-me na cama e, Deus do céu, como era macia.

Dormi profundamente naquela noite. Embora eu estivesse com mil coisas na cabeça, estava esgotada. Eu precisava de descanso. Não sonhei com nada e nem mesmo acordei durante a madrugada.

Ainda estava num sono profundo quando fui subitamente acordada pela luz do sol batendo em meu rosto e pelo barulho de janelas sendo abertas.

— Aaaaah! – Reclamei, tapando os olhos.

— Hora de levantar. – Disse Tony, andando pelo quarto.

— Percebi. – Respondi, mau humorada.

— Sempre quis acordar alguém assim. – Disse ele, divertindo-se – Vamos tomar café.

— Vou me trocar e já desço.

Ele assentiu e saiu do quarto. Fechei a porta e me troquei rapidamente. Ao descer até a cozinha, vi Tony e Pepper já sentados à mesa. Cheguei timidamente.

— Bom dia, Helena. – Disse Pepper, com um sorriso doce.

— Bom dia.

— Como foi sua primeira noite na nova casa?

— Foi boa. Fazia tempo que eu não tinha uma noite de sono decente.

Tony e Pepper se olharam e sorriram um para o outro. Observei a cena em silêncio, e Tony percebeu.

— Helena, acho que tenho que te contar uma coisa. – Disse Tony, engolindo em seco.

Olhei para ele, tensa. O que viria pela frente, meu Deus?

— Bom, Pepper sempre morou comigo por ser minha assistente, mas há um certo tempo nós...

— Estão juntos, já sei.

Ele olhou para mim, surpreso.

— Ah, qual é? Você vivia falando do Peter mas agia igual com a Pepper. Acha mesmo que não dava pra perceber?

Pepper riu e olhou para Tony:

— Parece que o Peter não é o único que não sabe disfarçar.

— Por falar em Peter, preciso ir ver como ele tá. – Falei.

— Vou passar lá mais tarde. Se quiser pode ir comigo. – Disse Tony, levantando-se da mesa – Vamos?

— Onde? – Perguntei.

— Precisamos pegar suas coisas na sua antiga casa, alterar seus documentos e mais outras coisas. Pep, você fica responsável pela Torre até eu voltar. Qualquer coisa, me liga.

— Alterar meus documentos?

— Sim. Já que você é uma Stark, precisamos registrar isso nos seus documentos. Já conversei com o juiz e vou resolver isso o quanto antes.

"Você é uma Stark". A frase ainda era estranha para mim, mas trouxe conforto. Eu pertencia a algum lugar.

Entrei no carro com Tony e fomos para minha antiga casa para pegar minhas coisas. Eu estava com medo de que tivessem invadido, mas Tony certificou-me de que havia cuidado enquanto estava vazia para que nada acontecesse.

Tony parou o carro em frente à casa e eu estremeci. Era difícil olhar para ela e relembrar tudo o que havia passado nos últimos dias. Quando entrei, senti como se toda a dificuldade que passei tivesse retornado. A casa era silenciosa e fria sem minha mãe.

I (don't) Need a Hero!Where stories live. Discover now