Capítulo 11

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Peter olhou em volta, sentou-se de frente para mim e disse, sério:

— Tem alguma coisa estranha acontecendo na cidade esses últimos dias.

— O preço do bacon subiu? – Ironizei.

— Quê? Não! Eu tô falando sério. Eu tenho reparado uma frequência muito alta de mortes e desaparecimentos em pontos específicos. Falei com o Sr. Stark, mas ele não me deu muita atenção.

Fitei-o, desconfiada.

— Você tem certeza do que tá dizendo? Quais seriam os pontos específicos?

— O lugar de maior incidência é o Brooklyn.

Foi então que eu paralisei. Há pouco menos de uma semana, estava analisando a taxa de criminalidade de Nova York, e o Brooklyn estava entre as regiões com maior número de casos. Fazia sentido. Talvez Peter tivesse razão.

— Mas por que exatamente isso é estranho? Nova York sempre foi uma cidade perigosa.

— Eu ajudei algumas pessoas. Sabe? O lance do Homem Aranha, e tudo mais...

— Tá, tá! Entendi. Continua!

— Aqueles caras usam armas diferentes. Aquilo com certeza não parece com nada que já vi na minha vida.

— Hmm... Armas russas?

— Não. Nada daquilo parecia feito por pessoas. Eu... Eu não sei explicar. Mas preciso de ajuda pra entender isso. Da sua ajuda.

— Olha... Eu preciso resolver essa papelada agora, mas acho que você pode estar certo em algum ponto. Vamos conversar sobre isso com calma depois. Sábado você está livre?

— Se as coisas continuarem no ritmo em que estão, não vamos ter todo esse tempo. Acha que consegue me encontrar depois do serviço?

— Hoje?

— Sim.

Hesitei. Não gostava de deixar minha mãe sozinha em casa mais do que o necessário, mas algo me dizia que Peter estava certo sobre essa história. Segurei meu pingente, apreensiva.

— Acredito que sim.

— Vai me deixar esperando de novo?

— Já falei que foi uma emergência, tá legal? E eu já pedi desculpa.

— Certo. Vou estar te esperando no hall às 18h em ponto. Vamos pra um café aqui perto.

— Ok.

Ele olhou em meus olhos por um instante, depois saiu sem dizer mais nada. Suspirei. Precisava me certificar de que minha mãe ficaria bem, então liguei para ela.

— Alô, mãe?

— Oi querida. Está tudo bem?

— Sim, e por aí?

— Bem.

— Mesmo?

— Mesmo.

— Se importa se eu chegar um pouco mais tarde em casa hoje? É que preciso resolver uns problemas aqui.

— Tudo bem, meu amor. Só não chega muito tarde, ok?

— Pode deixar. Te amo.

— Também te amo, querida.

Desliguei. Em seguida, liguei para uma vizinha e pedi para que ela ficasse de olho e me ligasse caso acontecesse qualquer coisa.

Não me sentia confortável com a situação, mas ainda sim prossegui. Peter não era levado a sério ali (por que será?), mas dessa vez parecia saber o que estava dizendo. E se estivesse certo, logo teríamos um grande problema para enfrentar.

O dia passou rápido, devido ao tanto de coisas que fui fazendo, sem parar. Nunca vi tanta papelada em minha vida.

Seis horas. Fim do dia, começo do problema. Eu estava nervosa, mas não entendia bem o porquê, afinal, iríamos apenas discutir sobre o possível problema, não é?

Arrumei minhas coisas e desci para o hall, onde Peter esperava-me, como prometido.

— Olha quem apareceu. Pronta? – Perguntou.

Revirei os olhos e assenti com a cabeça, saindo do prédio com ele. Peter parecia um pouco sem jeito, assim como eu. Nenhum dos dois dizia nada, e o silêncio era constrangedor.

— Posso fazer uma pergunta? – Tentei quebrar o gelo.

— Claro.

— Bom... Você é um herói, um Vingador. E geralmente os Vingadores só aparecem no prédio quando tem alguma ameaça rondando a cidade e vocês estão planejando o ataque, ou em alguma reunião importante. Mas você tá lá todos os dias. Por quê?

— Eu...

— Se não quiser falar, respeito.

— Não, tudo bem. É que eu sou novo nisso, e o Sr. Stark acha importante eu aperfeiçoar algumas coisas, como defesa, ataque, e eu também preciso aprender a usar todos os recursos do traje. É bastante coisa. Então eu passo a tarde treinando e me adaptando com a roupa.

— Parece cansativo. Sabe, esse lance de herói.

— É bastante. Mas eu gosto.

— Se não te conhecesse, jamais acreditaria que você é o Homem Aranha. – Sorri, sem tirar os olhos do caminho.

— Por quê? – Perguntou Peter.

I (don't) Need a Hero!Where stories live. Discover now