Capítulo 85

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O despertador tocou, despertando-me. Espreguicei-me, sem vontade alguma de me levantar. Eu ainda me sentia um pouco dolorida pela noite anterior.

Fui tomar banho e me trocar, e vez ou outra me pegava sorrindo, lembrando da noite passada. Apesar de ter sido diferente do que eu imaginava, minha primeira vez foi, sim, muito especial para mim. Nesse momento, não pude deixar de imaginar como seria contar sobre minha primeira vez para minha mãe, e como ela reagiria com suas perguntas indiscretas.

Ao me olhar no espelho enquanto prendia os cabelos, gelei. Havia uma marca roxa no meu pescoço. Peter havia me deixado um chupão.

— Ok… Acho que prender o cabelo hoje não é uma boa ideia. – Falei para mim mesma, soltando o cabelo e colocando uma mecha para frente, cobrindo a marca.

Desci para tomar café com a maior plenitude possível, embora por dentro eu estivesse desesperada. Se Tony visse aquela marca, iria matar a mim e a Peter. No meio do caminho, vi a aliança em meu dedo e lembrei de guardá-la no bolso do moletom.

— Bom dia. – Disse Pepper ao me ver.

— Bom dia. – Respondi, sentando-me à mesa, estrategicamente com o lado da marca oposto a onde Tony estava sentado.

— Como foi ontem? – Perguntou ele.

— Foi tudo bem.

Eu estava gelada, rezando para Tony não fazer mais perguntas.

Pepper se levantou da mesa subitamente, colocando seu prato na pia com as torradas praticamente intactas.

— O que foi, Pep? – Perguntou Tony.

— Não estou muito bem.

— Acha melhor ficar e descansar hoje? Eu cuido das documentações da empresa.

— Não, tá tudo bem. Só estou um pouco indisposta.

— Pep…

— Não se preocupe. – Pepper o tranquilizou, dando-lhe um beijinho na testa.

Tony suspirou, visivelmente preocupado, e ao olhar no relógio, disse:

— Vamos, Helena. Tenho uma reunião daqui quinze minutos.

— Eu levo ela. – Disse Pepper.

Tony sorriu num agradecimento silencioso, deu um beijinho em cada uma e saiu apressado.

— Pep, tá tudo bem mesmo? – Perguntei preocupada, assim que Tony saiu.

— Tá, sim. Fiquei até tarde resolvendo problemas da empresa ontem, então acordei indisposta e cansada.

Balancei a cabeça levemente, compreendendo. Entramos no carro e Pepper ia dizer algo, quando arregalou os olhos e perguntou:

— Isso é um chupão?

Arregalei os olhos também, em pânico.

— Chupão? Onde? – Fiz a sonsa.

— No seu pescoço. Helena… O boliche não abre de segunda-feira. O que vocês aprontaram ontem à noite?

Bingo! Eu não havia me atentado a esse detalhe ao dar a desculpa para Tony. Ainda bem que ele também não se atentou.

— Ahn… – Tentei pensar em uma desculpa, mas nada veio em mente.

Pepper ergueu uma sobrancelha e abriu um sorrisinho.

— E então? – Insistiu ela.

— Bom, nós… A gente tava… Nós estávamos conversando e a genteacaboutransando. – Falei, enrolando a última parte.

— E vocês o quê?

Olhei para ela com os lábios franzidos, e Pepper entendeu após um instante.

— Ai meu Deus, Helena! Você e o Peter...

Fechei os olhos, querendo sumir. Que vergonha, meu Deus.

— Como foi? – Perguntou Pepper, com um ar de mãe emocionada.

Abri o jogo com Pepper e contei tudo a ela, desde a venda que me impediu de ver o trajeto até as vias de fato. Contei o quão cuidadoso e fofo Peter foi durante toda a noite e que estávamos oficialmente namorando, então tirei a aliança do bolso e coloquei em meu dedo, mostrando para Pepper.

Ao chegar no colégio, pedi a Pepper antes de sair do carro:

— Pep… Não conta pro Tony.

— Fique tranquila, querida. Acho que a única pessoa que tem o direito de contar pra ele é você. – Tranquilizou-me.

Sorrimos uma para a outra e saí do carro aliviada. Pepper sempre fora muito compreensiva em relação à minha privacidade, e eu dava graças por isso.

Ao chegar no colégio, abri meu armário para pegar meus livros, quando Sofia chegou me cumprimentando:

— Bom dia, Len… O QUE É ISSO AÍ NO SEU DEDO? – Gritou ela.

— Por que não fala mais alto? Acho que lá de casa não deu pra ouvir! – Repreendi.

— Helena, isso aí é uma aliança de namoro?

— É, Sof. É sim.

— Ai meu Deus! Conta tudo! – Exclamou ela, puxando-me pelo braço.

Encontramos um canto mais vazio no corredor (o que foi difícil, pensando no fato de que eu ainda era o assunto da vez) e contei para Sofia sobre meu encontro da noite anterior, tomando muito cuidado com cada palavra que usava e omitindo detalhes como o de ter ficado sozinha para que o Homem Aranha salvasse o dia. Ainda estava na metade da história, quando Sofia arregalou os olhos e disse, num sorrisinho:

— Puta merda, Helena! Que chupão é esse? Assim você só me faz acreditar que essa noite terminou de um único jeito.

Olhei para o chão e franzi os lábios, dando a entender que foi exatamente o que aconteceu.

— Pera! Vocês transaram? – Indagou ela, boquiaberta.

Fiz que sim com a cabeça, tentando conter um sorriso.

— Meus Deus! Conta tudo! Como foi? Doeu? Ele faz bem? É grande?

— Sofia!

— Tá bem, me empolguei. Mas anda, conta agora!

Contei tudo a ela, que parecia que ia enfartar a cada palavra e a fiz prometer que ficaria de bico calado. Fomos para a aula, embora eu estivesse presente somente de corpo, pois meus pensamentos estavam totalmente imersos na noite anterior.

I (don't) Need a Hero!Where stories live. Discover now