Capítulo 78

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O domingo teria passado rápido, se não fosse pela bomba que explodiu. Não, não digo literalmente. Foi, na verdade, uma revelação bombástica que simplesmente tomou todos os canais de mídia.

Quando acordei e desci as escadas, encontrei um Tony engravatado, irritado e preocupado.

— O que aconteceu? – Perguntei, ainda sonolenta.

— Não é nada.

— Ei, prometeu que não ia esconder as coisas de mim, lembra?

Tony suspirou e disse:

— Tá certo. Expuseram seu nome na mídia, e eu vou ter que tomar providências.

— Meu nome? Como assim?

— Acham que eu tô saindo com você. Como se eu fosse capaz ou tivesse interesse em sair com uma criança.

— Na verdade, já estavam espalhando rumores há um tempo…

— E você não me disse nada?

Não era possível! Sério?

— Como não? Eu entrei na sua sala e te mostrei a notícia! É sério que você não presta a mínima atenção no que eu falo?

— Eu vou acabar com isso. – Disse ele, sem responder minha pergunta.

— O que vai fazer? – Indaguei.

— Eles não querem assunto pra repercutir? Vou dar um assunto.

Antes que eu pudesse perguntar o que ele iria fazer, Tony já estava saindo de casa. Pepper saiu atrás, apressada, provavelmente para se certificar de que Tony não faria nenhuma besteira.

— Toma cuidado aí, tá? Vou junto com Tony. Qualquer coisa, liga pra mim. – Disse ela, antes de sair.

Sentei no sofá e respirei fundo, tentando raciocinar. Acordar com uma correria dessas sempre me deixava confusa. Resolvi ir até a cozinha e preparar algo de café da manhã.

Enquanto tomava uma xícara de café, comecei a pensar na gravidade da situação que me rodeava. A mídia estava circulando notícias de que eu estava tendo um caso com Tony, e isso era muito sério. E ainda mais sério poderia ser a atitude que Tony tomaria.

— Pepper está com ele. – Falei para mim mesma, tentando manter a calma – Não tem motivo pra se preocupar, Helena.

Ao terminar o café, peguei um livro e sentei na sala para ler e tentar distrair um pouco a mente. Já estava imersa na história há mais de uma hora, quando meu celular tocou e me tirou a atenção. Era Sofia.

— Alô?

— Miga, seu pai tá ao vivo na televisão! – Ela exclamou.

Senti o estômago embrulhar.

— Que canal?

— Vários.

Liguei a televisão rapidamente e fui procurando por qualquer canal que mostrasse o que estava acontecendo, até ver um close no rosto de Tony que quase me fez derrubar o controle de nervoso. Ele estava no que parecia uma coletiva de imprensa e, por incrível que pareça, estava lotado de gente em pleno domingo. Jornalista não descansa, né.

Eles faziam perguntas o tempo todo, e Tony parecia ignorar a todas elas, com cara de poucos amigos.

— O que eu mais tenho lido são rumores a meu respeito. Rumores sobre um suposto “relacionamento” com uma garota de dezesseis anos. Uma criança. Eu já ouvi muita besteira a meu respeito, mas isso eu simplesmente não admito! – Exclamou Tony, nada amigável.

— Você é mundialmente conhecido por ser um garanhão e ter casos com diversas mulheres, e nunca negou isso pra ninguém. Se não está se envolvendo com a garota, como explicar a proximidade que vocês tem e todas as vezes em que ela foi flagrada com você em locais públicos e até mesmo dentro do seu carro? Você não tem como negar que tem contato com a menina. – Indagou uma jornalista, pronta para anotar cada palavra da resposta de Tony.

— Eu tenho contato com a garota, sim. Nunca disse que não tinha. Mas a história está totalmente distorcida.

— Explique, então. – Desafiou um outro jornalista.

Tony olhou para cada um deles, depois olhou para Pepper, que estava próxima a ele, com os seguranças. Voltou seu olhar para os muitos jornalistas cheios de bloquinhos, câmeras, gravadores e microfones e, em alto e bom som, declarou:

— Aquela garota é minha filha.

Boom! E foi aí que a bomba explodiu. Após aproximadamente 3 segundos de silêncio e caras de espanto, todos começaram a fazer perguntas ao mesmo tempo, um quase subindo em cima do outro para se sobressair e conseguir uma resposta.

“Há quanto tempo você sabia dessa paternidade?”, “Você fez um teste de DNA?”, “Quem é a mãe?”, “Você tem mais filhos?”, “Qual o nome da garota?”, “Você tem contato com a mãe dela?”, “Você foi casado?” foram só algumas das milhares de perguntas que jorravam sobre Tony.

— Não vou me aprofundar em detalhes. Descobri recentemente. Logo antes da mãe dela falecer, ela entrou em contato comigo e me contou toda a verdade. Ela é minha filha, eu não saio com crianças e não quero que espalhem rumores ou notícias falsas sobre ela.

Tony desceu do palanque e deixou tudo arder às suas costas. Os jornalistas alvoraçados tentavam alcançá-lo a todo custo para fazerem mais perguntas, mas os seguranças não permitiam.

— Eu. Tô. Chocada. – Disse Sofia, e foi só então que percebi que a ligação estava na linha esse tempo todo.

— É… Eu também. – Respondi, ainda olhando fixamente para a televisão.

— Bom… Pelo menos agora não vão mais pensar besteira.

— É. Acho que não.

— Você sabe que não vai ter mais sossego, né?

— Sei. Adeus, privacidade.

Desliguei o telefone e fechei os olhos, jogando a cabeça para trás até estar apoiada no encosto do sofá. Serão longos dias daqui pra frente, pensei.

I (don't) Need a Hero!Where stories live. Discover now