Capítulo 38

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— E que lugar seria esse? – Perguntou Tony.

Desviei o olhar e murmurei:

— Na casa do Peter.

Ele franziu as sobrancelhas e encarou-me, parecendo levemente incrédulo.

— Você e o Peter...

— Quê? Não! Somos amigos. Só amigos. E ele disse que caso eu precisasse, poderia passar uns dias lá até me acertar.

— Não sei se gosto dessa ideia.

— Eu também não gosto, mas é isso ou ficar na minha casa.

Ele suspirou, percebendo que não havia o que fazer.

— Mas espera aí. Por que não gosta da ideia de eu ficar na casa do Peter? – Indaguei.

Tony pareceu ter sido pego de surpresa com a pergunta, porém não hesitou em responder:

— Porque tudo o que eu não preciso agora é de um casalzinho adolescente apaixonado convivendo comigo diariamente.

— Nós não somos um casal. Já falei, somos só amigos.

— Sim, é claro. Eu vejo mesmo no jeito como ele olha pra você. – Disse Tony, num ar sarcástico.

Olhei para ele sem responder. Ele estava enxergando demais. Peter sempre me viu apenas como uma amiga, e eu acreditava fielmente nisso... Ou fingia acreditar.

— Bom, creio que não tenha outra opção. Só não levo você pra minha casa hoje porque não tem um quarto onde possa ficar. Vou resolver isso essa semana. – Disse ele, por fim.

Morar com Tony Stark? Meu chefe soberbo e podre de rico? A pedido de minha mãe? Eu precisava de tempo para associar tudo aquilo.

— Vou ligar para o Peter. – Falei. Tony assentiu, a contragosto.

Procurei o número em meus contatos e liguei. Ele não demorou a atender.

— Peter? Oi, sou eu. Ainda não acredito que tô perguntando isso, mas posso passar alguns dias na sua casa? Só até eu... Me resolver. Certeza? Tudo bem então. Não, não precisa me buscar, não. Eu vou pegar minhas coisas em casa e vou aí. Sim, eu tenho certeza. Obrigada.

Desliguei, com o orgulho ferido. Era difícil para mim admitir que eu precisava de Peter naquele momento.

Tony levantou e chamou-me para irmos. Entrei em seu carro e fomos até minha casa pegar as coisas que eu precisaria levar para a casa de Peter. Fiz uma mala grande com roupas, sapatos, itens de higiene, etc.

— Isso é tudo? – Perguntou Tony.

— Acredito que sim.

— Tudo bem. Vou deixar o Happy encarregado de levar o restante até minha casa.

— Eu tenho muita coisa que pode quebrar. Cuidado.

— Ele não é um ogro. Só é mau humorado como um. – Ele deu de ombros.

— Ainda é estranho pra mim pensar nisso, sabia? Sobre ir ficar na sua casa, ou sobre você ser meu... Responsável. – Falei, como se a palavra me causasse arrepios.

— Não mais do que pra mim. Pode ter certeza.

Peguei minhas coisas e fomos até a casa de Peter. Toquei a campainha e a porta logo se abriu. Uma mulher apareceu e sorriu docemente.

— Oi. Você deve ser a Helena.

— Ahn... Sim, sou eu.

— Eu sou May, tia do Peter. Olá, Sr. Stark.

— Olá, May. Como tem passado? – Perguntou ele, com um olhar sedutor.

— Bem, obrigada.

May parecia não perceber o modo como Tony a encarava. Isso era inocentemente fofo.

— Entrem. Deixa eu ajudar você, querida. – Disse ela, pegando minha mala.

Entramos e ela levou minha mala até um quarto, dizendo:

— Este vai ser o quarto onde você vai ficar, tá bem?

— Obrigada.

— Sentem. Vou trazer um café pra vocês.

Sentamos no sofá, em silêncio. May começou a nos servir café, suco e alguns biscoitos. Peguei um copo de suco, quando Peter apareceu, passando uma toalha pelos cabelos molhados. Provavelmente havia acabado de sair do banho.

— Helena! Não achei que ia chegar tão rápido. – Ele olhou para Tony – Oi, Sr. Stark.

— Oi, garoto. – Respondeu Tony, aparentando tranquilidade.

— Vim muito cedo? – Perguntei, tensa.

— N-não! Claro que não. Eu só achei que demoraria um pouco mais. Mas tô feliz por você estar aqui.

Sorri, sem graça. Tony deu uma pequena risada sarcástica.

May sentou-se conosco e disse, pousando a mão delicadamente sobre meu ombro:

— Peter me disse sobre sua mãe. Sinto muito.

— Foi algo que me pegou de surpresa. Ainda é difícil de acreditar. – Respondi.

Ela concordou com a cabeça, comovida.

— Espero não estar incomodando, May. Peter disse que eu poderia passar alguns dias aqui. Seria só até eu me organizar. – Falei, levemente constrangida.

— Não tem problema nenhum, querida. É um prazer ter você aqui. Peter fala bastante de você.

Peter pigarreou, vermelho. Baixei a cabeça, igualmente envergonhada.

— Meninos, podem nos dar licença? Preciso conversar com May. – Disse Tony, sério.

Olhei para ele, tentando decifrar do que se tratava. Peter me chamou e disse para irmos para o seu quarto. Tremi levemente.

O garoto abriu a porta do quarto e deixou que eu entrasse. Comecei a observar sutilmente o local. Era simples, mas aconchegante. Peter sentou-se em sua cama e fez um sinal para que eu me sentasse também, e eu o fiz.

— Como você tá? – Ele perguntou.

— Atordoada. – Respondi, com o olhar perdido.

— Muita coisa pra processar, né?

— Você não tem ideia...

Foi então que percebi o quanto estava cansada. Eu não dormia há quase dois dias, e toda aquela confusão estava acabando comigo. Fechei meus olhos e suspirei.

I (don't) Need a Hero!Where stories live. Discover now