Capítulo 26

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— O que aconteceu? – Perguntei, sentando na beirada da mesa.

— Não é nada, querida. Não se preocupa.

­­— Pepper...

Ela suspirou.

— São... São todos esses ataques, os móveis quebrando, as paredes, tudo sendo destruído. Tony atrai destruição. É demais pra mim.

— E você ainda é assistente pessoal dele, né? Não deve ser fácil.

— Não é. Mas não esquenta a cabeça com isso. Não vou ficar jogando meus problemas em você.

— Ah, qual é! Não tem problema.

Pepper sorriu e se levantou, indo até a porta.

— Bom, querida, preciso ir agora.

— Tudo bem. Até mais, Pepper. Fica bem, viu!

Ela sorriu e saiu.

Tentei voltar ao trabalho, abatida. Após algum tempo, chegou a hora de ir para casa.

Quando cheguei em casa, senti o aroma inconfundível de minha infância.

— Helena? É você?

— Oi mãe, sou eu. – Falei, indo até a cozinha.

Minha mãe tirou do forno uma bandeja cheia de biscoitos, como sempre fazia quando eu era criança.

— Senti que você anda tristinha esses últimos dias, então fiz biscoitos pra ver se te anima um pouco.

Sorri docemente e a abracei.

— Obrigada.

Fui pegar um, quando minha mãe deu um tapinha em minha mão.

— Ei! – Exclamei.

— Primeiro, vai tomar banho enquanto eles esfriam. Pode comer depois do jantar.

Fiz biquinho, tentando convencê-la.

— Vai. – Disse ela, com uma sobrancelha erguida.

— Aaaaff. Não é justo. – Choraminguei, brincando.

Fui tomar um banho quente para tentar melhorar um pouco. As palavras de Peter ecoavam em minha mente de maneira dolorosa e repetitiva. Mas por que eu me importava tanto?

Vesti meu pijama, que consistia em uma calça moletom e uma camiseta velha, coloquei um suéter (sim, eu gosto. Me julguem) e fui jantar.

— E então, como foi seu dia? – Perguntou minha mãe.

— Ah, tudo normal. – Menti – E o seu?

— Tudo bem. Fiz minhas unhas. – Contou ela, mostrando as unhas pintadas de vermelho.

— Ficou bonito. A cor combina com você.

— Obrigada. – Ela sorriu.

Passei alguns instantes em silêncio, até que perguntei, como quem não quer nada:

— E o David?

— O que tem ele? – Ela sabia onde eu queria chegar.

— Ah, não sei... Ele reaparece do nada, aí vocês começam a conversar em particular, você fica toda estranha...

— Problemas de gente grande. – Disse ela, como se eu fosse uma criança de 8 anos. Ergui uma sobrancelha, e ela fingiu não ver.

— Eu não sou mais criança.

— Chega, Helena.

— Mas... – Ela apenas olhou para mim, séria. O assunto estava encerrado.

Após o jantar, assistimos televisão e comemos biscoitos assim como quando eu era criança. Depois, ela foi dormir.

Entrei em meu quarto, fechei a porta, sentei em minha cama e suspirei. Nem mesmo os biscoitos de minha mãe foram capazes de apagar da minha mente o que ouvi de Peter naquela tarde ou minha desconfiança sobre David.

Peguei meu livro e fiquei lendo até sentir sono. Talvez focar no assassinato ainda sem solução que corria pelas páginas me distraísse um pouco. Após algumas dezenas de páginas, acabei adormecendo.

Na manhã seguinte, uma quarta feira nublada e cinza, tive ainda menos vontade de sair da cama do que o habitual, mas eu não tinha muita escolha.

Vesti uma camiseta cinza, calça jeans, coturno e uma jaqueta.

Quando fui para a cozinha, encontrei minha mãe sentada, com uma xícara nas mãos e um olhar preocupado.

— Mãe? O que tá fazendo acordada a essa hora?

— Perdi o sono. Estou tomando um chá quente pra ver se consigo dormir mais.

— Você tá se sentindo bem? – Perguntei, já preocupada.

— Sim. Só perdi o sono mesmo.

— Qualquer coisa, me liga.

— Ok. Boa aula querida. – Disse ela, dando-me um beijinho.

— Obrigada.

Vi um estranho envelope sobre o armário da cozinha. Fiquei curiosa, mas precisava ir. O que teria ali dentro?

Saí de casa com o coração apertado. Sim, talvez ela só tivesse perdido o sono, mas eu ficava preocupada.

Cheguei na escola e vi Luke parado perto de meu armário com alguns amigos. Senti a ira subindo pelo meu corpo e respirei fundo.

Fui até meu armário e peguei meus livros, fingindo não notar sua presença. Ele olhou para mim, sério, e todos os garotos olharam também.

Continuei olhando fixamente para frente, sem dar atenção. Enquanto passava por eles, ouvia a voz de Peter me dizendo "Não enfrenta ele sozinha. Me liga!". Ao chegar na sala, suspirei. Eles não disseram ou tentaram nada.

Durante a aula, tentei me manter o mais focada possível. Não queria pensar em nada que não fosse a matéria.

Já na empresa, fui para minha sala sem olhar para os lados, tentando ao máximo evitar qualquer contato com Parker ou com qualquer um que pensasse em me aborrecer. Estava com um péssimo humor.

Comecei a buscar por pistas sobre o tão misterioso caso de Nova York, quando uma batida na porta me tirou do foco. Respirei fundo.

— Entra. – Disse, quando minha vontade era, na verdade, mandar seja lá quem fosse à merda.

— Lena?

Era Peter. Ele entrou com um sorriso doce. Quem havia dado intimidade a ele para me chamar de Lena?

— Fala, Parker. – Falei, seca.

— Nossa. Acordou de mau humor?

— Fala logo o que você quer.

I (don't) Need a Hero!Onde as histórias ganham vida. Descobre agora