Capítulo 67

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O filme estava no fim e eu queria aproveitar cada minuto ao lado de Peter. A possibilidade de perde-lo despertou em mim um medo enorme, e a partir de então cada instante contava.

Eu permanecia encostada no peito de Peter, quando ele me perguntou num sussurro:

— O que você vai dizer pro seu pai se ele perguntar sobre o filme?

— Que foi bom, ué.

— Tá, mas se ele perguntar como era a história? A gente não assistiu praticamente nada. Eu nem sei o que tá acontecendo.

— Leio uma sinopse rápida e invento o resto. Não se preocupa, eu sei me virar.

— Então você é toda espertinha?

— Sempre fui.

— Gosto disso. – Sussurrou ele num sorriso de lado, aproximando sua boca da minha.

Sorri e mordi seu lábio, provocando-o. Quando eu iria me imaginar fazendo algo assim? Nunca fui de provocar ninguém, mas com Peter tudo era tão diferente. O sentimento era mais intenso que com qualquer outro garoto por quem eu já tinha me apaixonado.

O filme acabou. Eram pouco mais de 22h e ainda havia meia hora para aproveitar antes que Tony viesse nos buscar. Estávamos andando pelo shopping quando passamos em frente a uma daquelas máquinas de pegar brinquedos, onde você gasta todo o dinheiro que tem e não consegue pegar porcaria nenhuma. Uma criança estava concentrada em conseguir pegar um gatinho de pelúcia mas, previsivelmente, não conseguiu.

— Já gastei tanto dinheiro com isso. – Disse Peter, observando – Consegui uma vez só.

— Você conseguiu? Já é privilegiado. Eu nunca consegui.

— Tem que ter jeito pra isso. – Disse ele, se gabando.

— Tá insinuando alguma coisa?

— Não sei... Estou?

— Dá uma moeda. – Falei, indo decidida até a máquina.

Peter riu e me entregou uma moeda. Embora soubesse que aquilo nada tinha a ver com concentração ou habilidade, coloquei ali todo o meu foco e... Nada.

— Viu! Hahaha!

— Cala a boca! Eu vou conseguir! – Falei, pegando mais moedas em minha carteira.

Após tentar 6 vezes e não obter sucesso, desisti. Máquina idiota.

— Vou tentar uma vez. – Disse Peter, inserindo uma moeda.

Eu observava com cara de deboche, só esperando para zombar dele, quando o improvável aconteceu. Peter conseguiu.

— Ah não. – Falei, sem acreditar.

Peter pegou o ursinho e olhou para mim segurando a risada. Ele com certeza não perderia a chance de me zoar por isso.

— Fazer o quê... Ninguém ganha do Homem Aranha.

— Frase de efeito péssima. Convencido. – Falei, cruzando os braços.

— Ah, qual é, Lena. Tô brincando. – Disse ele, abraçando-me por trás.

Revirei os olhos, fazendo-me de difícil.

— Se você não falar comigo o ursinho vai ficar triste. Olha a carinha dele.

Não consegui segurar a risada, e Peter sorriu ao ver que havia conseguido me fazer rir.

— Olha! Você sabe rir.

— Calado, Parker.

— Presente pra você. Pra lembrar de mim sempre que olhar pra ele. – Disse ele, estendendo o ursinho pra mim.

Sorri. Era impossível não sentir o coração amolecer com a doçura de Peter.

— Obrigada. – Falei, corando levemente.

— Vem cá, vem. – Disse ele, abraçando-me.

Meu celular tocou. Era Tony dizendo que já estava nos esperando lá fora. Eram exatamente 22h30. Que pontual.

Saímos do shopping e logo avistamos o “sutil” carro de Tony, e fomos até ele.

— E então, crianças? Como foi o passeio?

— Tudo bem. – Respondi.

— As regras foram seguidas?

— Sim, senhor. – Suspirei, revirando os olhos.

Fez-se então um silêncio constrangedor ali. Peter parecia extremamente desconfortável.

— Mas afinal – Começou Tony – Vocês estão namorando? Não estão? Porque até agora ninguém veio me pedir nada.

Peter e eu olhamos surpresos para ele. Nenhum de nós dois esperava essa pergunta, até porque nem nós mesmos sabíamos. Não era exatamente um namoro... Era um... Pré namoro?

— Eu... Nós... – Peter gaguejava, e eu logo intervim:

— Olha, que tal falarmos sobre isso numa outra hora? Estamos bem cansados.

— Cansados de quê? O que ficaram fazendo? – Perguntou Tony, olhando pelo espelho retrovisor.

— Tentando pegar bichinhos de pelúcia na máquina do shopping.

— Isso é jogar dinheiro fora. Ninguém consegue pegar essas coisas.

— Peter conseguiu.

— Tô impressionado. – Disse Tony, irônico.

Ao chegar em frente à casa de Peter, Tony parou o carro. Encostei meus lábios nos de Peter, que arregalou os olhos e empalideceu. Ele olhou para o espelho, onde o olhar de Tony nos fuzilava.

— B-boa noite, Sr. Stark. Tchau, Lena. – Gaguejou ele, saindo rapidamente do carro.

Ri e fechei a porta, achando graça no nervosismo de Peter. Tony não parecia achar tanta graça.

I (don't) Need a Hero!Onde as histórias ganham vida. Descobre agora