Capítulo 52

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Após um bom tempo esperando, o próximo ônibus passou. Cheguei na empresa com quase uma hora de atraso e algumas mensagens nada amigáveis de Tony.

Assim que coloquei os pés dentro da empresa, Happy passou por mim e disse:

— Sr. Stark quer você na sala dele. E ele não tá feliz.

Suspirei. Era óbvio que ele não estava feliz. Peguei o elevador e fui até a sala do chefe, já prevendo o sermão. Bati na porta e esperei alguns instantes até ouvir o “Entre.” seco de Tony. Obedeci.

— Senta aí. – Disse ele, apontando para a cadeira à sua frente com cara de poucos amigos.

— Sr. Stark, eu...

— Não quero saber! Senta nessa cadeira e me escuta!

Calei-me, sem forças para rebater. Ele estava vermelho, a veia em sua testa saltada.

— Qual foi a primeira coisa que eu falei pra você quando entrou aqui? Se for se atrasar ou acontecer alguma coisa, VOCÊ LIGA!

— Sr. Stark, se o senhor me deix...

— Você tem ideia do quanto eu fiquei preocupado, Helena? Você é minha responsabilidade agora! Eu ouvi da boca da sua mãe que ela confiou você a mim! Você não pode ficar sumindo desse jeito sem dar sinal de vida!

— Deixa eu explicar! – Eu já estava ficando nervosa.

Ele olhou furioso para e mim e, sentando-se em sua cadeira, disse:

— Explica, então.

— Eu perdi meu ônibus, e não tinha dinheiro pro Uber. Tentei ligar pra avisar, mas estava sem crédito e infelizmente não tinha como eu vir voando. – Ironizei.

— Se eu fosse você, tomava cuidado com o que diz. Já estou cansando desse seu sarcasmo!

— Quer que eu faça o quê? O senhor nem mesmo me deixa falar.

— Já chega! Vai pra sua sala.

Encarei-o furiosa e bufei. Saí pisando duro até minha sala.

Fechei a porta e sentei em minha cadeira, tentando me acalmar. Eu estava com muita raiva. Quem ele pensava que era? Ridículo! Só porque supostamente era responsável por mim achava que tinha direito de me tratar daquele jeito?

— Aquele idiota! – Sibilei, vermelha de raiva.

Ainda estava remoendo a situação, quando ouvi uma batida na porta. Ah não!, pensei. Sério que Peter ia querer resolver aquela maldita situação agora?

— Helena? – Surpreendi-me ao perceber que não era a voz de Peter, mas sim de Pepper.

— Ah, oi Pepper. Pode entrar.

Ela entrou e fechou a porta cuidadosamente. Veio até mim e, com a mão em meu ombro, perguntou:

— Você está bem?

— Não, Pepper. Estou tudo, menos bem.

— Ah, querida... Você tem passado por tantas coisas, não é mesmo?

Suspirei, cansada.

— Olha, eu sei que Tony não é alguém fácil de lidar, mas quando você aprende a amá-lo você...

— Amá-lo? – Interrompi.

Pepper olhou para mim como quer percebe que falou demais.

— Pepper... Quer me contar alguma coisa? – Perguntei.

— Ahn... Não, eu... O que eu quis dizer...

— Pepper... – Insisti – Você e o Sr. Stark estão tendo um caso?

Ela corou. Eu pelo jeito, havia acertado. Como quem buscava as palavras certas, ela franziu os lábios por um instante. Dando-se por vencida, disse:

— Não é bem um caso... Nós... Nós meio que estamos juntos. M-mas não é nada oficial.

— Boa sorte com isso. – Falei, ainda com raiva de Tony.

— Mas e você e o Peter? Soube que tem passado esses dias na casa dele.

— Nem me pergunte do Peter, Pepper. Tô tão confusa.

— O que aconteceu?

— Muita coisa... Mas eu não tenho certeza de que fiz a escolha certa.

— Você ama mesmo esse garoto, não ama?

Olhei para ela, não sabendo como responder. Sem dizer nada, apenas fiz que sim com a cabeça. Pepper abriu um doce sorriso maternal.

— Siga seu coração, Helena. Se você tem sentimentos por ele e ele por você, o que eu não tenho dúvidas, o resto é detalhe. O amor não é fácil, minha querida. Nunca foi.

O jeito de Pepper naquele momento me lembrou minha mãe. Senti o coração aquecer e dei um sorrisinho triste.

— Vai dar tudo certo. – Ela me encorajou.

— Espero que sim.

— Sobre Tony e eu... Pode manter isso em segredo?

— Claro. Não sei de nada. – Sorri. Ela sorriu de volta.

— Mas enfim. Vim aqui dizer pra você que tenha calma. Tony está passando por um momento delicado, e sei que você também está. Se quiser conversar ou precisar de mim, pode me procurar.

Agradeci-a e a abracei. Ela deixou a sala, encostando a porta.

Passei o resto do dia trabalhando e tentando manter o foco. Às 18h o expediente acabou e peguei minhas coisas, embora não estivesse com a mínima vontade de voltar para a casa de Peter. Pensei em perguntar para Tony se iria demorar para eu ir morar com ele, mas lembrei que estava com raiva dele também.

— Mas que merda. Daqui a pouco a única pessoa com quem eu vou poder conversar vai ser eu mesma. – Praguejei.

Saí porta afora sem sequer pensar em esperar Peter para irmos juntos. Comecei a caminhar enquanto tentava me lembrar qual esquina virar para ir até a casa do garoto sem me perder.

Subitamente, senti alguém agarrar-me brutalmente pela cintura e tapar meu rosto com um pano. Logo senti o cheiro forte, algo doce com um fundo de álcool, e me desesperei. Comecei a gritar, mas fui me sentindo tonta e fraca, e tudo foi ficando escuro. Apaguei.

I (don't) Need a Hero!Opowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz