Capítulo 10

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Terça feira. O despertador tocou, fazendo o mesmo barulho irritante de sempre. Era hora de acordar.

Fiz a mesma rotina corrida de todos os dias, apressando-me para conseguir pegar o ônibus. Já na escola, a aula de educação física foi voltada ao alongamento, e depois foi passado um jogo de vôlei. Joguei sem vontade, mas ainda assim era melhor do que ficar trancada em uma sala de aula ouvindo sobre os grandes filósofos (sim, eu tenho problemas com filosofia) ou a história da América.

Ao fim da aula de educação física, eu estava indo para o vestiário quando Sofia chegou ao meu lado, dizendo:

— Ei! Fiquei sabendo que tá trabalhando. Não contou nada.

— Ah, esqueci de falar. Desculpa.

— Onde?

—... Na área de administração de uma empresa.

Eu não podia revelar onde trabalhava, pois havia prometido sigilo total.

— Tá gostando?

— Sim. É bem legal.

— Qual empresa é?

Gelei.

— Ahn... É na... – Olhei para os lados em busca de algo para distrair Sofia, e respirei aliviada ao ver que duas garotas que não suportávamos estavam brigando, e elas eram melhores amigas. – Olha! A Ashley e a Chloe estão brigando de novo?

— Onde? – Perguntou ela, curiosa. Sofia sempre gostou de assistir uma confusão.

Aproveitei a deixa e saí de fininho, indo para o vestiário.

Depois, durante a aula de geografia, comecei a fazer desenhos aleatórios em meu caderno, e confesso que viajei um pouco. Desenhei o logotipo da Torre, que agora era apenas um "A", o martelo do Thor e o punho do Hulk. Ia começar a desenhar a máscara de Tony enquanto Homem de Ferro, mas comecei a mudar os traços. Quando prestei atenção, percebi que havia feito a máscara do Homem Aranha. Apaguei. Eu estava pensando demais no garoto, e não gostava disso.

As aulas se passaram lentamente, e quando eu já começava a acreditar que seriam eternas, o sinal tocou, aliviando-me. Havia acabado.

Já na empresa, comecei a trabalhar (e a adiantar uma pesquisa da escola, mas Tony não precisava saber desse detalhe).

Fui levar uma papelada para o gerente do setor assinar. Andava a passos rápidos, tão concentrada nos papéis que sequer olhei para onde andava, e acabei trombando em alguém, derrubando todos os papéis, que se espalharam pelo chão.

— Ai meu Deus! Me desculpa! Eu não vi você. – Desculpei-me, olhando para as folhas.

Abaixei e fui pegar minhas folhas. Ao esticar a mão, a pessoa com quem trombei teve a mesma ideia, e acabou colocando sua mão sobre a minha sem querer. Levantei rapidamente o olhar e confesso que fiquei levemente desconcertada. Era Peter. Ele olhava para mim com a mesma surpresa, e a situação ficou constrangedora.

Tirei minha mão da sua rapidamente, focando em recolher as folhas do chão. Ele pegou algumas e me entregou, sem jeito.

— Obrigada. – Murmurei.

Ele acenou com a cabeça, os lábios franzidos, e continuou andando.

— Peter. – Chamei, as palavras mais rápidas que o pensamento.

Ele olhou para mim, sério.

— Me desculpa... Por sexta. Eu tive um problema e esqueci totalmente de te avisar.

— Tudo bem. – Deu um sorrisinho desanimado. Sorri de leve também, sem saber o que falar.

— Posso pegar seu número? Pra ter como falar com você, caso você me deixe plantado esperando de novo. – Ele perguntou, com um leve sarcasmo.

— Não vou te deixar plantado. Não marcamos mais nada.

— Podemos resolver isso agora.

Olhei para ele, com um sorriso tranquilo.

— Até mais, Parker.

Olhei em seus olhos e continuei andando. Senti seu olhar em minhas costas enquanto me afastava. O que havia acabado de acontecer ali?

Entreguei a papelada e pedi para que o gerente assinasse todos os documentos pedidos e preencher os formulários, e que me deixasse a par de qualquer novidade.

Ao sair da sala, vi Peter conversando com uma moça do departamento. Ele me viu e fez um sinal, indicando que iria falar comigo depois. Limitei-me a erguer as sobrancelhas e voltar para minha sala.

Foi o tempo de ler dois parágrafos de um arquivo, e bateram na porta. Eu já sabia quem era.

— Entra, Parker.

— Como sabia que era eu?

— Você é a única pessoa que vem na minha sala todo dia. Já acostumei.

— Sério? – Ele pareceu constrangido.

Fiz que sim com a cabeça, calmamente.

— Mas enfim. O que queria falar comigo?

Ele olhou seriamente para mim. Algo me dizia que não se tratava de mais um convite para sair ou alguma tentativa de conseguir meu número.

I (don't) Need a Hero!Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt